1 Sistema cultivo de tomates em hidropônica
1. Introdução
2. Tipos de
Sistemas
3. Principais
Vantagens e Desvantagens do Sistema Hidropônico
3.1 Vantagens
3.2 Desvantagens
4. A Técnica do
Filme Nutriente (NFT)
4.1 Sistema Hidráulico
4.1.1 Reservatório
4.1.2 Escolha do Conjunto Moto-bomba
4.1.3 Regulador de Tempo ou Timer
4.2 Estufas
4.3 Bancadas
4.3.1 Canais de cultivo
4.4 Plantas que podem ser cultivadas pelo Sistema NFT
5. Aeroponia
5.1 Aeroponia Horizontal
5.2 Aeroponia Vertical
6. Sistema DFT (Deep Film Technique) ou Floating
ou Piscina
7.
Nutrição Mineral das Plantas
7.1 Elementos Essenciais
7.3 Solução Nutritiva
7.3.1 Sugestões de Soluções Nutritivas
7.3.2 Preparo da Solução Nutritiva
7.3.3 Manejo da Solução Nutritiva
8. Produção de Mudas para Hidroponia
9. Doenças e Pragas na Hidroponia
10. Referências Bibliográficas
1. Introdução
A Hidroponia é uma técnica bastante difundida em
todo o mundo e seu uso está crescendo em muitos países. Sua importância não é
somente pelo fato de ser uma técnica para investigação hortícola e produção de
vegetais; também está sendo empregada como uma ferramenta para resolver um
amplo leque de problemas, que incluem tratamentos que reduzem a contaminação do
solo e da água subterrânea, e manipulação dos níveis de nutrientes no produto.
A hidroponia ou hidropônica, termos derivados de
dois radicais gregos (hydor, que significa água e ponos, que
significa trabalho), está-se desenvolvendo rapidamente como meio de produção
vegetal, sobretudo de hortaliças sob cultivo protegido. A hidroponia é uma
técnica alternativa de cultivo protegido, na qual o solo é substituído por uma
solução aquosa contendo apenas os elementos minerais indispensáveis aos
vegetais. (Graves, 1983;
Jensen e Collins, 1985; Resh, 1996, apud Furlani et. al., 1999).
Apesar do cultivo hidropônico ser bastante antigo,
foi somente em meados de1930 que se desenvolveu um sistema hidropônico para uso
comercial, idealizado por W. F. Gericke da Universidade da Califórnia.
Segundo Donnan (2003), a primeira produção efetiva
de grande escala não ocorreu até a Segunda Guerra Mundial. O exército dos EEUU
estabeleceu unidades hidropônicas por inundação e drenagem, em várias ilhas
áridas dos Oceanos Pacífico e Atlântico, usadas como pontos de aterrissagem.
Isto foi seguido por uma unidade de 22 hectares (55 acres) em Chofu, Japão,
para alimentar com hortaliças frescas as forças de ocupação. No entanto, o uso
desta técnica sobre circunstâncias normais provou não ser comercialmente
viável. Uma vez que Chofu fechou, apenas restaram um punhado de pequenas
unidades comerciais disseminadas ao redor do mundo, totalizando menos de 10
hectares.
Em 1955 foi fundada a Sociedade Internacional de
Cultivo Sem Solo (ISOSC) por um pequeno grupo de dedicados cientistas. Naqueles
primeiros anos, freqüentemente estiveram sujeitos ao ridículo por perseguirem
uma causa que comercialmente foi considerada inútil e irrelevante.
O primeiro uso comercial significativo não ocorreu
até a metade da década de 1960, no Canadá. Existia uma sólida indústria de
estufas de vidro em Columbia Britânica, principal produtor de tomates, que
chegou a ser devastado por enfermidades do solo. Eventualmente, a única opção
para sobreviver foi evitando o solo, pelo uso da hidroponia. A técnica que usaram
foi rega por gotejamento em bolsas de serragem. Os recentes avanços técnicos
também ajudaram especialmente ao desenvolvimento de plásticos e fertilizantes.
No decorrer desta década, houve um aumento de investimento na investigação e
desenvolvimento de sistemas hidropônicos. Também houve um pequeno aumento
gradual na área comercial que estava sendo utilizada.
O seguinte maior avanço veio como resultado do
impacto da crise do petróleo, sobre o custo de calefação da indústria de
estufas em rápida expansão na Europa. Devido ao enorme incremento nos custos da
calefação, os rendimentos chegaram a ser ainda mais importantes, assim os
produtores e investigadores começaram a ver a hidroponia como um meio para
melhorar a produção. Na década de 1970, o cultivo em areia e outros sistemas
floresceram e logo desapareceram nos Estados Unidos. O sistema NFT
(Nutrient Film Technique) foi desenvolvido, assim como o meio de crescimento
denominado lã de rocha. Por volta de 1979, o grande volume de produção em estufas
continuou aumentando. A nível mundial a área hidropônica esteve ao redor de
apenas 300 hectares (75 acres).
A detecção de níveis significativos de substâncias
tóxicas nas águas subterrâneas em regiões da Holanda em 1980, resultou no uso
de esterilização do solo em estufas sendo progressivamente proibido. Isto levou
a um rápido abandono do solo, através da hidroponia, a técnica mais popular foi
lã de rocha alimentada por regas por gotejamento.
Seguindo os evidentes êxitos na Holanda, houve uma
rápida expansão na produção hidropônica comercial em muitos países ao redor do
mundo. Utilizando sistemas que diferem amplamente de país a país, a área
mundial hidropônica aumentou cerca de 6.000 hectares (15.000 acres) no ano de
1989. A hidroponia agora foi alterada de uma “curiosidade irrelevante” a uma
significativa técnica hortícola, especialmente em segmentos de flor cortada e
hortaliças para saladas.
Através dos anos 1990, a expansão continuou ainda
que a taxa de incremento tenha diminuído notavelmente no norte da Europa.
Alguns países tais como Espanha, se desenvolveram muito nos últimos anos, e não
sabemos se a área hidropônica de algum país tenha diminuído nesta década.
No lado técnico, estão sendo usados uma ampla gama
de substratos incluindo alguns novos. Se desenvolveram um número de versões
modificadas de técnicas já existentes, mas nenhuma teve maior impacto. Sem
dúvida, os equipamentos de rega e equipamentos de controle e as técnicas têm
melhorado muito, como ter métodos de desinfecção de soluções nutritivas recirculantes.
No entanto, não apareceu uma nova técnica hidropônica significativa nos últimos
20 anos.
O cultivo sem solo proporciona um bom
desenvolvimento das plantas, bom estado fitossanitário, além das altas
produtividades quando comparado ao sistema tradicional de cultivo no solo.
Quando utiliza apenas meio líquido, associado ou não a substratos não orgânicos
naturais, pode-se utilizar o termo cultivo ou sistema hidropônico (Castellane e
Araujo, 1995).
Segundo
Furlani et. al. (1999), no Brasil, tem crescido nos últimos anos o
interesse pelo cultivo hidropônico, predominando o sistema NFT (Nutriente film
technique). Muitos dos cultivos hidropônicos não obtêm sucesso, principalmente
em função do desconhecimento dos aspectos nutricionais desse sistema de produção
que requer formulação e manejo adequados das soluções nutritivas. Outros
aspectos que interferem igualmente nos resultados relacionam-se com o tipo de
sistema de cultivo. Para a instalação de um sistema de cultivo hidropônico, é
necessário que se conheça detalhadamente as estruturas básicas que o compõem
(Castellane e Araujo, 1994; Cooper, 1996; Faquin et. al., 1996; Martinez e
Silva Filho, 1997; Furlani, 1998). Os tipos de sistema hidropônico determinam
estruturas com características próprias, entre os mais utilizados estão:
a) Sistema
NFT (Nutrient film technique) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes:
composto basicamente de um tanque de solução nutritiva, de um sistema de
bombeamento, dos canais de cultivo e de um sistema de retorno ao tanque. A
solução nutritiva é bombeada aos canais e escoa por gravidade formando uma fina
lâmina de solução que irriga as raízes.
b) Sistema
DFT (Desp film technique) ou cultivo na água ou “floating”: a solução nutritiva
forma uma lâmina profunda (5 a 20 cm) na qual as raízes ficam submersas. Não
existem canais, e sim uma mesa plana em que a solução circula por meio de um
sistema de entrada e drenagem característico.
c) Sistema
com substratos: para a sustentação de hortaliças frutíferas, de flores e outras
culturas, cujo sistema radicular e cuja parte aérea são mais desenvolvidos,
utilizam-se canaletas ou vasos cheios de material inerte, como areia, pedras
diversas (seixos, brita), vermiculita, perlita, lã-de-rocha, espuma fenólica ou
espuma de poliuretano; a solução nutritiva é percolada através desse material e
drenada pela parte inferior dos vasos ou canaletas, retornando ao tanque de
solução.
Na hidroponia, cujos sistemas são mais caros e
exigentes no manejo, as expectativas de produção em quantidade, qualidade e
segurança são maiores do que nas culturas que são produzidas de forma
tradicional. Uma vez que na hidroponia, a planta encontra, em ótimas condições,
os elementos que necessita (água, nutrientes, oxigênio, etc.), pode haver
grandes oscilações de produção, dependendo do controle correto ou incorreto dos
fatores de produção fornecidos à planta.
Como o objetivo do presente trabalho é promover a
técnica, é importante esclarecer que a hidroponia não é estática, não exibe
resultados matemáticos, pois se está trabalhando com vida. O fator biológico é
por si só, variável, dinâmico e está sempre em evolução. Portanto, muito mais
se aprenderá com a prática do que com a simples leitura deste trabalho.
2. Tipos de
Sistemas
A maioria das plantas têm o solo como o meio natural
para o desenvolvimento do sistema radicular, encontrando nele o seu suporte,
fonte de água, ar e minerais necessários para a sua alimentação e crescimento.
As técnicas de cultivo sem solo substituem este meio natural por outro substrato,
natural ou artificial, sólido ou líquido, que possa proporcionar à planta
aquilo que, de uma forma natural, ela encontra no solo (Canovas Martinez apud
Castellane e Araújo, 1995).
Existem diversos tipos de sistemas de cultivo sem
solo variando de acordo com a estrutura, substrato e fornecimento de oxigênio:
a) Sistemas com meios Inorgânicos
* Lã de Rocha (57%).
É um meio manufaturado por fusão de lã de rocha, o qual é transformado em
fibras e usualmente prensado em blocos e pranchas. Sua principal característica
é que contém muitos espaços vazios, usualmente 97%, isto permite absorver
níveis muito altos de água, enquanto que também um bom conteúdo de ar. A lã de
rocha também é usada freqüentemente como pequenos blocos iniciadores para ser
transplantados em outros substratos ou em sistemas baseados em água. É o
principal meio usado donde existe uma fábrica perto. É um material caro quando
se compara localmente com meios disponíveis mais baratos.
* Areia. Chegou a
ser popular como meio hidropônico no início dos anos 70, especialmente nos
EEUU, onde foi desenvolvido camas compridas e profundas de cultivo de areia. Se
estabeleceram grandes unidades no Sul dos EEUU mas depois fecharam. Também se
estabeleceram unidades em vários países desérticos do Médio Oriente. Esta foi a
técnica original usada quando se estabeleceu o Land Pavilion en Epcot Center de
Walt Disney na Flórida. Um grande problema experimentado com a técnica foi
manter sobre controle enfermidades de raízes, motivo pelo qual agora é
raramente usado.
Por anos se usaram
bolsas de areia de certo grau em muitos países; no entanto, têm existido uma
grande onda recentemente em seu uso, devido que está sendo a base de uma rápida
expansão na produção de tomate hidropônico na Espanha.
Areia é um termo geral e
deveria ser especificado mais estreitamente quando se destina para uso
hidropônico. A areia de quartzo é usada, não a de tipo calcário (pedra caliça e
areias de praia), as quais dariam severos problemas de pH. O tamanho da
partícula e simetria também são propriedades importantes.
* Perlita. Feita
por aquecimento de lã de rocha em água, a qual se expande muito para dar
partículas aeradas. Primeiro foi usada na Escócia em torno de 1980, seu uso se
difundiu por vários países especialmente onde é fabricado localmente. Seu uso é
significativo mas relativamente menor; na Coréia seu uso alcança 112 hectares
ou 41% da área hidropônica coreana.
* Escória. É uma
rocha ligeiramente aerada, natural conhecida com vários nomes: “tuff” em Israel
e “picón” en Ilhas Canárias. Ainda que é um meio efetivo, é pesado (800 kg/m3)
e portanto só é usado onde é um recurso local.
* Pumecita. É uma
rocha vulcânica natural, leve e aerada, a qual é um bom meio de crescimento.
Normalmente é usada onde existe em quantidade disponível, como em Nova
Zelândia. Existem grandes depósitos na Islândia e recentemente estão sendo
exportados para a Europa.
* Argila Expandida.
É relativamente cara e tem sido usada principalmente em hidrocultivo e por
estudiosos. Recentemente existe algum uso comercial limitado na Europa para
cultivos de crescimento alto, como as rosas.
* Vermiculita.
Foi anunciada anos atrás mas agora não se usa comercialmente, só em poucas
misturas. (Donnan, 2003).
b) Sistemas com Meios Orgânicos
* Serragem. Foi
um dos primeiros meios usados comercialmente, ainda é usado no Canadá, onde
recentemente, só tem sido ultrapassado em popularidade pela lã de rocha. Também
é o principal meio no Sul da África e Nova Zelândia e é usada em certo grau em
outros países, incluindo Austrália. A serragem usada é grossa, não descomposta,
de origem conhecida e se cultiva só para uma estação.
* Musgo. Foi um
dos primeiros meios tratados e não é considerado por alguns como meio
hidropônico. É usado em certo grau em muitos países que possuem uma quantidade
disponível de qualidade, e é o principal método usado na Finlândia e Irlanda.
Seu uso é enorme dentro da indústria.
* Fibra de Coco.
Recentemente tem sido adicionado favoravelmente como meio hidropônico. Gozou de
alguns primeiros êxito,s mas agora seu uso parece estar estabelecido. Existe
uma quantidade significativa usada na Holanda e um pequeno uso em outros
países. Um aspecto importante é que a qualidade varia consideravelmente entre
provedores, principalmente relacionado a conteúdo de sais.
* Produtos de Espuma.
Se tem usado vários tipos e marcas de espuma, freqüentemente com bom resultado
e alguns por mais de 20 anos, mas seu uso ainda está limitado. Têm sido vistos
pelos produtores como muito caros. Alguns destes meios ainda têm potencial.
* Produtos de Madeira
Processada. Tem-se produzido e vendido este produto mas seu uso não dá
resultado em extensões significativas.
* Gel. Se tem
produzido, provado e promovido um determinado número de polímeros de gel mas a
maioria tem desaparecido do mercado sem haver sido aceitado pelos produtores
(Donnan, 2003).
c) Sistemas Baseados em Água
* NFT (Técnica de Película Nutriente) (5%). Foi desenvolvido na
Inglaterra na década de 1970. Este sistema recircula uma fina película de
solução nutritiva nos canais de cultivo. Foram provados comercialmente um amplo
número de cultivos e, como resultado de uma ampla difusão publicitária, o NFT
foi provado em muitos países. Uma vez que se estabeleceu, a técnica provou ser
útil para a produção de tomates, e para cultivos de curto crescimento como a
alface. Cultivos como o melão tem dado problemas e no mundo só são produzidos
por produtores experientes.
* Cultivo em Água
(3%). O sistema Gericke usou um tanque de concreto cheia de solução
nutritiva. Existem muito poucos destes sistemas hoje em dia, mas alguns
derivados deste sistema são significativos em alguns países.
A principal técnica
comercial é a Técnica de Fluxo Profundo (DFT, Deep Flow Technique), onde
pranchas de poliestireno flutuam sobre uma solução nutritiva aerada por
recirculação. Este é o principal sistema no Japão com 270 hectares, de cultivos
de folha principalmente. Outros países onde seu uso é significativo, se
encontram na Ásia, com seu uso predominante em cultivos de hortaliças de folha.
* Cultivo em Cascalho (1%). Está incluído por
sua conexão histórica e é classificado como um sistema baseado em água porque
sempre se usou como uma técnica de recirculação, como contínuo ou como
inundação e drenagem. Existem poucos dos sistemas de canais originais abandonados
no mundo e o uso do cascalho quase todo é em sistema híbridos. O mais comum é a
Técnica de Fluxo em cascalho (GFT, Gravel Flow Technique), onde os canais de
NFT são cobertos com uma capa de 50 mm (2 polegadas) de cascalho.
* Aeroponïa (0,2%). É uma técnica onde as
raízes estão suspendidas em uma neblina de solução nutritiva. Várias formas
desta técnica tem sido provadas por mais de 20 anos. Atraiu muita publicidade e
existem um número de sistemas para aficcionados que estão sendo vendidos. Sua realidade
comercial é tal que só se tem reportado 19 hectares na Coréia. Seu uso está
limitado a um punhado de pequenas operações espalhados pelo mundo.
Quadro
01 – Porcentagem Estimada da Área Total para
Diferentes Sistemas Hidropônicos.
Sistemas
Hidropônicos
|
Sistemas
|
Porcentagem
|
Lã de rocha
|
57%
|
Outros meios inorgânicos
|
22%
|
Substratos orgânicos
|
12%
|
NFT
|
5%
|
Cultivo em água
|
3%
|
Técnicas em cascalho
|
1%
|
Total
|
100%
|
Fonte: Donnan (2003).
3. Principais
Vantagens e Desvantagens do Sistema Hidropônico
3.1 Vantagens
· Produção de
melhor qualidade: pois as plantas crescem em um ambiente controlado, procurando
atender as exigências da cultura e com isso o tamanho e a aparência de qualquer
produto hidropônico são sempre iguais durante todo o ano.
· Trabalho mais
leve e limpo: já que o cultivo é feito longe do solo e não são necessárias
operações como arações, gradagens, coveamento, capinas, etc.
· Menor quantidade
de mão-de-obra: diversas práticas agrícolas não são necessárias e outras, como
irrigação e adubação, são automatizadas.
· Não é necessária
rotação de cultura: como a hidroponia se cultiva e meio limpo, pode-se
explorar, sempre, a mesma espécie vegetal.
· Alta
produtividade e colheita precoce: como se fornece às plantas boas condições
para seu desenvolvimento não ocorre competição por nutrientes e água, e além
disso, as raízes nestas condições de cultivo não empregam demasiada energia
para crescer antecipando o ponto de colheita e aumentando a produção.
· Menor uso de agrotóxicos:
como não se emprega solo, os insetos e microorganismos de solo, os nematóides e
as plantas daninhas não atacam, reduzindo a quantidade de defensivos utilizada.
· Mínimo
desperdício de água e nutrientes: já que o aproveitamento dos insumos em
questão é mais racional.
· Maior
higienização e controle da produção: além do cultivo ser feito sem o uso de
solo, todo produto hidropônico tende a ser vendido embalado, não entrando em
contato direto com mãos, caixas, veículos, etc.
· Melhor
apresentação e identificação do produto para o consumo: na embalagem utilizada
para acondicionamento dos produtos hidropônicos pode-se identificar a marca,
cidade de origem, nome do produtor ou responsável técnico, características do
produto, etc.
· Melhor
possibilidade de colocação do produto no mercado: por ser um produto de melhor
qualidade, aparência e maior tamanho, torna-se um produto diferenciado, podendo
agregar à ele melhor preço e comercialização mais fácil.
· Maior tempo de
prateleira: os produtos hidropônicos são colhidos com raiz, com isso duram mais
na geladeira.
· Pode ser
realizado em qualquer local: uma vez que seu cultivo independe da terra, pode
ser implantado mais perto do mercado consumidor.
3.2 Desvantagens
· Os custos
iniciais são elevados, devido a necessidade de terraplenagens, construção de
estufas, mesas, bancadas, sistemas hidráulicos e elétricos. Dependência grande
de energia elétrica. O negócio para ser lucrativo exige conhecimentos técnicos
e de fisiologia vegetal. Em um sistema fechado, com uma população alta de
plantas, poucos indivíduos doentes podem contaminar parte da produção. Exige
rotinas regulares e periódicas de trabalho (Carmo Jr., 2003).
· O balanço
inadequado da solução nutritiva e a sua posterior utilização podem causar
sérios problemas às plantas. O meio de cultivo deve prover suporte às raízes e
estruturas aéreas das plantas, reter boa umidade e, ainda, apresentar boa
drenagem, ser totalmente inerte e facilmente disponível. Somente materiais
inertes podem entrar em contato com as plantas (toxidez de Zn e de Cu poderão
ocorrer, caso presentes nos recipientes). É essencial boa drenagem para não
haver morte das raízes (Castellane e Araújo, 1995).
· Emprego de
inseticidas e fungicidas: No início do emprego da hidroponia, para fins
comerciais, se propagava que não ocorriam pragas e doenças no referido sistema
de cultivo. Hoje, sabe-se, que se pode ter esses problemas na instalação
hidropônica, embora em muito menor grau em comparação com o sistema
convencional. Entretanto, a decisão quanto ao uso de inseticidas e fungicidas
sempre é muito difícil. Deve-se, sempre, procurar alternativas menos agressivas
à saúde e ao ambiente, evitando, ao máximo, o uso de produtos químicos. Pois,
caso contrário, o método perde um dos atrativos de comercialização (Teixeira,
1996).
· Os equipamentos
necessários para trabalhar as culturas hidropônicas devem ser mais precisos e
sofisticados que para o solo, portanto, mais caros de aquisição, instalação e
manutenção. A falta de inércia dos sistemas hidropônicos torna-os vulneráveis
perante qualquer falha ou erro de manejo. Também a fiabilidade das instalações
e automatismos atuais é alta, não se devendo esquecer que, para um sistema
deste tipo, alguma avaria teria conseqüência muito mais grave que na
agricultura tradicional
4. A Técnica do
Filme Nutriente (NFT)
Segundo Bernardes (1997), o sistema NFT é uma
técnica de cultivo em água, no qual as plantas crescem tendo o seu sistema
radicular dentro de um canal ou canaleta (paredes impermeáveis) através do qual
circula uma solução nutritiva (água + nutrientes).
O pioneiro dessa técnica foi Allen Cooper, no
Glasshouse Crop Research Institute, em Littlehampton (Inglaterra), em 1965. NFT
é originário das palavras NUTRIENT FILM TECHNIQUE, que foi utilizado
pelo Instituto inglês para determinar que a espessura do fluxo da solução
nutritiva que passa através das raízes das plantas deve ser bastante pequeno
(laminar), de tal maneira que as raízes não ficassem totalmente submergidas,
faltando-lhes o necessário oxigênio.
Tradicionalmente, o Brasil vem utilizando para a
montagem dos canais telhas de cimento amianto ou tubos de PVC, que são
materiais tradicionais na construção civil brasileira, fáceis de se encontrar e
com preços razoáveis.
No sistema NFT não há necessidade de se colocar
materiais dentro dos canais, como pedras, areia, vermiculia, argila expandida,
palha de arroz queimada; dentro dos canais somente raízes e solução nutritiva.
O sistema NFT funciona da seguinte maneira: a
solução nutritiva é armazenada em um reservatório, de onde é recalcada para a
parte superior do leito de cultivo (bancada) passando pelos canais e recolhida,
na parte inferior do leito, retornando ao tanque, conforme Figura 01 (Teixeira,
1996).
Figura 01 –
Esquema Básico para Instalação de Hidroponia no Sistema NFT
4.1 Sistema Hidráulico
O sistema hidráulico é responsável pelo
armazenamento, recalque e drenagem da solução nutritiva, sendo composto de um
ou mais reservatórios de solução, do conjunto moto-bomba e dos encanamentos e
registros (Furlani et. al., 1999).
4.1.1 Reservatório
Os reservatórios ou tanques de solução podem ser
construídos de material diverso, como plástico PVC, fibra de vidro ou de
acrílico, fibrocimento e alvenaria. Os tanques de plástico PVC e de fibra têm
sido os preferidos em virtude do menor custo, facilidade de manuseio e, por
serem inertes, não necessitarem de nenhum tratamento de revestimento interno.
Já os tanques construídos em alvenaria bem como as caixas de fibrocimento
exigem revestimento interno com impermeabilizantes destinados a esse fim. O
mais comumente utilizado e com bons resultados é a tinta betuminosa (Neutrol),
mas pode-se optar pela impermeabilização com lençol plástico preto. Sem esses
cuidados, a solução nutritiva, por ser corrosiva, poderá ser contaminada por
componentes químicos presentes na constituição desses materiais.
O depósito deve, de preferência, ser enterrado em
local sombreado para impedir a ação dos raios solares, além de ser vedado para
evitar a formação de algas e a entrada de animais de pequeno porte. Sua
instalação deve ser preferencialmente abaixo do nível da tubulação de drenagem,
facilitando o retorno da solução por gravidade.
O tamanho do reservatório dependerá do número de
plantas e das espécies que serão cultivadas. Deve-se obedecer ao limite mínimo
de 0,1-0,25 L/planta para mudas, de 0,25-0,5 L/planta para plantas de pequeno
porte (rúcula, almeirão), de 0,5-1,0 L/planta para plantas de porte médio
(alface, salsa, cebolinha, agrião, manjericão, morango, cravo, crisântemo), de
1,0-5,0 L/planta para plantas de maior porte (tomate, pepino, melão, pimentão,
berinjela, couve, salsão, etc.). Quanto maior a relação entre o volume do
tanque e o número de plantas nas bancadas, menores serão as variações na
concentração e temperatura da solução nutritiva. Entretanto, não se recomenda a
instalação de depósitos com capacidade maior que 5.000 L, em vista da maior
dificuldade para o manejo químico (correção do pH e da condutividade elétrica –
CE) e oxigenação da solução nutritiva.
4.1.2 Escolha do Conjunto Moto-bomba
Segundo Teixeira (1996), a potência da bomba a
empregar para o recalque da solução nutritiva é pequena. Para se calcular
pode-se empregar a fórmula seguinte (Castellane e Araújo, 1995):
Vazão x altura manométrica total
HP motor
= ____________________________
75 x 0,90
HP motor
HP bomba
= ________
0,70
A vazão adequada no sistema hidropônico é 1,5
litro/minuto – 2,0 litros/minuto por canaleta de cultivo. Na fórmula, a vazão é
expressa em litros/segundo e corresponde ao necessário para suprir todas as
canaletas existentes na instalação.
A altura manométrica total é a somatória da altura
geométrica de recalque (distância vertical da entrada da bomba até o ponto de
distribuição superior na bancada) da altura da sucção (distância vertical da
bomba até 20 cm do fundo do reservatório) e das perdas nas tubulações e
acessórios (cerca de 30%).
O conjunto moto-bomba estará ligado ao reservatório,
localizado em nível geométrico inferior ao ponto que liberará a solução
nutritiva para os canais, ou seja, terá a função de recalque da solução
nutritiva, conforme mostrado na Figura 02.
Figura 02 –
Esquema de um Sistema Hidráulico.
Para calcular o consumo de energia elétrica do
conjunto moto-bomba basta multiplicar o valor da potência do motor por 0,746 e
obter o valor em Kwh (Kilowatts hora).
Os principais problemas com o conjunto moto-bomba e
suas possíveis causas são:
01. Mesmo com o motor ligado, a
bomba não realiza o trabalho de sucção. Causas prováveis:
- Falta
de solução nutritiva no reservatório.
- Não
foi retirado o ar de sucção (escova).
- Entrada
de ar nas conexões e acessórios.
- Giro
do eixo do motor com rotação invertida.
- Tubulação
de sucção e rotor de diâmetro pequeno.
- Entrada
de ar pela carcaça da bomba. Apertar parafusos.
02. Superaquecimento do motor.
Causas prováveis:
- Elementos
girantes excessivamente justos, rotor ou eixo emperrados, atritando com as
partes estacionárias.
- Gaxetas
muito apertadas.
- Ligação
elétrica inadequada ou com defeito nos contatos.
- Baixa
tensão na rede.
- Ocorrência
de sobretensão na rede elétrica.
03. Consumo exagerado de energia
elétrica. Causas prováveis:
- Ocorrência
de vazamento de energia devido à presença de carga inferior à possível.
Defeitos mecânicos como eixo e rotor emperrados,
elementos girantes excessivamente apertados (gaxetas) (Bernardes, 1997).
4.1.3 Regulador de Tempo ou Timer
A circulação da solução nutritiva é comandada por um
sistema regulador de tempo, ou temporizador. Esse equipamento permite que o
tempo de irrigação e drenagem ocorra de acordo com a programação que se deseja.
Existem no mercado temporizadores mecânicos com intervalos de 10 por 10 ou 15
por 15 ou 20 por 20 minutos e temporizadores eletrônicos com intervalos variados
de segundos a minutos.
O tempo de irrigação varia muito entre os sistemas,
bancadas, regiões, tipos de cobertura, variedade cultivada e época do ano, não
havendo regra geral. Em locais quentes, durante o verão, o sistema deverá
permanecer ligado ininterruptamente durante as horas mais quentes do dia, ao
passo que no mesmo local, no inverno, esse manejo será diferente. Quando se usa
a irrigação contínua durante o período mais quente do dia, deve-se tomar
cuidado para que haja aeração adequada da solução nutritiva para evitar
deficiência de oxigênio no sistema radicular.
Durante o período noturno, o sistema pode permanecer
desligado ou com duas a três irrigações de dez a quinze minutos espaçadas de
quatro a cinco horas (Furlani et. al., 1999).
Aconselha-se estudar bem o local a ser implantada a
hidroponia (região mais quente ou mais fria), pois é isso que vai decidir com
exatidão os tempos de circulação e descanso do sistema (Alberoni, 1998).
Uma instalação básica, para o funcionamento de uma
banca de crescimento (que facilmente pode se multiplicar) pode ser visualizada
abaixo, conforme Figura 03 (Bernardes, 1997).
Figura 03 –
Funcionamento do Sistema Hidráulico.
4.2 Estufas
Segundo Alberoni (1998), vários modelos de estufas
são utilizados na produção hidropônica, entre eles: capela, arco e serreada,
que podem ser conjugados ou não.
O modelo mais utilizado é a capela (duas águas), que
fornece amplo espaço interno, com bom escoamento da água das chuvas e boa
proteção interna. Dependendo do tamanho da estufa podem ser colocadas várias
bancadas no seu interior, conforme Figura 04.
Figura 04 –
Modelo de estufa com possibilidade de abrigar quatro bancadas ao mesmo tempo.
Alguns produtores utilizam o modelo de estufa
individual. A estufa tem a medida exata da bancada e possibilita um maior
arejamento do sistema, mas tem a desvantagem de dificultar os trabalhos em dias
de chuva. Uma estrutura bem simples, porém muito prática é a da Estação
Experimental de Hidroponia de Charqueada (SP), inspirada no modelo do
engenheiro Shigeru Ueda, conforme ilustrado na Figura 05.
Figura 05 – Modelo de Estufa Individual.
Fonte: Bernardes (1997).
Para a cobertura das estufas recomenda-se a
utilização de filme plástico aditivado anti-UV e antigotejo, com espessuras de
75 m, 100 m ou 150 m. O filme
plástico antigotejo é de extrema importância, pois evita que o acúmulo interno
de água caia em forma de gotas sobre as plantas e faz com que a água escorra
pelas laterais da estufa. Assim, evitam-se a contaminação e a propagação de
diversos patógenos, principalmente os fúngicos (Alberoni, 1998).
No Brasil, a maioria das estufas hidropônicas não é
climatizada.
Dentre os fatores ambientais que podem afetar o
cultivo hidropônico, destaca-se a temperatura. Segundo Bernardes (1997), nas
regiões mais quentes a utilização de estufas com pé-direito acima de 2,5 metros
é recomendável, para proporcionar uma maior ventilação natural interna e para
diminuir a temperatura do interior da estufa.
Telas de sombreamento também são utilizadas, no alto
das casas de vegetação, na tentativa de diminuir a insolação direta e amenizar
a temperatura interna.
4.3 Bancadas
As bancadas ou mesas de cultivo é onde são colocadas
as mudas, ou seja, onde vai ocorrer o plantio propriamente dito. As plantas
permaneceram nas bancadas até a sua colheita.
Segundo
Furlani et. al. (1999), as bancadas para a técnica hidropônica são
compostas de suportes de madeira ou outro material, os quais formam uma base de
sustentação para os canais de cultivo, que podem ser de diversos tipos.
As dimensões das bancadas normalmente obedecem a
certos padrões, que podem variar de acordo com a espécie vegetal e com o tipo
de canal utilizado. No que se refere à largura, a bancada deve ter: até 1,0 m
de altura e 2,0 m de largura para mudas e plantas de ciclo curto (hortaliças de
folhas) e até 0,2 m de altura e 1,0 m de largura para plantas de ciclo longo
(hortaliças de frutos). Essas dimensões são suficientes para uma pessoa
trabalhar de maneira confortável nos dois lados da mesa, facilitando-lhe as
operações de transplante, os tratamentos fitossanitários, quando necessários,
os tratos culturais, a colheita e a limpeza da mesa.
É necessária uma declividade de 2 a 4% no
comprimento dos canais que conduzem a solução nutritiva. Além disso, é recomendável
que o comprimento da bancada não ultrapasse 15 metros, quando se utilizar 1,0
litro/minuto de solução nutritiva por canal, devido, principalmente, à
possibilidade de escassez de oxigênio dissolvido na solução no final da banca.
Quando a solução nutritiva apresenta baixos níveis de 02, pode
ocorrer a morte dos meristemas radiculares, pequena ramificação das raízes e
baixa absorção dos nutrientes, ocasionando um crescimento mais lento com
redução de produção ao longo do tempo (Bernardes, 1997).
4.3.1 Canais de cultivo
O material utilizado na confecção dos canais deve
ser impermeável ou impermeabilizado para não reagir com a solução nutritiva. No
Brasil, vêm-se utilizando para a montagem dos canais telhas de cimento amianto
ou tubos de PVC, que são materiais muito usados na construção civil, fáceis de
se encontrar e com preços razoáveis. Também, mais recentemente, têm sido usados
tubos de polipropileno de formato semicircular.
a) Telhas de cimento amianto
Podem ser usadas telhas
de amianto com ondas rasas (2,5 cm de altura e espaçadas a 7,5 cm), indicadas
para produção de mudas ou para algumas culturas de pequeno porte (rúcula,
agrião, etc.) servindo para condução das plantas até a fase de colheita. As
telhas com ondas maiores (5 cm de altura e espaçadas a 18 cm) também são
utilizadas para o cultivo de plantas de ciclo curto (alface, salsa, morango,
etc.). Constrói-se a bancada, colocando-se as telhas de maneira a ficar com as
extremidades encostadas umas nas outras ou sobrepostas. Após montada, a bancada
é revestida com filme plástico para que a solução nutritiva seja conduzida de
forma perfeita e para prevenir vazamentos. Em cima da bancada, para sustentação
das plantas, são utilizadas placas de isopor, preferencialmente com espessura
de 15 a 20 mm. Essas placas devem ser vazadas com furos de 50 mm de diâmetro
(Figura 06) e espaçamento entre os furos de 18 cm x 20 cm.
Figura 06 – Telha de cimento amianto com placas
de isopor
Fonte: Bernardes (1997).
b) Tubos de PVC
Segundo Furlani et. al. (1999), os
canos de PVC utilizados para esgoto (tubos brancos ou pretos) ou para irrigação
(azuis) são ainda os mais encontrados em sistemas hidropônicos NFT. Serrando-se
os canos ao meio, obtêm-se dois canais de cultivo com profundidade igual à
metade do diâmetro do tubo (Figura 07). Pode-se unir quantos canais forem
necessários, utilizando-se, para tanto, cola para encanamentos, silicone e, se
necessário, arrebites.
Os canais de PVC servem
para todas as fases de desenvolvimento das hortaliças mais cultivadas. Para
mudas utilizam-se os tubos de 40-50 mm; para fase intermediária, os de 75-100
mm, e para a fase definitiva ou produção, os de 100-200 mm, dependendo da
espécie cultivada.
Figura
07 – Bancada de canos de PVC, mostrando também a canaleta de
retorno de solução e a fixação do suporte das plantas na bancada. No detalhe, a
união dos tubos.
O inconveniente desse sistema é a formação de algas
dentro dos canos, em função da luz que penetra por eles (Alberoni, 1998).
Os tubos de PVC podem ser usados inteiros com furos
na parte superior dos mesmos. Eles dispensam qualquer tipo de sustentação para
as plantas já que são fechados, fornecendo o apoio suficiente para a maioria
das plantas.
De acordo com Furlani et. al. (1999), a lâmina usada
para confeccionar as embalagens tipo longa vida (TetraPark®) tem sido empregada
com sucesso na cobertura de mesas de cultivo e sustentação das plantas. É um
produto relativamente barato e de excelente durabilidade. É de fácil limpeza,
tem boa capacidade de isolamento térmico e resiste aos raios solares.
c) Tubos de Polipropileno
Apresentam formato
semicircular e são comercializados nos tamanhos definidos pelo diâmetro em:
pequeno (50 mm), médio (100 mm) e grande (150 mm), já contendo furos para a
colocação das mudas no espaçamento escolhido (Figura 08). Embora de uso muito
recente, têm apresentado bons resultados práticos tanto para mudas, como para
plantas maiores ou mesmo para culturas de maior porte, tendo comportamento
semelhante ao obtido com tubos de PVC, com exceção da limpeza que é mais
difícil. Para alface e rúcula, têm sido instalados na posição normal, ou seja,
com a parte chata para cima, o que dá maior apoio para as folhas. Para plantas
frutíferas, de porte maior, pode-se optar por instalá-los com a parte achada
para baixo, o que propicia maior área para o desenvolvimento do sistema
radicular. Por serem de polipropileno, dispensam revestimento interno, são mais
fáceis de emendar pois já vêm com os encaixes e apresentam todas as vantagens
dos tubos de PVC.
Figura 08 – Perfis hidropônicos nas duas posições
utilizadas.
Fonte: Furlani et. al. (1999).
4.4 Plantas que podem ser cultivadas pelo Sistema NFT
A Alface é a mais cultivada, mas pode-se encontrar
nos sistemas de cultivo sem solo: rúcula, feijão-vagem, repolho, couve, salsa,
coentro, melão, agrião, pepino, berinjela, pimentão, tomate, arroz, morango,
forrageiras para alimentação animal, mudas de plantas frutíferas e florestais,
plantas ornamentais, etc; teoricamente, qualquer planta pode ser cultivada no
sistema.
Um experimento recente foi desenvolvido IAC-Frutas
(Instituto Agronômico de Campinas), estudando o enraizamento de mini-estacas de
maracujá-amarelo por meio de hidroponia em espuma fenólica pelo sistema NFT.
Segundo Meletti et. al., (2003), com o objetivo de
melhorar o aproveitamento de plantas matrizes, foi investigada no IAC a
possibilidade de se reduzir o tamanho das estacas, economizando, assim,
material selecionado, quer seja de matrizes de elite de lotes experimentais e
de plantações comerciais, como até de espécies silvestres em fase de extinção.
Usando o método convencional de estaquia em areia
não foi possível obter o enraizamento de estacas com uma ou duas gemas, porque
elas secavam muito rapidamente, antes mesmo de enraizar. Isso só foi conseguido
com a técnica de hidroponia em espuma fenólica.
Os experimentos foram realizados em Monte Alegre do
Sul (SP). Foram preparadas estacas mais curtas, com uma ou duas gemas e apenas
uma meia-folha, com cerca de 5 a 8 cm de comprimento. As mini-estacas foram
colocadas para enraizar no centro dos cubos de espuma fenólica, de
aproximadamente 20 mm de arestas, previamente umedecidas com água. Estes, por
sua vez, foram transferidos para uma bancada de hidroponia de produção de mudas
na horizontal, em estufa.
Foi detectado o início da formação de calos 10 dias
depois da colocação das mini-estacas em espuma fenólica, sendo que depois de 18
dias, calos radiculares encontram-se completamente formados e visíveis. O
início do enraizamento foi observado aos 24 dias e o enraizamento completo, 37
dias depois da instalação do sistema. Houve, portanto, uma redução de 25 dias
no período necessário ao enraizamento das estacas, em relação ao sistema
tradicional, podendo-se antecipar em igual período o transplante das estacas
para sacos plásticos. Foi observado, também, um índice de 100% de enraizamento
em todas as cultivares testadas, mostrando que não há efeito de cultivares no
processo.
Concluiu-se que a hidroponia pode ser adotada com
vantagens na estaquia de matrizes comerciais, de campos com escassez de plantas
superiores, economizando material propagativo, sem perda de qualidade e com
bons índices de aproveitamento. Poderá vir a ser, também, uma efetiva contribuição
à multiplicação de passifloras nativas, em processo de extinção pelo
desmatamento, desde que se repita com elas o comportamento obtido com o
maracujazeiro-amarelo. Em programas de melhoramento genético, pode ser uma
ferramenta muito útil na multiplicação de plantas estratégicas, resultantes de
cruzamentos controlados.
5. Aeroponia
Com o intuito de se conseguir maior produtividade e
melhoria na eficiência e qualidade de produção em sistemas hidropônicos, têm se
desenvolvido outros métodos alternativos de cultivo.
A aeroponia é uma técnica de cultivo sem solo que
consiste em cultivar as plantas suspensas no ar, tendo como sustentação canos
de PVC que podem ser dispostos no sentido horizontal ou vertical, permitindo um
melhor aproveitamento de áreas e a instalação de um número maior de plantas por
metro quadrado de superfície da estufa, obtendo-se, assim, um aumento direto de
produtividade.
Nesse sistema não é utilizado nenhum tipo de
substrato, sendo que as raízes, protegidas da luminosidade dentro dos canos,
recebem a solução nutritiva de forma intermitente ou gota a gota, de acordo com
esquema previamente organizado. Há casos de aeroponia, nos quais, a solução
nutritiva é nebulizada ou pulverizada sobre as raízes.
5.1 Aeroponia Horizontal
Segundo Teixeira (1996), aeroponia
horizontal consiste fundamentalmente em cultivar as plantas em tubos de
plásticos (PVC) de 12 a 15 cm de diâmetro, em cujo interior passa a solução
nutritiva. Os tubos são colocados com inclinação de 1-3%. A solução entra pela
parte mais alta do tubo saindo pela outra extremidade. As mudas são colocadas,
nos tubos de PVC, em perfurações de 3-4 cm de diâmetro e no espaçamento
indicado à cultura. Os tubos, (Figura 09), são colocados em grupos formando
linhas seguidas. Os grupos são colocados um em cima dos outros, a 1 m de
distância, como se fossem andaimes. O apoio é feito em estruturas metálicas ou
de madeira, de preferência, móveis.
Figura 09 – Instalação Aeropônica Horizontal
O principal inconveniente na utilização deste
sistema está na impossibilidade da exploração de culturas que necessitem de
sustentação, como é o caso do tomate, pimentão, pepino e outros, isto limita o
seu uso no caso de rotação de cultura.
5.2 Aeroponia Vertical
Neste sistema se cultivam plantas em colunas (tubos
de PVC de quatro polegadas), de cerca de 2 m de comprimento. Esses tubos
recebem perfurações para adaptação das mudas. As colunas são dispostas
paralelamente, deixando-se espaços de 1,40 m entre elas, formando grupos. Entre
os grupos se deixa o espaçamento de 1,80 m. Maneja-se a formação de grupos de
modo que a luminosidade e a temperatura sejam as desejáveis para boa
produtividade.
A solução nutritiva entra pelo alto da
coluna, passa ao longo da mesma, é recolhida na parte inferior, é filtrada e
retorna ao reservatório. O processo inclui, como nos anteriores, bomba para
recalque da solução, “timer” programador e reservatório de solução nutritiva. A
Figura 10 ilustra o método. (Teixeira, 1996).
Figura 10 – Esquema da Instalação de Hidroponia Vertical
Utilizada na Europa desde a década de 70, a técnica
foi adaptada à realidade brasileira pelos agrônomos Flávio Fernandes e Pedro
Roberto Furlani, pesquisadores da Estação Experimental de Agronomia de Jundiaí
do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Comparando a hidroponia vertical aos
sistemas tradicional e de hidroponia em bandejas horizontais, segundo os
pesquisadores, os resultados obtidos, tanto em produtividade como sanidade são
melhores, o que compensa os custos de implantação e produção mais altos.
Ocupando espaços iguais na estufa, a produção na hidroponia vertical foi 100%
superior à da horizontal e 120% maior do que a de canteiro. Em um plantio
comercial com hidroponia vertical realizado em Jundiaí (SP) os agrônomos do IAC
observaram também redução nos gastos de água e energia, enquanto a aplicação de
defensivos agrícolas teve queda de até 90%.
Mesmo adotando cuidados sanitários como a proteção
dos canteiros com plástico, o que impede o contato direto dos frutos com
o solo, dificilmente os produtores conseguem evitar a contaminação e o desgaste
da terra nos cultivos tradicionais de morango. Os frutos próximos ao chão
também estão sujeitos ao ataque de pragas e doenças e até o próprio peso do
morango pode prejudicar sua sanidade e apresentação. Uma nova técnica,
entretanto, pode resolver parte desses problemas. Trata-se do cultivo
hidropônico de morango em estruturas verticais. Nos casos em que foi necessário
fazer o controle de pragas e doenças, apenas as plantas atacadas receberam
pulverização. Outra grande vantagem da nova técnica é que os morangos podem ser
colhidos em estágio mais avançado de maturação, o que garante frutos mais
saborosos. Além disso, as perdas são menores e o trabalho de colheita muito
mais fácil que no sistema tradicional. As mudas formadas junto à planta-matriz,
suspensas no ar, também podem ser utilizadas para novos plantios, o que não
ocorre nos cultivos convencionais por causa do risco de contaminação do solo.
Na hidroponia vertical as mudas de morango são
plantadas em compridas sacolas ou tubos de polietileno cheios com casca de
arroz carbonizada e irrigadas com uma solução nutritiva. De acordo com os
pesquisadores, a casca de arroz funciona como suporte para as plantas fixarem
as raízes e também para reter o alimento líquido. As medidas mais indicadas são
altura de 2 metros e diâmetro de 20 centímetros. O espaçamento é de 1 metro
entre cada tubo e de 1 metro entre as fileiras. Geralmente são 28 mudas por
tubo, sete grupos de quatro mudas planadas diametralmente. Para introduzir as
mudas deve-se fazer pequenos orifícios em X no plástico. O substrato precisa
estar encharcado (apenas com água) e as plantinhas colocadas num ângulo de 45
graus. A irrigação com a solução hidropônica varia de acordo com o estágio de
desenvolvimento da planta, com volume de 3 a 6 litros diários por tubo. Com o
tempo, o produtor sabe dimensionar, sem desperdício, a quantidade necessária.
Outro cuidado é garantir que todas as mudas recebam raios solares em
quantidades iguais. (www.vivaverde.agr.br).
6. Sistema DFT (Deep film technique) ou Floating
ou Piscina
O sistema de piscinas é muito usado para a produção
de mudas, como por exemplo, de alface. Nessa piscina são colocadas as bandejas
de isopor, deixando correr uma lâmina de solução nutritiva (aproximadamente de
4 a 5 cm) suficiente para o desenvolvimento do sistema radicular das mudas,
mantendo o substrato úmido e permitindo a absorção dos nutrientes.
Segundo
Furlani et. al. (1999), no sistema DFT não existem canais, mas sim uma
mesa ou caixa rasa nivelada onde permanece uma lâmina de solução nutritiva. O
material utilizado para sua construção pode ser madeira, plástico ou fibras
sintéticas (em moldes pré-fabricados).
A altura da lateral da caixa de cultivo deve ser de
10 a 15 cm, dependendo da lâmina desejada, que normalmente varia de 5 a 10 cm.
O suporte da mesa também pode ser de madeira ou de outro material, como
descrito para as bancadas do sistema NFT. Para a manutenção da lâmina de
solução, deve-se instalar um sistema de alimentação e drenagem compatível, ou
seja, a drenagem sempre maior ou igual à entrada de solução, para manter
constante o nível da lâmina.
No sistema DFT as raízes das plantas permanecem
submersas na solução nutritiva por todo o período de cultivo, por isso a
oxigenação da solução merece especial atenção, tanto no depósito quanto na
caixa de cultivo. A instalação de um “venturi” na tubulação de alimentação
(Figura 11) permite eficiente oxigenação na lâmina de solução.
Para as mesas pré-fabricadas em material plástico ou
fibras de vidro e com revestimento interno não é necessária a
impermeabilização, mas naquelas feitas de madeira deve-se cobrir o fundo e as
laterais com dois filmes plásticos, sempre o preto por baixo e o de polietileno
tratado contra radiação UV por cima, para conferir resistência aos raios solares.
Figura
11 – Mesa de “floating” mostrando as opções de drenagem e alimentação laterais
ou de fundo.
7.
Nutrição Mineral das Plantas
Um dos princípios básicos para produção vegetal,
tanto no solo como sobre sistemas de cultivo sem solo (hidroponia) é o
fornecimento de todos os nutrientes de que a planta necessita.
O solo que sustenta as raízes das plantas também é
importante para fornecer oxigênio, água e minerais. Ele é formado por
partículas de minerais e material orgânica, e apresenta poros e microporos que
ficam cheios de água e ar. Nesta água estão dissolvidos sais formando a solução
do solo, que leva os nutrientes para as plantas.
Em um meio sem solo, as plantas também deverão
suprir as mesmas necessidades, assim, para entender as relações das plantas em
um sistema hidropônico deve-se ter em conta as relações que existem entre seu
crescimento e o solo.
Se no meio em que a planta crescer houver um
desequilíbrio de nutrientes, sua produção será limitada. Por exemplo, se o
pimentão tiver à sua disposição uma quantidade de fósforo muito menor do que
ele precisa para produzir bem, não adianta ter níveis adequados dos outros
nutrientes ou acrescentar mais destes, enquanto não for corrigida a deficiência
de fósforo. O pimentão não produzirá de acordo com o seu potencial, isto vale
para qualquer fator essencial ao crescimento das plantas, como a água, por
exemplo. Não adianta adubar bem a planta, se não houver água suficiente para o
seu crescimento. Daí a necessidade de fornecer todos os elementos de que as
plantas necessitam, feita de acordo com as exigências de cada cultura.
7.1 Elementos Essenciais
Diversos elementos químicos são indispensáveis para
o crescimento e produção das plantas, num total de dezesseis elementos, sendo
eles:
Carbono
|
C
|
Magnésio
|
Mg
|
Hidrogênio
|
H
|
Manganês
|
Mn
|
Oxigênio
|
O
|
Ferro
|
Fe
|
Nitrogênio
|
N
|
Zinco
|
Zn
|
Fósforo
|
P
|
Boro
|
B
|
Potássio
|
K
|
Cobre
|
Cu
|
Enxofre
|
S
|
Molibdênio
|
Mo
|
Cálcio
|
Ca
|
Cloro
|
Cl
|
Segundo Alberoni (1998), entre os elementos citados,
existe uma divisão, conforme sua origem:
·
Orgânicos: C, H, O
·
Minerais:
- macronutrientes:
N, P, K, Ca, Mg, S;
- micronutrientes:
Mn, Fe, B, Zn, Cu, Mo, Cl.
Essa divisão, entre macro e micro, leva em
consideração a quantidade que a planta exige de cada nutriente para o seu
ciclo.
As plantas têm, em sua constituição, em torno de 90
a 95% do seu peso em C, H, O. Mas esses elementos orgânicos, não constituem
problemas, pois provêem do ar e da água, abundantes em nosso sistema. Diante
disso, deve-se dar grande ênfase para os elementos minerais, que são os que
irão compor a solução nutritiva.
Segundo
Furlani et. al. (1999), recentemente, o níquel (N) entrou para o rol dos
elementos essenciais por fazer parte da estrutura molecular da enzima urease,
necessária para a transformação de nitrogênio amídico em mineral. Todavia, a
quantidade exigida pelas plantas deve ser inferior à de molibdênio.
Além desses nutrientes, outros elementos químicos
têm sido esporadicamente considerados benéficos ao crescimento de plantas, sem
contudo atender aos critérios de essencialidade. Como exemplo, pode-se citar o
sódio (Na) para plantas halófitas, o silício (Si) para algumas gramíneas e o
cobalto (Co) para plantas leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico.
De acordo com a redistribuição no interior das
plantas, os nutrientes podem ser classificados em três grupos: móveis (NO3,
NH4+, P, K e Mg) intermediários (S, Mn, Fe, Zn, Cu e Mo)
e imóveis (Ca e B). Essa classificação é muito útil na identificação de
sintomas de deficiência de um determinado nutrientes. Por exemplo, os sintomas
de falta de N e de B ocorrem em partes mais velhas (folhas velhas) e mais
jovens da planta (pontos de crescimento) respectivamente.
Em cultivos hidropônicos a absorção é geralmente
proporcional à concentração de nutrientes na solução próxima às raízes, sendo
muito influenciada pelos fatores ambientes, tais como: salinidade, oxigenação,
temperatura, pH da solução nutritiva, intensidade de luz, fotoperíodo,
temperatura e umidade do ar (Adams, 1992 e 1994 apud Furlani et. al. 1999).
Cada um dos macronutrientes e dos micronutrientes
exerce pelo menos uma função dentro do ser vegetal e a sua deficiência ou
excesso provoca sintomas de carência, ou de toxidez, característicos. A tabela
01 resume alguns dos papéis desempenhados pelos nutrientes na vida da planta.
As tabelas 02 e 03 mostram os sintomas típicos de deficiência e de excesso,
respectivamente. (Teixeira, 1996).
Tabela 01 – Funções dos nutrientes de plantas
Nutrientes
|
Funções
|
Nitrogênio
|
Participa das proteínas, ácidos nucleicos e das
clorofilas; é ligado à formação de folhas.
|
Fósforo
|
Participa dos nucleotídeos, ácidos nucléicos e de
membranas vegetais. Interfere no metabolismo das plantas como fonte de
energia. É importante para o enraizamento, floração e frutificação.
|
Potássio
|
Ativador enzimático, atua na fotossíntese
(formação de açúcares). Translocação de açúcares nas plantas, influencia na
economia de água e na resistência ao acamamento, a pragas, a doenças, ao frio
e à seca.
|
Cálcio
|
Constituinte da parede celular, ajuda na divisão
celular, atua como ativador enzimático.
|
Magnésio
|
Integra a molécula da clorofila, é ativador
enzimático e aumenta a absorção de Fósforo.
|
Enxofre
|
Constituinte das proteínas e clorofila, de
vitaminas e óleos essenciais, importante para fixação de Nitrogênio.
|
Boro
|
Participa do processo de síntese do ácido
indolacético (hormônio vegetal), dos ácidos pécticos (parede celular), dos
ácidos ribonucleicos, das proteínas e do transporte de açúcar nas plantas.
|
Cloro
|
Participa do processo fotossintético.
|
Cobre
|
É ativador enzimático; influencia na respiração,
na fotossíntese e no processo de fixação nitrogenada.
|
Ferro
|
Ativador enzimático; importante na síntese da
clorofila e dos citocromos, influencia a respiração, fotossíntese e fixação
do Nitrogênio.
|
Manganês
|
Ativador enzimático e participa da fotossíntese e
da respiração (como ativador enzimático).
|
Níquel
|
Ativador da encima urease (que faz a hidrólise da
uréia nas plantas).
|
Molibdênio
|
Influencia no processo da redução de Nitrato no
interior das plantas e da fixação do Nitrogênio por leguminosas.
|
Zinco
|
Ativador enzimático, síntese do ácido
indolacético.
|
Tabela
02 – Sintomas visuais gerais de deficiência nutricional em vegetais
(adaptado de MALAVOLTA, 1980)
Tabela
03 – Sintomas visuais gerais de excesso de nutrientes em vegetais(adaptado de
MALAVOLTA et. al., (1989)
Nutrientes
|
Funções
|
Nitrogênio
|
Em geral, não-identificados. Atraso e redução de
floração e frutificação e acamamento.
|
Fósforo
|
Indução de deficiência de Cobre, Ferro, Manganês e
Zinco.
|
Potássio
|
Indução de deficiência de Cálcio e/ou Magnésio
provavelmente.
|
Cálcio
|
Indução de deficiência de Magnésio e/ou Potássio
provavelmente.
|
Magnésio
|
Indução de deficiência de Potássio e/ou Cálcio
provavelmente.
|
Enxofre
|
Clorose interneval em algumas espécies.
|
Boro
|
Clorose reticulada e queima das margens das folhas
de ápice para a base.
|
Cloro
|
Necrose das pontas e margens, amarelecimento e
queda das folhas.
|
Cobre
|
Manchas aquosas e depois necróticas nas folhas.
Amarelecimento das folhas, da base para o ápice, seguindo a nervura central.
|
Ferro
|
Manchas necróticas nas folhas, manchas
amarelo-parda.
|
Manganês
|
Deficiência de Ferro induzida, depois manchas
necróticas ao longo do tecido condutor.
|
Molibdênio
|
Manchas amarelas globulares do ápice da planta.
|
Zinco
|
Indução de carência de Fósforo e ou Zinco.
|
7.2 A água
Em cultivo sem solo, a qualidade da água é
fundamental, pois nela estarão dissolvidos os minerais essenciais, formando a
solução nutritiva que será a única forma de alimentação das plantas. Além da
água potável e de poço artesiano, pode-se utilizar água de superfície e água
recolhida de chuvas. (Lejeune e Balestrazzi, 1992 apud Castellane e Araújo,
1995).
Quanto melhor a qualidade da água menos
problemas. A análise química (quantidade de nutrientes e salinidade) e
microbiológica (coliformes fecais e patógenos) é fundamental. O recomendável é
enviar amostras para empresa que costuma fazer análise para produtores
hidropônicos.
Os parâmetros que devem ser considerados
são: cabornatos, sulfatos, cloretos, sódio, ferro, cálcio, magnésio e
micronutrientes (Cl ativo, Mn, Mo, B, Zn, Cu).
Se a água contém boa quantidade de Ca ou
B, por exemplo, este valor deve ser descontado no momento de adicionar os
adubos na solução. Tem-se recomendado que este desconto deve acontecer quando o
valor de um dado macronutriente ultrapassar a 25% do que seria adicionado a solução
(formulação), e 50% para os micronutrientes. (www.labhidro.cca.ufsc.br).
Em hidroponia a condutividade elétrica
deve ser inferior a 0,5 mS/cm, com uma concentração total de sais inferior a
350 ppm. (Hanger 1986 apud Castellane e Araújo 1995). Entretanto, Maroto (1990)
apud Castellane e Araújo (1995), considera que o ideal é menos que 200 ppm de
sais totais, com cloro e sódio livres inferiores a 5 e 10 ppm, respectivamente.
Quando for utilizada no sistema NfT, Lejeune e Balestrazzi (1992) apud Castellane
e Araújo (1995), consideram ser a água de boa qualidade quando seus teores
máximos de Ca, Mg, SO4 e HCO3 estão abaixo de 80, 12, 48
e 224 mg/l, respectivamente. Para ferro, boro, flúor, zinco, cobre e manganês,
os teores máximos permitidos são, respectivamente: 1, 12; 0,27; 0,47; 0,32;
0,06 e 0,24 mg/l.
Dependendo da região, a água pode
apresentar características que interferem na solução nutritiva, como:
·
Água com teor de cloreto de sódio (NaCl) acima de 50 ppm (50g/1000l)
começa a causar problemas de fitotoxidez e pode inviabilizar seu uso;
·
Se a água for dura (elevado teor de íons carbonatos, HCO3),
haverá problemas de elevação do pH e indisponibilização de ferro adicionado à
solução. Também conterá sulfatos, mas o íon sulfato é macronutriente;
·
Águas subterrâneas originadas de rochas calcáreas e dolomíticas contém
bons teores de Ca e Mg. (www.labhidro.cca.ufsc.br).
7.3 Solução Nutritiva
Na hidroponia todos os nutrientes são oferecidos às
plantas na forma de solução. Esta solução é preparada com sais fertilizantes.
Existem vários sais que fornecem os mesmos nutrientes para as plantas, deve-se
optar por aqueles fáceis de dissolver em água, baixo custo e facilmente
encontrados no mercado. As tabelas 04 e 05 apresentam alguns dos sais mais
usados em hidroponia, sob a forma de macro e micronutrientes.
Tabela
04 – Composição de alguns adubos empregados
em hidroponia (Macronutrientes)
Adubos
|
%N
|
%P
|
%K
|
%Ca
|
%Mg
|
%S
|
Nitrato de Potássio
|
14
|
-
|
36,5
|
-
|
-
|
-
|
Nitrato de Sódio e Potássio
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
(Salitre do Chile Potássio)
|
13
|
-
|
11,6
|
-
|
-
|
-
|
Nitrato de Amônio
|
34
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Nitrato de Cálcio
|
15
|
-
|
-
|
20
|
-
|
-
|
Nitrocálcio
|
22
|
-
|
-
|
7
|
-
|
-
|
Fosfato Monoamônio (MAP)
|
10
|
21,1
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Fosfato Diamônio (DAP)
|
18
|
20,2
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Uréia
|
45
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
Sulfato de Amônio
|
20
|
-
|
-
|
-
|
-
|
24
|
Superfosfato Simples
|
-
|
8,8
|
-
|
20,2
|
-
|
12
|
Superfosfato Triplo
|
-
|
19,8
|
-
|
13,0
|
-
|
-
|
Fosfato de Potássio
|
-
|
24
|
31
|
-
|
-
|
-
|
Cloreto de Potássio
|
-
|
-
|
49,8
|
-
|
-
|
-
|
Sulfato de Potássio
|
-
|
-
|
41,5
|
-
|
-
|
17
|
Sulfato de Potássio e Magnésio
|
-
|
-
|
16,6
|
-
|
11
|
22
|
Sulfato de Magnésio
|
-
|
-
|
-
|
-
|
9,5
|
13
|
Fonte: Malavolta (1989) apud Teixeira
(1996).
Tabela
05 – Composição de alguns adubos empregados
em hidroponia (Micronutrientes)
Adubos
|
Composição
|
Bórax
|
11% de Boro
|
Ácido Bórico
|
17% de Boro
|
Sulfato Cúprico Pentaidratado
|
25% de Cobre
|
Sulfato Cúprico Monoidratado
|
35% de Cobre
|
Quelados de Cobre
|
9 – 13% de Cobre
|
Sulfato Ferroso
|
19% de Ferro
|
Quelados de Ferro
|
5 – 14% de Ferro
|
Sulfato Manganoso
|
26 – 8% de Manganês
|
Quelado de Manganês
|
12% de Manganês
|
Molibdato de Sódio
|
39% de Molibdênio
|
Molibdato de Amônio
|
54% de Molibdênio
|
Sulfato de Zinco
|
20% de Zinco
|
Quelado de Zinco
|
14 – 19% de Zinco
|
Fonte: Malavolta (1989) apud Teixeira (1996).
Não existe uma solução nutritiva ideal para todas as
espécies vegetais e condições de cultivo. Cada espécie vegetal tem um potencial
de exigência nutricional. (Teixeira, 1996).
No Quadro 02. Apresentam-se as relações
entre os teores foliares considerados adequados de N, P, Ca, Mg e S e os de K
para diferentes culturas passíveis de serem cultivadas no sistema hidropônico –
NFT. Embora haja diferenças nos teores de nutrientes em folhas em função de
cultivares, épocas de amostragem e posição das folhas, os valores apresentados
indicam que existem diferenças entre essas relações para as diversas espécies,
considerando o desenvolvimento vegetativo adequado. (Furlani et. al. 1999).
Quadro 02
– Relações entre os teores foliares (g/kg) de N, P, Ca, Mg e S com
os teores de K considerados adequados para diferentes culturas. Adaptado de Raij et. al. (1997).
Culturas
|
K
|
N
|
P
|
Ca
|
Mg
|
S
|
Hortaliças de folhas
|
Agrião
|
1,00
|
0,83
|
0,17
|
0,25
|
0,07
|
0,05
|
Alface
|
1,00
|
0,62
|
0,09
|
0,31
|
0,08
|
0,03
|
Almeirão
|
1,0
|
0,65
|
0,11
|
0,12
|
0,03
|
-
|
Cebolinha
|
1,0
|
0,75
|
0,08
|
0,50
|
0,10
|
0,16
|
Chicória
|
1,00
|
0,82
|
0,11
|
1,36
|
1,07
|
-
|
Couve
|
1,00
|
1,20
|
0,16
|
0,62
|
0,14
|
-
|
Espinafre
|
1,00
|
1,00
|
0,11
|
0,78
|
0,18
|
0,20
|
Repolho
|
1,00
|
1,00
|
0,15
|
0,63
|
0,15
|
0,13
|
Rúcula
|
1,00
|
0,78
|
0,09
|
0,84
|
0,07
|
-
|
Salsa
|
1,0
|
1,14
|
0,17
|
0,43
|
0,11
|
-
|
Hortaliças de frutos
|
Beringela
|
1,00
|
1,0
|
0,16
|
0,40
|
0,14
|
-
|
Ervilha
|
1,00
|
1,67
|
0,20
|
0,67
|
0,17
|
-
|
Feijão-vagem
|
1,00
|
1,43
|
1,14
|
0,71
|
0,17
|
0,11
|
Jiló
|
1,00
|
1,57
|
0,14
|
0,57
|
0,11
|
-
|
Melão
|
1,00
|
1,14
|
0,14
|
1,14
|
0,29
|
0,08
|
Morango
|
1,00
|
0,67
|
0,10
|
0,67
|
0,27
|
0,10
|
Pepino
|
1,00
|
1,22
|
0,18
|
0,56
|
0,16
|
0,13
|
Pimenta
|
1,00
|
1,00
|
0,13
|
0,63
|
0,20
|
-
|
Pimentão
|
1,00
|
0,90
|
0,10
|
0,50
|
0,16
|
-
|
Quiabo
|
1,00
|
1,29
|
0,11
|
1,14
|
0,23
|
0,10
|
Tomate
|
1,00
|
1,25
|
0,15
|
0,75
|
0,15
|
0,16
|
Hortaliças de flores
|
Brócolos
|
1,00
|
1,50
|
0,20
|
0,67
|
0,17
|
0,18
|
Couve-flor
|
1,00
|
1,25
|
0,15
|
0,75
|
0,10
|
-
|
Ornamentais
|
Antúrio
|
1,00
|
1,00
|
0,20
|
0,80
|
0,32
|
0,20
|
Azaléia
|
1,00
|
2,00
|
0,40
|
1,00
|
0,70
|
0,35
|
Begônia
|
1,00
|
1,11
|
0,11
|
0,44
|
0,11
|
0,12
|
Crisântemo
|
1,0
|
1,00
|
0,14
|
0,30
|
0,14
|
0,10
|
Gloxinia
|
1,00
|
1,00
|
0,10
|
0,50
|
0,15
|
0,13
|
Gypsophila
|
1,00
|
1,25
|
0,13
|
0,88
|
0,18
|
0,12
|
Hibiscus
|
1,00
|
1,75
|
0,35
|
1,00
|
0,30
|
0,16
|
Palmeira
|
1,00
|
1,00
|
0,17
|
0,67
|
0,20
|
0,18
|
Rosa
|
1,00
|
1,60
|
0,16
|
0,60
|
0,16
|
0,21
|
Schefflera
|
1,00
|
1,00
|
0,13
|
0,50
|
0,17
|
0,16
|
Violeta-africana
|
1,00
|
0,90
|
0,10
|
0,30
|
0,12
|
0,11
|
Tal fato deve ser levado em conta quando se utiliza
uma única composição de solução nutritiva para o crescimento de variadas
espécies vegetais.
Por exemplo, quando se usa uma única
solução nutritiva para o crescimento de diferentes hortaliças de folhas,
pode-se antever que as plantas de espinafre e rúcula irão absorver maiores
quantidades de cálcio que as plantas de agrião, alface e almeirão, para cada
unidade de potássio absorvido. Se isso não foi considerado na reposição de
nutrientes, ocorrerá deficiência de Ca para essas culturas com maior capacidade
de extração. (Furlani et.
al. 1999).
Os produtores desejam freqüentemente
obter uma fórmula ótima, que sirva para todas as culturas, mas isto não é
possível. Existem muitas variáveis a considerar na nutrição de plantas, como:
·
Espécie de planta – por exemplo a alface precisa mais de nitrogênio que
o tomate;
·
Estágio de crescimento – plantas novas gastam menos nutrientes que as
mais velhas;
·
Parte da planta que será colhida – se é folha ou fruto;
·
Estação do ano;
·
Temperatura e intensidade de luz.
Para que as plantas tenham um bom
desenvolvimento é necessário que haja um constante equilíbrio de nutrientes na
água que banha as raízes das plantas, ou seja, ao longo do tempo e da formação
das plantas os elementos essenciais (nutrientes) devem estar sempre à
disposição, dentro de faixas limitadas, sem escassez nem excesso.
7.3.1 Sugestões de soluções nutritivas
Nos quadros 03 e 04 são apresentadas
soluções nutritivas para tomate, pepino e alface (Castellane e Araújo, 1995). A
diferença entre a solução A e a solução B está na quantidade de nitrato de
cálcio. A solução A é usada na fase de crescimento da planta e a solução B na
fase de frutificação. Como a formação de frutas exige mais quantidade de cálcio
e nitrogênio é observado que a planta deve ter maior quantidade destes
nutrientes à sua disposição nesta fase.
Quadro 03 – Composição de
soluções nutritivas 1/ para tomates, pepino e alface em sistemas hidropônicos
abertos ou fechados.
|
|
Tomate
|
Pepino
|
Composto
|
Nutrientes
|
______________________
|
______________________
|
Químico
|
Fornecidos
|
Solução A
|
Solução B
|
Solução A 2/
|
Solução B
|
Grama/1000 litros
|
KNO3
|
N.K
|
200
|
200
|
200
|
200
|
MgSO4+7 H2O
|
Mg, S
|
500
|
500
|
500
|
500
|
KH2PO4
|
K, P
|
270
|
270
|
270
|
270
|
K2SO4
|
K, S
|
100
|
100
|
-
|
-
|
Ca(NO3)2
|
N, Ca
|
500
|
680
|
680
|
1.357
|
Fe 330 (quelado)
|
Fe
|
25
|
25
|
25
|
25
|
Micronutrientes
|
-
|
150 ml
|
150 ml
|
150 ml
|
150 ml
|
1 – Ver Quadro 04, para o manejo de micronutrientes.
2 - Para Alface, acrescentar mais 430g de Ca(NO3)2.
Quadro 04 – Preparo de solução
estoque de micronutrientes.
Composto Químico
|
Nutrientes Fornecidos
|
Grama a utilizar1/
|
H3BO3
|
B
|
7,50
|
MnCl2-4H2O
|
Mn
|
6,75
|
CuCl2+2H2O
|
Cu
|
0,37
|
M0O3
|
Mo
|
0,15
|
ZnSO34+7H2O
|
Zn
|
1,18
|
Estas quantidades dos sais são para
preparar 450 ml de solução estoque. Utilize água quente para dissolver bem os
sais. Use 150 ml desta solução por 1000 litros de solução de cultivo.
Outra opção de solução nutritiva para
alface é apresentada no quadro 05.
Quadro 05 – Composição de solução
nutritiva para alface
Sal/fertilizante
|
g/1.000
litros
|
Nitrato de cálcio
|
|
Hydro especial
|
1.000
|
Nitrato de potássio
|
600
|
Cloreto de potássio
|
150
|
Monoamônio fosfato
|
150
|
Sulfato de magnésio
|
250
|
Solução de micronutrientes
|
500 ml
|
Solução de Fe-EDTA
|
500 ml
|
Cloro
|
100
|
Boro
|
20
|
Ferro
|
100
|
Manganês
|
50
|
Zinco
|
20
|
Cobre
|
6
|
Molibdênio
|
0,1
|
Segundo Furlani et. al., (1999), para
quelatização do Ferro, procede-se da seguinte maneira:
Para preparar uma solução contendo 10
mg/mL de Fe, dissolver, separadamente em cada 450 ml de água, 50 g de sulfato
ferroso e 60 g de EDTA dissódico. Após a dissolução, misturar acrescentando a
solução de EDTA à solução de sulfato ferroso. Efetuar o borbulhamento de ar na
solução obtida até completa dissolução de qualquer precipitado formado. Guardar
em frasco escuro e protegido da luz.
Ainda segundo Furlani et. al., (1999), o
Instituto Agronômico tem uma proposta de preparo e manejo de solução nutritiva
para cultivo hidropônico, destinada a diversas hortaliças de folhas e já
utilizada por muitos produtores em escala comercial. No seu preparo, são usadas
as quantidades de sais/fertilizantes, conforme consta do quadro 06.
Quadro 06 – Quantidades de sais
para o preparo de 1.000 L de solução nutritiva – proposta do Instituto
Agronômico (Furlani, 1998).
Nº
|
Sal ou fertilizante
|
g/1.000L
|
1
|
Nitrato de cálcio Hydros® Especial
|
750
|
2
|
Nitrato de potássio
|
500
|
3
|
Fosfato monoamônio
|
150
|
4
|
Sulfato de magnésio
|
400
|
5
|
Sulfato de cobre
|
0,15
|
6
|
Sulfato de zinco
|
0,5
|
7
|
Sulfato de manganês
|
1,5
|
8
|
Ácido bórico ou
Bórax
|
1,5
2,3
|
9
|
Molibdato de sódio ou
|
0,15
|
|
Molibdato de amônio
|
0,15
|
10
|
Tenso-Fe® (FeEDDHMA-6% Fe) ou
|
30
|
|
Dissolvine® (FeEDTA-13% Fe) ou
|
13,8
|
|
Ferrilene® (FeEDDHa-6% Fe) ou
|
30
|
|
FeEDTANa2 (10mg/mL de Fe)
|
180 mL
|
7.3.2 Preparo da Solução Nutritiva
No preparo da solução nutritiva existe
uma seqüência correta de adição de sais. Descreveremos passo a passo o preparo
de uma solução nutritiva.
· O composto são
pesados individualmente, identificados e ordenados próximo ao reservatório onde
será preparada a solução nutritiva. Esta operação deve ser cuidadosa, pois
qualquer engano nesta etapa poderá comprometer todo o sistema.
· Nos sacos estão
as misturas de macronutrientes, mas sem a fonte de cálcio. Os sais são
misturados a seco, o cálcio não pode entrar, porque forma compostos insolúveis
com fosfatos e sulfatos.
· A mistura é
dissolvida em um recipiente com água e depois jogada no reservatório. Ao
colocar a mistura no reservatório ele já deverá estar cheio pela metade.
· O sal de cálcio é
dissolvido separadamente e adicionado em seguida, depois vem a mistura de
micronutrientes que poderá ser preparado em maior quantidade e armazenada.
· A mistura de
micronutrientes não contêm o ferro, basta medir a quantidade certa e jogar no
tanque.
· Após acrescentar
os micronutrientes completa-se o nível da solução no reservatório e mistura-se
bem.
· A seguir faça a
medição do pH, ele deverá ficar na faixa de 5,5 a 6,5. Se estiver mais alto que
isto adiciona-se ácido sulfúrico ou ácido clorídrico. O ácido deve ser
misturado com um pouco de água e depois ser colocado aos poucos no
reservatório. Mistura-se bem e mede-se de novo o pH, faça isto até chegar ao
valor certo. Se o pH estiver abaixo de 5,5 faz-se a correção com hidróxido de
potássio ou hidróxido de sódio.
· No final
acrescenta o ferro, pois ele é pouco solúvel e deve ser colocado na forma
complexada com EDTA para ficar dissolvido e disponível para as plantas. Quando
é colocado puro ele precipita e as plantas não conseguem absorvê-lo.
7.3.3 Manejo da solução
Segundo Alberoni (1998), após o preparo
da solução, existem alguns fatores que devem ser controlados para o completo e
perfeito desenvolvimento da planta, aproveitando ao máximo a solução nutritiva:
·
Temperatura – a temperatura da solução não deve ultrapassar os
30ºC, sendo que o ideal para a planta é a faixa de 18ºC a 24º C em períodos
quentes (verão) e 10ºC a 16ºC em períodos frios (inverno). Temperaturas muito
acima ou abaixo desses limites causam danos à planta, bem como uma diminuição na
absorção dos nutrientes e, conseqüentemente, uma menor produção, com produtos
de baixa qualidade, que serão vendidos a preços mais baixos.
·
Oxigênio – a oxigenação da solução é muito importante. É preciso
utilizar uma boa água e oxigenar a solução constantemente para obter um bom
nível de absorção dos nutrientes. A oxigenação pode ser feita durante a
circulação da solução no retorno ao reservatório ou com a aplicação de ar
comprimido ou oxigênio.
·
Pressão osmótica – quando se dissolvem sais na água, sua pressão
osmótica aumenta, ou seja, a tendência que a solução tem de penetrar nas raízes
diminui, até o ponto que deixa completamente de penetrar e começa a retirar a
água das plantas. Isso ocorre pelo fato de a água se movimentar de um meio
hipotônico para um meio hipertônico ou, digamos, de um meio menos concentrado
para um meio mais concentrado. Por isso, a solução deve conter os nutrientes
nas proporções adequadas, mas suficientemente diluídas para não causar danos. A
pressão osmótica ideal está entre 0,5 a 1,0 atmosfera (atm.).
·
Condutividade elétrica – esse controle é de grande importância,
pois determina quanto adubo há na solução (quantidade de íons). Quanto mais
íons tivermos na solução, maior será a condutividade elétrica, e vice-versa. Há
um aparelho que mede a condutividade: o condutivímetro. Na utilização desse
aparelho, as medidas ideais da solução ficam na faixa de 1,5 a 3,5
miliSiemens/cm, que corresponde a 1.000 à 1.500 ppm de concentração total de
íons na solução. Valores acima dessa faixa são prejudiciais à planta, chegando
a sua total destruição.
Valores inferiores
indicam a deficiência de algum elemento, embora não se saiba qual e em que
quantidade. A resposta só pode ser obtida com a análise química laboratorial da
solução nutritiva.
·
pH – o pH da solução nutritiva é tão importante quanto a
condutividade elétrica, pois as plantas não conseguem sobreviver com valores
abaixo de 3,5. Os seus efeitos podem ser diretos, quando houver efeito de íons
H+ sobre as células; ou indiretos, quando afetam a disponibilidade
de íons essenciais para o desenvolvimento da planta.
A solução pode ser apresentar ácida,
alcalina ou neutra. Valores baixos (acidez < 5,5) provocam uma competição
entre o íon H+ e os diversos cátions essenciais (NH+-,
Ca2+, Mg2+, K+, Cu2+, Fe2+,
Mn2+, Zn2+) e valores elevados acidez > 6,5 e
alcalinidade) favorecem a diminuição de ânios (NO3-, H2PO42-,
MoO4-). Valores inadequados podem levar à precipitação de
elementos.
Apesar de todos os fatores acima
mencionados serem importantes no manejo da solução nutritiva, três aspectos
devem sofrer controle diário, entre eles:
1º) Complementação do volume gasto
sempre com água;
2º) Ajuste do pH da solução;
3º) Monitoramento do consumo de
nutrientes através da condutividade elétrica da solução.
A – Nível da Solução Nutritiva
A solução é consumida pela planta e
diariamente observa-se uma redução do seu volume no tanque de solução. Esse
volume deverá ser reposto todos os dias não com solução nutritiva e sim com
água pura. Pois as plantas absorvem muito mais água do que nutrientes e como a
solução nutritiva é uma solução salina a reposição diária com solução leva a
uma salinização deste meio, chegando a um ponto que a quantidade de sais
dissolvida é maior do que as raízes podem suportar. Se isto ocorrer as plantas
cessam seu crescimento, devido não a falta de nutrientes, mas a um potencial
osmótico muito elevado no sistema radicular.
B – pH da Solução Nutritiva
Durante o processo de absorção de
nutrientes as raízes das plantas vão alterando o pH da solução nutritiva. Esse
pH significa a acidez ou basicidade da solução nutritiva. As plantas têm o seu
desenvolvimento máximo entre pH 5,5 a 6,5 e à medida que elas crescem elas
alteram esse pH da solução nutritiva. Por essa razão diariamente após completar
o volume da solução com água o pH da solução deve ser medido, Se estiver fora
desta faixa de 5,5 a 6,5, ele deverá ser ajustado com ácido se estiver acima de
6,5 e, com base caso esteja abaixo de 5,5: isto é importante para que a planta
tenha condições de absorver todos os nutrientes na quantidade que ela
necessitar para o seu crescimento.
C – Condutividade Elétrica
À medida que as plantas crescem os
nutrientes da solução vão sendo consumidos e esta solução vai se esgotando.
Chega a um ponto que a solução não consegue mais fornecer os nutrientes
necessários ao desenvolvimento das plantas. Nesse ponto a solução deve ser
trocada. Um dos maiores problemas é saber quando esta troca deve ser realizada.
É muito comum que se usem intervalos iguais entre trocas, o que não é correto,
pois no início do desenvolvimento as plantas consomem muito menos que no final
do seu desenvolvimento.
Para contornar esta situação a maneira
mais fácil e simples é usar um condutivímetro. Uma solução que contêm sais tem
a capacidade de conduzir a corrente elétrica. Essa capacidade de condução da
corrente elétrica é tanto maior quanto maior a concentração de sais dissolvidos
na solução. Assim através da redução na condutividade elétrica é possível saber
quando é necessário fazer a troca da solução nutritiva.
Um exemplo de manejo da solução
nutritiva é sugerido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), citado por
Furlani et. al. (1999), que utiliza o critério da manutenção da condutividade
elétrica, mediante a adição de solução de ajuste com composições químicas que
apresentam uma relação entre os nutrientes semelhante à extraída pela planta
cultivada. Furlani et. al.
(1999) sugere as formulações constantes dos quadros 06 e 07 para o
preparo e manejo da solução nutritiva respectivamente.
Após a adição da última solução
concentrada, acrescentar água até atingir o volume de 1.000 L. Tomar a medida
da condutividade elétrica. O valor da condutividade elétrica (CE) da solução
nutritiva do IAC situa-se ao redor de 2,0 mS ou 2.000 mSou 1.280 ppm ou 20 CF (1 mS = 1.000 mS; 640 ppm = 1.000 mS;
1 CF = 100 mS). Pequena variação poderá
ser encontrada em função da composição química da água usada para o seu
preparo.
No caso de se optar pelo uso de uma
solução nutritiva com condutividade de 1,0 ou 1,5 mS ou 1.000 ou 1.500 mS (recomendado para o verão e para locais de
clima quente – região Norte e Nordeste), basta multiplicar por 0,50 ou 0,75 os
valores das quantidades indicadas dos macronutrientes, mantendo em 100% os
micronutrientes.
É conveniente que o volume do depósito
seja completado quantas vezes forem necessárias durante o dia para evitar
elevação muito grande na concentração salina da solução nutritiva. Para o
manejo da solução durante a fase de desenvolvimento das plantas, seguir o seguinte
procedimento: (a) diariamente, logo pela manhã, fechar o registro de irrigação,
esperar toda a solução voltar ao depósito e completar o volume do reservatório
com água e homogeneizar a solução nutritiva; (b) proceder à leitura da
condutividade elétrica, retirando uma amostra do reservatório; (c) para cada
diferença na condutividade inicial de 0,25 mS ou 250 mS ou 150 ppm, adicionar 1 L da solução A, 1 L da solução B e 50
mL da solução C (Quadro 07). Para os micronutrientes, a reposição também pode
ser semanal, em vez de diária, através da solução C, adicionando 25% da
quantidade de Fe e 50% dos demais micronutrientes, conforme o quadro 06; (d)
após a adição das soluções e homogeneização da solução nutritiva, efetuar nova
leitura; caso esteja na faixa adotada, abrir o registro de irrigação das
plantas. É conveniente manter o reservatório de solução nutritiva sempre em
nível constante, acrescentando água para repor o volume evapotranspirado. Se
for favorável, o volume poderá ser completado à tarde e a condutividade
elétrica medida e corrigida na manhã do dia seguinte.
Quadro 07 – Composição das
soluções de ajuste para as culturas de hortaliças de folhas.
Solução
|
Sal ou
fertilizante
|
Quantidade
|
|
|
g/10L
|
A
|
Nitrato de potássio
|
1.200
|
|
Fosfato monoamônio purificado
|
200
|
|
Sulfato de magnésio
|
240
|
B
|
Nitrato de cálcio Hydros® especial
|
600
|
C
|
Sulfato de cobre
|
1,0
|
|
Sulfato de zinco
|
2,0
|
|
Sulfato de manganês
|
10,0
|
|
Ácido bórico ou
|
5,0
|
|
Bórax
|
8,0
|
|
Molibdato de sódio ou
|
1,0
|
|
Molibdato de amônio
|
1,0
|
|
Tenso-Fe® (Fe EDDHMA-6% Fe) ou
|
20,0
|
|
Dissolvine® (FeEDTA-13% Fe) ou
|
10,00
|
|
Ferrilene® (FeEDDHA-6% Fe) ou
|
20,0
|
|
FeEDTANa2 (10 mg/ml de Fe)
|
120 ml
|
Como conseqüência dessas adições ao longo do tempo
para repor as perdas por evapotranspiração (o consumo médio de água num cultivo
de alface hidropônica situa-se entre 75 a 100 ml/planta/dia), poderá ocorrer
desequilíbrio entre os nutrientes na solução nutritiva, com excesso de Ca e Mg
em relação a K. Para contornar esse desequilíbrio, deve-se proceder à análise
química da solução nutritiva e efetuar as correções nos níveis dos nutrientes,
ou então renovar a solução nutritiva quando as quantidades dos nutrientes
acrescentados com a água atingirem valores maiores do que os iniciais.
A renovação da solução nutritiva também
é recomendada para evitar aumento nas concentrações de material orgânico
(restos de planta, exsudados de raízes e crescimento de algas) que pode servir
como substrato para o desenvolvimento de microorganismos maléficos. Além disso,
quando a água usada para o cultivo hidropônico apresentar CE entre 0,2-0,4 mS,
há uma indicação que possui sais dissolvidos (carbonatos, bicarbonatos, Na, Ca,
K, Mg, S, etc.) e com o tempo de cultivo e sua constante adição para repor as
perdas evapotranspiradas, ocorrerá uma diminuição gradativa da CE efetiva dos
nutrientes em função do acúmulo de elementos indesejáveis.
8. Produção de Mudas para Hidroponia do tomate
Os produtores hidropônicos podem
produzir suas próprias mudas ou adquirir as mesmas de viveiros idôneos que
produzam mudas sadias e com garantia de qualidade.
No caso de se optar por produzir as
próprias mudas os produtores devem adquirir sementes de firmas idôneas e
escolher as variedades adaptadas à região.
Além de verificar a qualidade
fisiológica, sanitária e genética, deve-se adquirir de preferência, sementes
peletizadas, que facilitam o trabalho de plantio, pois facilitam a semeadura e
dispensam o desbaste. As sementes peletizadas têm alto vigor, poder germinativo
superior a 90%, pureza superior a 99% e homogeneidade de germinação.
As sementes peletizadas recebem
tratamento denominados “priming”, que reduz o problema da maioria dos
cultivares como a fotodormência (luz para poder germinar) e a termodormência
(não germina em temperaturas acima de 23ºC). Embora esse tratamento seja muito
eficiente para acelerar o processo de germinação, reduz a longevidade das
sementes. Portanto, após a abertura de uma lata de sementes, mesmo com
armazenamento adequado, deve-se consumí-la rapidamente (Furlani et. al., 1999).
Segundo Alberoni (1998), as mudas devem
ser produzidas em estufa-maternidade, coberta por filme plástico aditivado
anti-UV e antigotejo, fechada lateralmente por tela sombrite 50%, que evita a
entrada de 50% de luz e de insetos transmissores de doenças. A estufa-maternidade
deve permanecer sempre limpa e muito bem fechada, evitando-se a entrada de
pessoas que possam trazer qualquer tipo de contaminação.
São quatro os principais tipos de
substratos usados para produção de mudas para cultivo hidropônico. São eles:
substrato organo-mineral, vermiculita, algodão hidrófilo e espuma fenólica.
Atualmente, tem-se usado muito a espuma fenólica, por uma série de vantagens
que apresenta quando comparada com os outros substratos.
Segundo Furlani et. al. (1999), a espuma fenólica é um
substrato estéril, de fácil manuseio e que oferece ótima sustentação para as
plântulas, reduzindo sensivelmente os danos durante a operação de transplantio.
Dispensa tanto o uso de bandejas de isopor como a construção do “floating”,
pois após a emergência as mudas são transplantadas diretamente para os canais
de crescimento. É comercializado em placas com 2 cm ou 4 cm de espessura e com
células pré-marcadas nas dimensões de 2 cm x 2 cm.
A seguir, é apresentado o procedimento
recomendado para produção de mudas em placas de espuma fenólica.
a) Dividir a placa de espuma fenólica ao
meio:
b) Lavar muito bem cada placa com água
limpa. Uma maneira fácil de efetuar essa operação é enxaguar as placas diversas
vezes para eliminar possíveis compostos ácidos remanescentes de sua fabricação.
O uso de um tanque com dreno facilita o trabalho. Para evitar que a placa de
espuma se quebre, usar um suporte com perfurações que poderá ser, por exemplo,
a parte dorsal (base) de uma bandeja de isopor ou uma chapa de madeira, plástico,
PVC ou acrílico com perfurações de 0,5-1,0 cm de diâmetro, alocadas de forma
aleatória. Essas perfurações auxiliam a drenagem do excesso de água da espuma
fenólica;
c) Caso as células não estejam
perfuradas para a semeadura, efetuar as perfurações usando qualquer tipo de
marcador com diâmetro máximo de 1,0 cm, cuidando para que os orifícios fiquem
com no máximo 1 cm de profundidade. O orifício de forma cônica possibilita
melhor acomodamento da semente e evita compactação da base, favorecendo a penetração
da raiz na espuma fenólica.
d) Efetuar a semeadura conforme
determinado para cada espécie de hortaliça. No caso da alface, usar apenas uma
semente se for peletizada, ou no máximo três, se se tratar de sementes nuas
(nesse caso, há necessidade de efetuar o desbaste após a emergência, deixando
apenas uma plântula por célula). Para as outras hortaliças de folhas, como
rúcula, agrião d’água, almeirão, salsa e cebolinha, usar quatro a seis sementes
por orifício;
e) Após a semeadura, caso haja
necessidade, irrigar levemente a placa com água, usando um pulverizador ou
regador com crivo fino;
f) Colocar a bandeja com a placa já
semeada em local apropriado para a germinação de sementes (temperatura amena e
com pouca variação: de 20 a 25ºC). É comum não haver necessidade de irrigação
da espuma durante o período de 48 horas após a semeadura. Entretanto, se for
preciso, umedecer a placa de espuma fenólica por subirrigação, usando apenas
água;
g) No período de quarenta e oito a
setenta e duas horas após a semeadura, transferir as placas para a estufa,
acomodando-as num local com luminosidade plena. Iniciar a subirrigação com a
solução nutritiva diluída a 50%. A espuma deve ser mantida úmida, porém não
encharcada. Quando a semente iniciar a emissão da primeira folha verdadeira
(cerca de 7 a 10 dias após a semeadura), efetuar o transplante das células
contendo as plantas para a mesa de desenvolvimento das mudas, mantendo um
espaçamento entre células de 5 cm x 5 cm, caso essa mesa tenha canaletas de PVC
de 50 mm, ou 7,5 cm x 5 cm, caso seja feita com telha de fibrocimento de 4 mm.
Para facilitar o transplante das células de espuma para a canaleta, usar uma
pinça (tira dobrada) de PVC com 1 cm de largura) para auxiliar a colocação de
cada muda no fundo da canaleta. O orifício na placa de isopor de cobertura da
mesa deve ser de no máximo 3,5 cm de diâmetro.
h) Quando da transferência das mudas
para a mesa definitiva ou para a mesa intermediária, tomar cuidado para que o
sistema radicular fique bem acomodado na canaleta de crescimento. O cubo de
espuma fenólica permanece intacto com a planta até a fase final de colheita.
9. Doenças e Pragas na Hidroponia DO TOMATE
Quando se trabalha com hidroponia, a
incidência de pragas e doenças é menor. Quando ocorrem, entretanto, é difícil
decidir o que fazer: os produtos que controlam são testados para registro em
cultivo tradicional e, por outro lado, um dos pontos fortes para a
comercialização do produto hidropônico é poder propagar que não se emprega
fungicidas e inseticidas no processo de cultivo. (Teixeira, 1996).
Produzir em hidroponia não significa,
necessariamente, produzir sem agrotóxicos. Mesmo em hidroponia, ocorrem doenças
e ataques de insetos. Naturalmente que as ocorrências são esporádicas, pois as
plantas são mais protegidas das adversidades do clima, dos patógenos e dos
insetos, além de serem melhor nutridas durante o ciclo.
Por outro lado, uma estufa mal
planejada, ou um manejo inadequado das cortinas, ou ainda uma solução nutritiva
com problemas, pode favorecer o ataque de doenças. Um ambiente quente, úmido e
mal ventilado é “doença na certa”. Na hidroponia, uma vez estabelecida a
doença, seu alastramento é rápido e fulminante. O mesmo acontece quando se
permite o ataque de insetos. Uma vez estabelecido uma infestação, tem-se que
tomar medidas rápidas de controle, principalmente quando se pretende produzir
sem agrotóxicos. (www.labhidro.cca.ufsc.br).
As principais doenças que ocorrem em
hidroponia atingem principalmente as raízes (contaminação da fonte de água) e,
uma vez introduzidas, são altamente favorecidas pelo sistema, pelas seguintes
razões:
·
cultivo adensado – proximidade entre as plantas, facilitando o contato
das sadias com as contaminadas;
·
temperatura e umidade ideais ao desenvolvimento do fitopatógeno;
·
uniformidade genética – utiliza-se do plantio de uma ou, no máximo, duas
variedades diferentes;
·
facilidade de disseminação em todo o sistema, através da solução
recirculante;
·
liberação de exudatos, atrativos para os patógenos.
Existem diversas formas pela qual um
patógeno pode ser introduzido no sistema: ar, areia, solo, turfa, substratos,
água, insetos, ferramentas e sementes, entre outras.
·
A areia, constituinte do piso das estufas, pode conter propágulos de Pythium
sp. Com relação aos patógenos de raiz, poucos são disseminados pelo ar, mas
causa preocupação o Fusarium oxysporum, causador da podridão da raiz do
tomateiro.
·
A utilização de sementes cujos fabricantes dão garantia de qualidade e
sanidade evita a ocorrência de muitas doenças.
·
Os substratos utilizados devem ser inertes, pois no caso do uso de
turfas pode haver contaminação por Pythium, Fusarium ou Thelaviopsis.
·
Alguns insetos, que normalmente ocorrem em um sistema hidropônico, não
são considerados pragas e, com isso, não recebem a menor atenção. Mas eles
podem ser importantes transmissores de patógenos, tanto pela sua introdução no
sistema como pela sua disseminação. (Alberoni, 1998).
Quando ocorre a contaminação do sistema
hidropônico o controle é difícil, uma vez que os patógenos se disseminam
rapidamente, principalmente através da solução nutritiva, não sendo
recomendados os métodos utilizados no cultivo convencional.
O que se pode recomendar é, em primeiro
lugar, que se mantenha a instalação limpa. Quando não se puder evitar os
produtos para controlar a infestação, trabalhar, sempre que possível, com
produtos biológicos, caso contrário, então, empregar os produtos químicos menos
tóxicos e respeitar os prazos de carência. (Teixeira, 1996).
Muitas vezes é necessária a adoção de
mais de um método de controle, sendo eles:
·
Controle da temperatura da solução nutritiva – cada patógeno tem uma
temperatura ideal e tolerante para o seu desenvolvimento;
·
Arrancar imediatamente as plantas contaminadas;
·
Identificar qual a doença ou praga e estudar tudo sobre ela;
·
Retirar a solução nutritiva para a desinfecção do reservatório e de toda
a tubulação;
·
Trocar a solução e desinfetar as instalações mais rapidamente;
·
Antecipar as colheitas, podendo chegar ao caso de colocar duas ou mais
plantas por embalagem de venda;
·
Rever o que pode ser melhorado nas estruturas, no manejo e na solução
nutritiva;
·
Anotar a época de ocorrência da contaminação para se prevenir no próximo
ano;
·
Tentar modificar as condições que são ótimas para o desenvolvimento do
patógeno.
Segundo Alberoni (1998), dadas as
dificuldades do controle dos patógenos e a não existência de produtos
específicos para a hidroponia, a única solução é a prevenção, ou seja, a
profilaxia;
·
utilizar água de boa qualidade;
·
reservatórios protegidos de contaminação;
·
lavar as bancadas, canais e equipamentos com cloro ativo a 0,1%;
·
utilizar variedades resistentes;
·
utilizar substratos inertes;
·
sementes sadias e sementeiras isoladas do sistema de produção;
·
evitar a entrada de insetos, principalmente na área de produção de
mudas;
·
proibir a entrada de pessoas estranhas ao sistema;
·
evitar que fumem dentro do sistema: o fumo contém um vírus que pode infectar
toda a produção.
Em relação ao cultivo convencional, a
ocorrência de patógenos relacionados à hidroponia é relativamente menor.
Registrou-se até o momento a ocorrência de apenas quatro viroses:
·
lettuce bib vein virus (vírus da grande nervura da alface);
·
melon necrotic spot virus (vírus da mancha necrótica do melão);
·
tomato mosaic virus (vírus do mosaico do tomateiro);
·
cucumber green mottle mosaic virus (vírus do mosaico mosqueado do
pepino verde).
Duas bacterioses:
·
Clavibacter michigenense
·
Xanthomonas salacearum
E 20 fúngicas, sendo que os fungos aqui
listados, além de serem os mais freqüentes, são causadores de uma real perda
econômica:
·
Colletotrichum
·
Fusarium
· Thielaviopsis
· Verticillium
·
Pythium
·
Phytophtora
·
Plasmopara
·
Cercospora
·
Bremia
Os fungos zoospóricos (Phytophtora,
Plasmopara) têm uma fase do seu ciclo vital em que produzem esporos móveis,
favorecidos por ambientes aquáticos. Uma vez introduzido esse zoósporo no
sistema, ele é facilmente disseminado pelas plantas através da solução.
Deve-se considerar que, devido ao
microclima formado, a hidroponia pode funcionar na pressão de seleção para a
ocorrência de novos patógenos, extremamente adaptáveis a essa condição. Por
outro lado, patógenos considerados secundários no solo podem adquirir níveis
epidêmicos, ocasionando perdas econômicas, como o caso de Cercospora sp.
O acúmulo de etileno e CO2 na
solução pode causar a “podridão das raízes” sem, no entanto, haver causa
patológica. São encontrados, no local, microorganismos saprófitos que colonizam
os tecidos mortos.
DOENÇAS
Viroses do complexo do vira-cabeça do tomateiro
A doença vira-cabeça do tomateiro é causada por várias espécies de
tospovírus na família Bunyaviridae. Dentre elas, seis ocorrem no Brasil, mas
somente quatro infectam o tomateiro:
Tomato spotted wilt virus (TSWV),
Tomato Chlorotic spot virus (TCSV),
Groundnut ringspot virus (GRSV)
e
Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV). As espécies TSWV, TCSV,
GRSV e CSNV apresentam um amplo círculo de hospedeiros, abrangendo mais de mil
espécies botânicas, principalmente nas famílias Solanaceae e Compositae. No
Brasil, as espécies de tripes,
Frankliniella occidentalis e
F.
shultzei são importantes vetores dessas espécies de tospovírus. Uma
particularidade da transmissão do vírus pelo tripes é que o vetor somente pode
adquirir o vírus na fase de larva, tornando-se posteriormente apto a
transmiti-lo por toda a sua vida. Outra particularidade na transmissão é que
também o vírus se multiplica no vetor; portanto, a relação de transmissão é do
tipo circulativa/propagativa. Em geral, os tospovírus causam grandes prejuízos
econômicos às hortaliças e às plantas ornamentais. Surtos epidêmicos são
observados com freqüência, principalmente nas culturas de tomate, pimentão e
alface.
Os sintomas observados em plantas doentes são: arroxeamento ou bronzeamento
das folhas, ponteiro virado para baixo, redução geral do porte da planta e
lesões necróticas nas hastes (Figura 1). Quando maduros, os frutos de tomate
apresentam lesões anelares concêntricas (Figura 2). Não existem evidências de
transmissão por sementes. Atualmente existem no mercado várias
cultivares/híbridos de tomate mesa e indústria com resistência aos tospovírus,
todas portadoras do gene de resistência Sw-5.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 1
- Plantas arroxeadas.
|
|
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 2
- Frutos com manchas,
às vezes em forma de anéis.
|
|
Mosaico-do-fumo e mosaico-do-tomateiro
A virose do mosaico-do-fumo, causada pelo TMV (
Tobacco mosaic virus),
e a virose mosaico-do-tomateiro, causada pelo ToMV (
Tomato mosaic virus),
infectam diversas plantas. As perdas dependem da época de infecção, sendo
maiores em infecções precoces. No tomateiro, esses vírus causam freqüentemente
infecção latente (sem sintomas), mas estirpes severas podem induzir mosaico
suave alternado com embolhamento foliar (Figura 3). No campo, a transmissão
desses vírus é exclusivamente mecânica, por meio do contato direto entre
plantas e mãos de operários. Outra forma de transmissão muito eficiente é por
meio de sementes contaminadas.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 3
- Folhas com manchas de
diferentes tonalidades de verde.
|
Risca do tomateiro e mosaico (Potyvirus)
Duas espécies de potyvirus infectam o tomateiro: uma estirpe do vírus Y da
batata (
Potato virus Y – PVY) e o mosaico amarelo do pimentão (
Pepper
yellow mosaic virus – PepYMV). A transmissão desses vírus se dá por meio
de várias espécies de pulgões ou afídeos através de picadas de prova
(transmissão não persistente); portanto, a transmissão do vírus ocorre em
segundos. As formas aladas são mais importantes, epidemiologicamente, do que as
formas ápteras. As infecções após a floração são menos danosas. O sintoma do
PVY no tomateiro manifesta-se como mosaico e necrose generalizada das nervuras
das folhas, ficando a planta com aparência de pinheiro de Natal. O PepYMV induz
mosaico e deformação foliar.
Topo-amarelo e Amarelo-baixeiro
Essas doenças são causadas por vírus de um mesmo grupo (Luteovirus), ao qual
também pertence o vírus-do-enrolamento-da-folha da batata. A doença
topo-amarelo caracteriza-se pela presença de folíolos pequenos, com bordas
amareladas e enroladas para cima, assemelhando-se a pequenas colheres. As
plantas com amarelo-baixeiro apresentam as folhas de baixo geralmente
amareladas e cloróticas (Figura 4). A transmissão é exclusivamente por pulgão,
que, uma vez tendo adquirido o vírus, pode transmiti-lo por toda a vida, de
modo persistente. A ocorrência dessas viroses é esporádica, mas surtos epidêmicos
podem ocorrer.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 4
- Amarelecimento e deformação
das folhas mais novas.
|
Geminiviroses
No Brasil, sem dúvida são os vírus que mais causam danos econômicos à
cultura do tomate. Na última década, surtos epidêmicos de geminiviroses
passaram a ocorrer em todas as regiões produtoras de tomate do Brasil,
associados à introdução, no País, do novo biótipo de mosca branca,
Bemisia
tabaci biótipo B, também referida como
B.
argentifolii.
Sendo a mosca branca um vetor muito móvel e com amplo círculo de hospedeiros,
uma grande diversidade de espécies de geminivírus que estavam restritas às ervas
daninhas migraram para o tomateiro. No presente, pelo menos seis novas espécies
de geminivírus já estão relatadas no tomateiro, mas sua distinção no campo por
meio de sintomatologia é impossível. Em geral, os sintomas manifestam-se como
clorose das nervuras (Figura 5), a partir da base da folha, seguido de mosaico
amarelo, rugosidade e até mesmo enrolamento das folhas (Figura 6). Quando a
infecção é precoce, as perdas são totais e o controle é muito difícil, em razão
da alta população de mosca branca presente no campo. A transmissão do vírus
pela mosca branca é do tipo persistente ou circulativa, isto é, uma vez
adquirido o vírus, a mosca passa a transmiti-lo por toda a sua vida.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 5
- Com amarelecimento
internerval.
|
|
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 6
- Plantas subdesenvolvidas
e com folhas deformadas.
|
|
Controle das viroses
Para o controle de viroses, devem ser tomadas medidas preventivas e em
conjunto por todos os produtores da região, pois não existem medidas curativas.
Recomenda-se: plantar sementes de boa procedência, ou, caso se faça a produção
própria, observar os cuidados constantes no item Produção de sementes; produzir
mudas em viveiro ou telado à prova de insetos e em local isolado de campos
cultivados com plantas hospedeiras, principalmente solanáceas e compostas;
manter sempre limpas as mãos, instrumentos e implementos, lavando-os com sabão
ou detergente após cada operação; nunca fumar durante o manuseio das mudas;
evitar plantios seqüenciados e, se isso não for possível, não fazer novos
plantios ao lado de campos abandonados com alta incidência de viroses;
controlar adequadamente as plantas daninhas.
A aplicação de inseticidas não tem qualquer efeito no controle de viroses de
transmissão não-persistente, como os potyvirus. Para vírus transmitidos de
forma persistente ou circulativa, a utilização de inseticidas pode ter um
efeito de reduzir a incidência da doença, desde que as medidas anteriores
tenham sido observadas.
2
Sitema :Cultivo de Tomate para Industrialização
Importância econômica
A produção mundial de tomate para processamento industrial no ano 2000 foi
de aproximadamente 27 milhões de toneladas. O Brasil, um dos maiores produtores
mundiais, produziu em 2002 cerca de 1,28 milhão de toneladas em uma área de
18,25 mil hectares, indicando que, atualmente, nossa produtividade média é de
cerca de 70 t por hectare (Tabela 1).
A produção brasileira de tomate para industrialização, ou tomate rasteiro,
começou em Pernambuco, no município de Pesqueira, no final do século XVlll.
Porém, a cultura experimentou um grande impulso apenas a partir da década de
1950, no Estado de São Paulo, viabilizando a implantação de diversas
agroindústrias. Na década de 80, ela expandiu-se na região Nordeste,
especialmente em Pernambuco e no Norte da Bahia. Em virtude das condições
climáticas favoráveis existentes naquela região, imaginou-se a possibilidade de
cultivar o tomateiro durante um maior período do ano, com a expectativa de
evitar a formação de estoques de polpa e reduzir o período de ociosidade da
indústria na entressafra. A partir de 1991, ocorreu redução da área plantada,
provocada pela maior oferta de polpa no mercado internacional e pelo ataque
severo da traça-do-tomateiro (
Tuta absoluta).
Atualmente, a maior área cultivada com tomate industrial está na região
Centro-Oeste, onde o clima seco durante os meses de março a setembro favorece o
cultivo do tomateiro. Os solos profundos e bem drenados e a topografia plana
facilitam a mecanização e permitem o uso de grandes sistemas de irrigação.
O cultivo do tomateiro exige um alto nível tecnológico e intensa utilização
de mão-de-obra. Apesar do elevado índice de mecanização nas operações de
preparo de solo, adubação, transplantio, irrigação e pulverização; é necessário
empregar cerca de 100 homens-dia por hectare na execução das tarefas de capinas
e colheitas manuais, o que dá a essa cultura elevada importância econômica e
social.
Como todo produto destinado ao processamento em larga escala, os preços dos
produtos derivados de tomate são muito influenciados pelo mercado
internacional. Por isso, a tecnologia de produção deve buscar competitividade,
reduzindo custos de produção e elevando os índices de produtividade e
qualidade.
Tabela 1. Área
cultivada e produção brasileira de tomate industrial, 1990-2002
|
Ano
|
Nordeste (PE/BA)
|
São Paulo
|
Cerrado (GO/MG)
|
Brasil
|
Área
|
Produção
|
Área
|
Produção
|
Área
|
Produção
|
Área
|
Produção
|
ha
|
t
|
ha
|
T
|
ha
|
t
|
ha
|
t
|
t/ha
|
1990
|
12.422
|
337.000
|
8.260
|
297.400
|
6.410
|
300.000
|
27.092
|
934.400
|
34,6
|
1991
|
6.877
|
291.000
|
7.620
|
301.000
|
5.050
|
168.000
|
19.547
|
760.000
|
38,9
|
1992
|
4.485
|
190.000
|
7.250
|
287.000
|
9.980
|
230.000
|
16.715
|
707.700
|
42,3
|
1993
|
5.200
|
180.000
|
5.690
|
237.360
|
6.314
|
273.000
|
17.204
|
690.300
|
40,1
|
1994
|
5.836
|
212.000
|
6.380
|
275.480
|
6.184
|
253.000
|
18.400
|
740.000
|
40,2
|
1995
|
6.000
|
235.500
|
5.560
|
267.300
|
6.000
|
258.500
|
17.560
|
761.300
|
43,2
|
1996
|
6.350
|
259.080
|
4.560
|
226.080
|
5.950
|
264.775
|
16.860
|
749.938
|
44,4
|
1997
|
8.600
|
160.000
|
4.407
|
322.538
|
9.300
|
613.000
|
22.307
|
1.095.538
|
49,0
|
1998
|
6.500
|
130.000
|
4.900
|
250.000
|
9.100
|
637.000
|
20.500
|
1.017.000
|
49,6
|
1999
|
2.850
|
106.000
|
4.300
|
238.000
|
13.400
|
951.000
|
20.550
|
1.295.000
|
63,0
|
2000
|
1.370
|
65.000
|
2.040
|
141.000
|
11.450
|
787.500
|
14.860
|
1.059500
|
66,9
|
2001
|
1.350
|
54.000
|
1.680
|
122.200
|
12.100
|
962.000
|
15.130
|
1.138.000
|
75,2
|
2002*
|
1.200
|
60.000
|
2.750
|
142.000
|
14.300
|
1.082.000
|
18.250
|
1.284.000
|
70,4
|
* Estimativa das indústrias
|
Fonte: Informações prestadas pelas Agroindústrias
|
Composição
nutricional
O fruto do tomateiro possui em sua composição
de 93% a 95% de água. Nos 5% a 7% restantes, encontram-se compostos
inorgânicos, ácidos orgânicos, açúcares, sólidos insolúveis em álcool e outros
compostos (Tabela 1).
Embora as vitaminas estejam presentes em uma
pequena proporção do total da matéria seca, essas substâncias são importantes
do ponto de vista nutricional (Tabela 2).
A composição dos frutos de tomate para
indústria vem sendo alterada por meio de melhoramento genético com o objetivo
de selecionar cultivares com características desejáveis para o processamento. A
composição dos frutos é uma característica da cultivar, mas também pode ser
influenciada pelas condições climáticas da região produtora.
Durante o processo de maturação dos frutos,
ocorrem grandes transformações em suas características. Conseqüentemente, para
uma comparação mais precisa das características químicas e bioquímicas entre as
distintas cultivares, é necessária uma amostragem bastante cuidadosa visando
comparar os frutos no mesmo estádio de maturação fisiológica. O processamento
industrial também altera a composição da matéria-prima.
Tabela 1. Composição dos frutos maduros de tomate
(% na matéria seca).
|
Açúcares (sólidos solúveis)
|
|
Glucose
|
22
|
Frutose
|
25
|
Sucrose
|
1
|
Sólidos insolúveis em álcool
|
|
Proteínas
|
8
|
Substâncias pécticas
|
7
|
Hemicelulose
|
4
|
Celulose
|
6
|
Ácidos orgânicos
|
|
Ácido cítrico
|
9
|
Ácido málico
|
4
|
Minerais
|
|
Principalmente K, Ca, Mg e P
|
8
|
Outros
|
|
Lipídios
|
2
|
Aminoácidos dicarboxílicos
|
2
|
Pigmentos
|
0,4
|
Ácido ascórbico
|
0,5
|
Voláteis
|
0,1
|
Outros aminoácidos, vitaminas e polifenóis
|
1,0
|
|
Tabela 2. Teores de vitaminas nos frutos maduros
de tomate (valores médios por 100 g de fruto fresco).
|
|
Vitamina A (b-caroteno)
|
900 – 1271
i.u.*
|
|
Vitamina B1 (tiamina)
|
50 – 60 m g
|
|
Vitamina B2 (riboflavina)
|
20 – 50 m g
|
|
Vitamina B3 (ácido pantotênico)
|
50 – 750 m g
|
|
Vitamina do complexo B6
|
80 – 110 m g
|
|
Ácido nicotínico (niacina)
|
500 – 700 m
g
|
|
Ácido fólico
|
6,4 – 20 m g
|
|
Biotina
|
1,2 – 4,0 m
g
|
|
Vitamina C
|
15000 –
23000 m g
|
|
Vitamina E (a-tocoferol)
|
40 – 1200 m
g
|
|
* 1 i.u.
(unidade internacional) = 0,6 m g de b-caroteno.
|
|
|
|
|
|
Clima
O tomateiro é originário da costa oeste da América do Sul, onde as
temperaturas são moderadas (médias de 15 ºC a 19 ºC) e as precipitações
pluviométricas não são muito intensas. Entretanto, floresce e frutifica em
condições climáticas bastante variáveis. A planta pode desenvolver-se em climas
do tipo tropical de altitude, subtropical e temperado, permitindo seu cultivo
em diversas regiões do mundo.
Fatores climáticos que afetam o desenvolvimento do
tomateiro
Temperatura
A maioria dos trabalhos indica que a faixa de temperatura mínima para
germinação da semente de tomateiro é de 8 a 11 ºC, sendo que a faixa de
temperatura ótima para germinação situa-se entre 16 e 29 ºC (Tabela 1).
A temperatura média no período de cultivo deve ser de 21 ºC, mas a planta
pode tolerar uma amplitude de 10 a 34 ºC. Quando submetida a temperaturas
inferiores a 12 ºC, a planta de tomateiro tem seu crescimento reduzido, sendo
sensível a geadas. A antese da primeira flor do primeiro cacho de plantas
submetidas a uma temperatura média do ar de 20 ºC ocorre, normalmente, 12 dias
mais cedo do que a de plantas que se desenvolvem com temperatura média de 16
ºC.
Em temperaturas médias superiores a 28 ºC, formam-se frutos com coloração
amarelada (Figura 1) em razão da redução da síntese de licopeno (responsável
pela coloração vermelha típica dos frutos) e aumenta a concentração de caroteno
(pigmento que confere coloração amarelada à polpa). Temperaturas noturnas
próximas a 32 ºC causam abortamento de flores, mau desenvolvimento dos frutos e
formação de frutos ocos. A produção de pólen é afetada tanto por temperaturas
altas (> 40 ºC) quanto por temperaturas baixas (< 10 ºC).
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 1 -
Frutos descoloridos resultantes
da ocorrência de altas temperaturas.
|
Temperaturas superiores a 26 ºC causam redução no ciclo da cultura. Esse
fator deve ser considerado pelas firmas processadoras na fase de programação de
colheita para evitar acúmulo de maturação de frutos em um mesmo período. A
utilização de cultivares com diferentes ciclos de maturação, juntamente com uma
boa programação de plantio, pode auxiliar no escalonamento da colheita.
Precipitação pluvial
Embora o tomateiro seja uma planta muito exigente em água, o excesso de
chuvas pode limitar seu cultivo. Altos índices pluviométricos e alta umidade
relativa favorecem a ocorrência de doenças, exigindo constantes pulverizações
de agrotóxicos. O excesso de chuva ou de aplicação de água por irrigação
prejudica também a qualidade dos frutos, por causa da redução do teor de
sólidos solúveis (º Brix) e do aumento de fungos na polpa. Em solos mal
drenados, pode ocorrer acúmulo de umidade, com limitação de crescimento
radicular, tornando as plantas menos eficientes na absorção de nutrientes e
mais suscetíveis às variações da umidade do solo.
Fotoperíodo
O tomateiro não responde significativamente ao fotoperíodo, desenvolvendo-se
bem tanto em condições de dias curtos quanto de dias longos. O fotoperíodo
exerce pouca influência no florescimento de
L. esculentum. Entretanto,
algumas espécies silvestres só florescem em dias curtos.
Pouca luminosidade provoca um aumento da fase vegetativa, retardando o
início do florescimento.
Umidade relativa
Em regiões de alta umidade relativa ocorre a formação de orvalho e as folhas
se mantêm úmidas por longo período do dia, principalmente aquelas localizadas
na parte inferior das plantas. Isso favorece o desenvolvimento de doenças,
principalmente as causadas por fungos e bactérias (ver capítulo de doenças).
Por ocasião da escolha da área, devem-se evitar locais de baixadas e vales,
onde geralmente é menor a circulação do ar e, portanto, maior o período de
permanência do orvalho nas plantas, especialmente nas partes mais sombreadas.
Granizo
Dependendo da intensidade, o granizo pode danificar frutos, folhas e caules
(Figura 2), causando enormes perdas ou promovendo proliferação de doenças.
Áreas com alta probabilidade de ocorrência de granizo não devem ser utilizadas.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 2-
Danos nos frutos e na
planta causados por granizo.
|
Época de Plantio
O tomate para processamento industrial deve ser preferencialmente plantado
em épocas ou em locais de pouca precipitação pluvial e baixa umidade relativa
do ar.
No oeste do Estado de São Paulo, o plantio é recomendado de fevereiro a
meados de junho. Plantios antecipados (janeiro), embora comumente realizados
nessa região, podem ser prejudicados por excesso de chuvas que propiciam a
ocorrência da mancha-bacteriana. Nesse caso, devem-se utilizar cultivares mais
tolerantes a essa bacteriose e um maior espaçamento entre plantas. Plantios
mais tardios (junho/julho) sujeitarão a lavoura a chuvas durante o período de
colheita e a maiores infestações de traça-do-tomateiro, prejudicando a
qualidade do produto.
Na Região Nordeste, no Alto, Médio e Submédio São Francisco, a época de
plantio mais recomendada é também de março a meados de junho, quando ocorrem
temperaturas mais amenas e menor precipitação pluvial. Plantios mais tardios
ficam sujeitos a maiores danos pela traça-do-tomateiro. Na região de
Pesqueira-PE, onde predominam os cultivos não-irrigados, a época de plantio
mais recomendada é do início de março até o final de abril. Visando implementar
um programa de manejo integrado de pragas para a região de plantio nos Estados
de Pernambuco e da Bahia, o Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da
Reforma Agrária estabeleceu, pela Portaria nº 53, de 27/02/1992, os períodos
limites para o plantio de tomate naquela região e ainda condicionou a concessão
de crédito apenas para os produtores que obedecerem ao cronograma de plantio e
que destruírem os restos culturais imediatamente após a última colheita.
Na Região Centro-Oeste, os plantios podem ser iniciados na segunda quinzena
de fevereiro, podendo estender-se até meados de junho. Em fevereiro, os
plantios são dificultados pela alta incidência de chuvas no período.
Utilizando-se o sistema de produção de mudas em ambiente protegido para
posterior transplante, é possível antecipar o início dos plantios no campo.
Entretanto, em anos chuvosos, o uso das máquinas de transplante de mudas fica
prejudicado, dificultando a antecipação dos plantios.
Tabela 1. Temperaturas para os diferentes
estádios de desenvolvimento do tomateiro.
|
Estádio de desenvolvimento
|
Temperatura (º C)
|
Mínima
|
Ótima
|
Máxima
|
Germinação |
11
|
16 a 29
|
34
|
Crescimento vegetativo |
18
|
21 a 24
|
32
|
Pegamento de frutos (noite) |
10
|
14 a 17
|
20
|
Pegamento de frutos (dia) |
18
|
19 a 24
|
30
|
Desenvolvimento da cor vermelha |
10
|
20 a 24
|
30
|
Desenvolvimento da cor amarela |
10
|
21 a 32
|
40
|
|
Solos
Escolha da área e preparo do solo
As propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos devem ser
consideradas antes da decisão de se efetuar os plantios, devendo-se evitar
áreas que tenham possibilidade de encharcamento, com topografia muito irregular
e que apresentem manchas ou bancos de areia, cascalho ou pedras. Quanto aos
aspectos biológicos, é importante evitar áreas com presença de patógenos. Para
isso, deve-se recorrer ao histórico dos plantios anteriores, alertando-se para
a ocorrência de nematóides formadores de galhas, mofo-branco (
Sclerotinia
sclerotiorum), murcha-de-estenfílio, murcha-de-fusário e
murcha-bacteriana. Deve-se também evitar o plantio em áreas próximas às
ocupadas com outros cultivos, onde possa ocorrer a reprodução de insetos, tais
como mosca-branca, tripes e pulgões, prevenindo-se contra seus danos diretos ou
indiretos (vetores de viroses).
O excesso de restos culturais ou de plantas voluntárias diminui a eficiência
dos equipamentos utilizados no preparo do solo, resultando na necessidade de
realizar repetidamente algumas operações, tendo como conseqüência o alto
movimento de máquinas, elevação dos custos e solos irregularmente preparados.
Uma das formas de reduzir o volume dos restos culturais consiste em passar uma
grade aradora e aguardar o período de pelo menos quinze dias, para que ocorra a
decomposição parcial do material. Outra opção é realizar uma roçagem e o
enleiramento dos restos vegetais.
Quanto às propriedades físicas do solo, deve-se, sempre que possível,
escolher áreas com solos leves, ou seja, com boa distribuição das frações
granulométricas (areia, silte e argila), profundos e permeáveis.
Antes de se iniciar a operação de preparo do solo, deve-se verificar a
presença ou não de camadas adensadas. A presença e a profundidade dessas
camadas adensadas são detectadas por sondagens com penetrômetros ou pela
abertura de trincheiras. Deve-se também coletar amostras de solo para análise
química. A aplicação de calcário, se necessária, deve ser feita dois meses
antes do plantio e no período em que ainda ocorram chuvas. Quando a dosagem de
corretivo recomendada for superior a 2 t/ha, a calagem deve ser dividida em
duas aplicações, sendo a primeira antes da aração, e a segunda, após a primeira
gradagem. Quando o solo apresentar pH acima de 5,0, a correção é complementar e
o corretivo pode ser aplicado de uma só vez e incorporado.
A salinidade, ou concentração de sais solúveis no solo, avaliada pela
condutividade elétrica, deve merecer atenção especial, principalmente em
regiões onde a água de irrigação apresenta alta concentração de sais. O solo é
considerado salino quando apresenta condutividade elétrica superior a 4 ds.m-1.
Irrigação adequada e boa drenagem evitam o acúmulo de sais.
Existem várias opções de preparo do solo, e a escolha depende da
disponibilidade de equipamentos, da textura, do grau de compactação do solo e
do sistema de plantio.
Em solos compactados, a primeira operação é a subsolagem ou aração profunda
(superior a 30 cm). A subsolagem deve ser feita com baixa umidade do solo, para
ter ação lateral de quebra da camada adensada. No entanto, com solo muito seco
pode ocorrer a formação de grandes torrões, dificultando as demais operações de
preparo de solo e o plantio. Em alguns casos, é necessário realizar uma
irrigação da camada superficial antes da aração ou da subsolagem. Após a
subsolagem, deve-se usar a grade aradora e completar o destorroamento com grade
niveladora.
A compactação do solo é reduzida por meio do preparo mais profundo do solo,
evitando-se, sempre que possível, apenas o uso da grade aradora. Caso a
implantação da cultura seja feita por meio de mudas transplantadas, não há
necessidade de destorroar excessivamente o terreno, evitando-se, desse modo,
maior compactação do terreno. Com semeadura direta, é indispensável eliminar os
torrões e os restos de vegetação, que dificultam a distribuição das sementes e
a emergência das plântulas.
Atualmente, quase todas as áreas cultivadas com tomateiro destinado ao
processamento industrial são plantadas com mudas produzidas em bandejas e
transplantadas com auxílio de máquinas ou até mesmo manualmente, dispensando o
uso de canteiros.
Quando se pretende utilizar a colheita mecanizada, além de selecionar áreas
com topografia regular e de pouco declive, deve-se ter cuidado quanto à
existência de pedras, tocos e outros objetos que possam danificar o
equipamento.
Correção do solo
A utilização racional da calagem e de fertilizantes é de importância
fundamental na tomaticultura, uma vez que esses insumos representam, em média,
20% a 25% do custo de produção.
A acidez elevada afeta a disponibilidade dos nutrientes contidos no solo ou
adicionados através da adubação, influenciando a assimilação dos mesmos pelas
plantas. Estima-se que a eficiência média na assimilação dos macronutrientes
primários e secundários seja de 27% quando o pH é 4,5, e de 80% quando o pH é
próximo de 6,0, o que torna a calagem uma prática essencial.
A necessidade de calcário, com base na análise do solo, pode ser determinada
pelos seguintes métodos:
a) Método baseado nos teores de Ca + Mg trocáveis:
t/ha de calcário = [(2, 0 - (meq Ca + Mg)/dm3)] x 2
b) Método baseado nos teores de Al, Ca e Mg trocáveis (recomendado para
solos com mais de 20% de argila):
t/ha de calcário = 2, 0 x meq de Al/dm3 + [3 - (meq de Ca + Mg/dm3)]
c) Método baseado nos teores de saturação de bases:
t/ha de calcário = T(V1 – V2)/100
Onde: T (soma dos íons trocáveis) = Ca + Mg + K + (H + Al) em meq/dm3 de
solo; V2 = 70, que é a % de saturação de base recomendada para o tomateiro; V1
= saturação de bases existente no solo, calculada pela fórmula: v, = S x 100/T,
em que S (soma de bases trocáveis) = Ca + Mg + K em meq/dm3 de solo.
A quantidade de calcário determinada com base na análise de solo deve ser
corrigida de acordo com a eficiência ou poder relativo de neutralização total
(PRNT) do material a ser utilizado. É importante observar a relação entre o
preço do calcário e a sua qualidade (PRNT). Deve-se preferir o uso do calcário
dolomítico, que fornece simultaneamente cálcio e magnésio.
Adubação
0 tomateiro é considerado, dentre as hortaliças, uma das espécies mais
exigentes em adubação. Portanto, conhecer as exigências nutricionais, os
principais sintomas de deficiências e o modo de corrigi-las é fundamental para
o êxito da cultura.
A absorção de nutrientes pelo tomateiro é baixa até o aparecimento das
primeiras flores. Daí em diante, a absorção aumenta e atinge o máximo na fase
de pegamento e crescimento dos frutos (entre 40 e 70 dias após o plantio),
voltando a decrescer durante a maturação dos frutos.
A quantidade de nutrientes extraída pelo tomateiro é relativamente pequena,
mas a exigência de adubação é muito grande, pois a eficiência de absorção dos
nutrientes pela planta é baixa. Para os fertilizantes fosfatados, por exemplo,
a taxa de absorção é de aproximadamente 10%. O restante fica no solo, na forma
de resíduo, podendo ser absorvido por plantas daninhas, ser transportado pela
água ou ser retido por partículas do solo.
Em média, em cada tonelada de frutos colhidos, são
encontrados: 3 kg de nitrogênio; 0,5 kg de fósforo; 5 kg de potássio; 0,8 kg de
cálcio; 0,2 kg de magnésio e 0,7 kg de enxofre. Em relação aos micronutrientes,
as quantidades são: 5 g de boro; 25 g de zinco; 10 g de cobre; 25 g de manganês
e 25 g de ferro.
Pela análise foliar, pode-se conhecer o estado nutricional da planta. Os
níveis mais adequados estão na Tabela 1. As amostras para análise são coletadas
50 dias após o plantio, retirando-se a quarta folha a partir do ápice das
hastes. Pelo menos 20 a 30 plantas por hectare devem ser aleatoriamente
amostradas.
O uso eficiente de fertilizantes exige uma diagnose correta de possíveis
problemas de fertilidade do solo e nutrição da planta, antes e após as
adubações. O conhecimento do histórico da área deve também ser considerado,
pois os resíduos de adubações pesadas, principalmente de micronutrientes, podem
atingir níveis tóxicos. Isoladamente, a análise de solo não é um instrumento
eficaz para a definição de doses e épocas de aplicação de fertilizantes
nitrogenados. Nesse aspecto, a experiência local deve ser a base do manejo.
A adubação orgânica é recomendada nas dosagens de 2 a 10 t/ha (dependendo da
pureza) de esterco de galinha, aplicado no sulco de plantio, ou de 6 a 20 t/ha
de esterco de gado, aplicado a lanço ou no sulco. Esta prática é pouco
utilizada, uma vez que os plantios de tomate para industrialização são feitos
em grandes áreas.
A adubação verde também é uma prática recomendável, especialmente em locais
de solos intensamente cultivados, depauperados ou de baixa fertilidade natural.
A prática melhora as condições físicas do solo e reduz a população de
nematóides.
De modo geral, sugere-se a aplicação de 80 a 120 kg/ha de N, 300 a 450 kg/ha
de P205 e 50 a 100 kg/ha de K20. Entretanto, ressalta-se que as doses devem ser
ajustadas de acordo com o solo a ser fertilizado. A dose de N pode ser menor
que 80 kg/ha se o solo for rico em matéria orgânica. Para os solos intensamente
cultivados, a dose de fósforo pode ser reduzida.
Sugestões de adubação para as principais regiões produtoras
Estado de São Paulo
Nas principais regiões produtoras do Estado, é comum o uso da seguinte
adubação: 500 kg/ha da formulação 4-30-10 em pré-plantio e uma mistura de 500
kg/ha de 4-30-10 com 250 kg/ha de sulfato de amônio, aplicada em cobertura e
incorporada 30 a 35 dias após a emergência.
Região do submédio São Francisco
Em latossolos recém-desbravados, sugere-se o mesmo sistema de adubação para
os solos do Estado de São Paulo. Em solos com exploração intensiva, a adubação
com P e K deve ser feita com base na análise do solo
A adubação nitrogenada deve ser feita com 30 kg/ha de N no plantio e 60
kg/ha de N em cobertura.
Região dos Cerrados
Considerando os níveis de fertilidade obtidos pelo teor de P e K encontrados
na análise do solo, recomenda-se a aplicação das seguintes quantidades desses
elementos para a região de Brasília
A adubação nitrogenada é feita com 120 kg/ha de N, sendo que 40 a 60 kg/ha
são aplicados no plantio, juntamente com fósforo e potássio, e o restante na
forma de nitrocálcio, em cobertura, 25 a 30 dias após o plantio.
A adubação com micronutrientes deve ser feita com substâncias compostas e de
lenta solubilidade, contendo três ou mais micronutrientes (FTE BR 12).
Juntamente com a adubação de plantio, recomenda-se, em média, 80 kg/ha de FTE
ou a aplicação de bórax (30 kg/ha) mais sulfato de zinco (30 kg/ha). A
aplicação de adubos formulados contendo B e Zn é uma maneira mais prática de
uniformizar sua distribuição. Solos que apresentem teores de B e Zn menores que
1,5 e 5,0 ppm, respectivamente, devem receber adubação com estes elementos.
Na região de cerrado de Patos de Minas-MG, recomenda-se a adubação de 500 a
700 kg/ha da fórmula 4-30-10, contendo B e Zn. A mesma adubação é repetida em
cobertura, associada com a adubação nitrogenada, procurando-se elevar a dose
total de nitrogênio para 100 a 150 kg/ha. Em solos mais pobres, deve-se
utilizar 400 kg/ha de termofosfato magnesiano com micronutrientes (B, Zn, Mn,
Cu, Mo), juntamente com o adubo formulado de N , P e K .
Tabela 1. Níveis adequados de nutrientes
obtidos em análise foliar de tomateiro.
|
Nutriente
|
Teor (%)
|
Nutriente
|
Teor (ppm)
|
Nitrogênio |
4,0 a 6,0
|
Boro
|
50 a 70
|
Fósforo |
0,25 a 0,75
|
Zinco
|
60 a 70
|
Potássio |
3,0 a 5,0
|
Cobre
|
10 a 20
|
Cálcio |
1,5 a 3,0
|
Manganês
|
250 a 400
|
Magnésio |
0,4 a 0,6
|
Ferro
|
400 a 600
|
Enxofre
|
0,4 a 1,2
|
|
|
|
Deficiências nutricionais
A falta ou insuficiência de nutrientes debilita e atrasa o desenvolvimento
das plantas, que passam a apresentar sintomas de deficiência nutricional.
Os principais sintomas de deficiência nutricional, fatores associados e
medidas de correção são relacionados a seguir.
Nitrogênio: A exigência do elemento é maior nos primeiros
estádios de crescimento. Em sua falta ou insuficiência, o crescimento da planta
é retardado e as folhas mais velhas tornam-se verde-amareladas (Figura 1). Se a
falta do nutriente for prolongada, toda a planta apresentará esses sintomas. Em
casos mais severos, ocorre redução do tamanho dos folíolos, e as nervuras
principais apresentam uma coloração púrpura, contrastando com um verde-pálido
das folhas. Os botões florais amarelecem e caem.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 1 -
Clorose por deficiência de nitrogênio.
|
As condições que predispõem à deficiência são: insuficiência de fertilizante
nitrogenado, baixo nível de matéria orgânica no solo, elevado nível de matéria
orgânica não decomposta no solo, deficiência de molibdênio (Mo), compactação do
solo, intensa lixiviação e seca prolongada. A correção faz-se pela aplicação de
nitrogênio, preferencialmente na forma nítrica, em cobertura ou foliar.
Fósforo: A deficiência de fósforo é observada com
freqüência em solos de baixa fertilidade e nos que possuem elevada taxa de
adsorsão desse nutriente, como os solos de cerrados. A taxa de crescimento das
plantas é reduzida desde os primeiros estádios de desenvolvimento (Figura 2).
As folhas mais velhas adquirem coloração arroxeada, em razão do acúmulo do
pigmento antocianina (Figura 3). Em estádios de desenvolvimento mais tardios,
as folhas apresentam áreas roxo-amarronzadas que evoluem para necroses. Essas
folhas caem prematuramente, e a planta retarda sua frutificação.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 2
- Menor crescimento de plantas
por causa da deficiência de fósforo.
Semeio fora da linha de adubação
|
|
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 3
- Folhas arroxeadas em razão
da deficiência de fósforo.
|
|
A absorção de fósforo pelo tomateiro é afetada principalmente pela
concentração de fósforo na solução do solo. A acidez ou a alcalinidade do solo,
o tipo e a quantidade de argila predominante, o teor de umidade, a compactação
do solo, o modo de aplicação dos fertilizantes e as temperaturas baixas na fase
de emergência das plantas também afetam a absorção desse nutriente. A correção
do solo pode ser feita preventivamente com a aplicação de adubo fosfatado antes
do plantio.
Potássio: É o nutriente mais extraído pelo tomateiro. A
deficiência de potássio torna lento o crescimento das plantas; as folhas novas
afilam e as velhas apresentam amarelecimento das bordas, tornando-se
amarronzadas e necrosadas (Figura 4). O amarelecimento geralmente progride das
bordas para o centro das folhas. Ocasionalmente verifica-se o aparecimento de
áreas alaranjadas e brilhantes. A falta de firmeza dos frutos, em muitos casos,
é também devida à deficiência de potássio.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 4 - Queima das bordas das
folhas, deficiência de potássio.
|
O teor de potássio no solo, a taxa de lixiviação, a calagem excessiva ou a
presença de altos teores de cálcio, magnésio e amônia no solo afetam a
disponibilidade de potássio para a planta. A correção pode ser feita com a
adubação em cobertura de sulfato ou cloreto de potássio, seguida de irrigação.
Cálcio: O sintoma característico da deficiência de cálcio
inicia com a flacidez dos tecidos da extremidade dos frutos, que evolui para
uma necrose deprimida, seca e negra (Figura 5). O sintoma é conhecido como
podridão estilar ou "fundo-preto". Em condições em que ocorrem
períodos curtos de deficiência – principalmente quando ocorrem mudanças bruscas
de condições climáticas –, observam-se tecidos necrosados no interior dos
frutos, cujo sintoma é conhecido como coração preto (Figura 6). Eventualmente
verificam-se, em condições de campo, deformações das folhas novas e morte dos
pontos de crescimento.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 5
- Podridão estilar ou fundo-preto, causado por deficiência de cálcio.
|
|
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 6
- Necrose interna do fruto ou
coração-preto, deficiência de cálcio.
|
|
Geralmente, qualquer fator que diminua o suprimento de cálcio, ou interfira
em sua translocação para o fruto, pode provocar deficiência. Assim, fatores
como irregularidade no fornecimento de água, altos níveis de salinidade, uso de
cultivares sensíveis, altos teores de nitrogênio, enxofre, magnésio, potássio,
cloro e sódio na solução do solo, pH baixo, utilização de altas doses de adubos
potássicos e nitrogenados – principalmente as fórmulas amoniacais – e altas
taxas de crescimento e de transpiração contribuem para o aparecimento do
sintoma.
Previne-se a deficiência de cálcio com a aplicação adequada de corretivos e
com a adoção de um manejo eficiente de irrigação, evitando que a planta sofra
estresse hídrico, principalmente nas fases de florescimento e crescimento dos
frutos. A correção da deficiência é feita com pulverização foliar de cloreto de
cálcio a 0,6%, dirigida às inflorescências.
Magnésio: A deficiência de magnésio é bastante comum em
plantações de tomate e caracteriza-se por uma descoloração das margens dos
folíolos mais velhos, que progride em direção à área internerval, permanecendo
verdes as nervuras (Figura 7). Quando a deficiência é mais severa, as áreas
amarelas vão escurecendo, tornando-se posteriormente necrosadas. Sintomas
causados por infecção de vírus podem ser confundidos com deficiência de
magnésio.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 7 -
Folíolos com descoloração da área internerval,
permanecendo verdes as nervuras, deficiência de magnésio.
|
Solos ácidos, arenosos, com alto índice de lixiviação e altos níveis de
cálcio, potássio e amônio afetam a disponibilidade de magnésio. Previne-se a
deficiência com a aplicação adequada de calcário dolomítico ou de sulfato de
magnésio (30 kg/ha) no solo, antes do plantio. A correção pode ser feita com
pulverização foliar de sulfato de magnésio a 1,5%. A aplicação foliar conjunta
de uréia favorece a absorção de magnésio.
Enxofre: Os sintomas de deficiência de enxofre são
semelhantes aos de nitrogênio, ou seja, as folhas apresentam coloração
verde-amarelada. Entretanto, neste caso, as folhas novas são as primeiras a
serem afetadas. As plantas deficientes geralmente apresentam o caule lenhoso,
duro e de pequeno diâmetro.
As condições que promovem a deficiência de enxofre são as mesmas relatadas
para o nitrogênio, acrescidas de excessivo uso de "adubos
concentrados", normalmente sem enxofre. Não há necessidade de adubação
específica para fornecimento de enxofre. Em casos especiais, a utilização de
gesso agrícola, na dosagem de 800 kg/ha, aplicado antes do plantio, juntamente
com a calagem, ou a aplicação de sulfato de potássio ou de magnésio, no
plantio, previnem a deficiência.
Boro: Na deficiência de boro, as folhas novas do tomateiro
tornam-se bronzeadas, ocorrendo, em seguida, morte das gemas e das folhas. O
pecíolo torna-se quebradiço e a planta murcha nas horas mais quentes do dia, em
razão dos danos provocados ao sistema radicular. Sintomas de clorose e
deformação das folhas novas (Figura 8) são muitas vezes confundidos com o
sintoma da virose "Topo-amarelo". Os frutos apresentam manchas
necróticas de coloração marrom, principalmente perto do pedúnculo, e não
desenvolvem totalmente a cor vermelha. As paredes do fruto tornam-se
assimetricamente deprimidas e os lóculos se abrem (Figura 9).
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 8
- Lóculos abertos, sintoma
de deficiência de boro
|
|
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 9
- Ponteiros necrosados,
deficiência de boro.
|
|
As condições que predispõem a deficiência de boro são: calagem excessiva,
solos arenosos e elevado índice de precipitação pluviométrica. A prevenção da
deficiência faz-se com a aplicação de bórax na adubação de plantio (30 kg/ha).
A correção durante o cultivo pode ser feita com pulverização foliar de bórax a
0,25%.
Molibdênio: Os sintomas de deficiência de molibdênio
expressam-se em condições de carência de nitrogênio, apresentando um
amarelecimento das folhas mais velhas e possíveis necroses marginais com
acúmulo de nitrato. Solos com pH abaixo de 5,0 predispõem a deficiência desse
nutriente.
A correção se faz com a calagem e a aplicação de 1 a 2 kg/ha de molibdato de
amônio no solo, ou com pulverização foliar a 0,3%. Não se deve fazer mais de
uma aplicação de molibdato no solo, já que os níveis tóxicos são facilmente
atingidos.
Zinco: Os sintomas de deficiência de zinco manifestam-se
nas partes mais novas da planta, com o encurtamento dos entrenós, ligeira
clorose das folhas, redução do tamanho e deformação das folhas (Figura 10).
Excesso de calagem, elevado índice de lixiviação e alta concentração de fósforo
no solo favorecem a deficiência. A prevenção é feita com a aplicação de sulfato
de zinco, na dosagem de 30 kg/ha, junto com a adubação de plantio. A correção
pode ser feita com pulverização foliar de sulfato de zinco, na dosagem de 15
g/L de água.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 10
- Folíolos pequenos, deficiência de zinco.
|
Cultivares
Os recursos genéticos do tomateiro têm sido
exaustivamente explorados em todo o mundo. No mercado internacional são
encontradas centenas de cultivares com diversas características. No Brasil, as
cultivares de polinização aberta foram rapidamente substituídas por híbridos.
Em 1998, informações obtidas nas indústrias processadoras indicaram que 45% da
área plantada foi ocupada por cultivares híbridas; em 2002, a quase totalidade
da área foi cultivada com híbridos F1.
Na escolha de uma
cultivar, deve-se levar em consideração as seguintes características:
Ciclo
A maior parte das cultivares listadas nos
catálogos das firmas de sementes possuem ciclo de 95 a 125 dias (Tabela 1). Entretanto, o período de cultivo é
dependente das condições climáticas, da fertilidade do solo, da intensidade de
irrigação, do ataque de pragas e da época de plantio. Plantios realizados de
fevereiro a março ou de junho a julho resultam em redução do ciclo da cultura
em até quinze dias. Em condições de temperaturas altas, o ciclo é geralmente
acelerado, formando-se plantas de menor porte e com maturação mais concentrada
de frutos. Alto teor de nitrogênio disponível para a planta resulta no
prolongamento do ciclo, retardando a maturação dos frutos e promovendo a
formação de novas brotações.
Sólidos solúveis
É uma das principais características da
matéria-prima. Quanto maior o teor de sólidos solúveis (ou ºBrix), maior será o
rendimento industrial e menor o gasto de energia no processo de concentração da
polpa. Em termos práticos, para cada aumento de um grau Brix na matéria-prima,
há um incremento de 20% no rendimento industrial. Obtém-se, também, a
estimativa do rendimento de polpa, utilizando-se a fórmula abaixo:
P(t/ha de polpa)= [ (produção(t/ha) x 0,95)
x ºBrix do suco] / 28
O teor de sólidos solúveis no fruto, além de
ser uma característica genética da cultivar, é influenciado pela adubação,
temperatura e irrigação. Os valores médios de Brix na matéria-prima recebida
pelas indústrias no Brasil têm sido bastante baixos (4,5 ºBrix). Entretanto,
existem cultivares que possuem maior potencial genético, apresentando, em
determinadas condições, valores próximos de 6,0 ºBrix (Tabela 1).
Viscosidade aparente ou consistência
É um fator importante de qualidade dos
produtos industrializados (sucos, catchups, molhos, sopas e pastas) e
mede a resistência encontrada pelas moléculas ao se moverem no interior de um
líquido. Produto com boa viscosidade tem aspecto pastoso, enquanto o de baixa
viscosidade tem aspecto "aguado". Nos produtos derivados de tomate,
mede-se, na verdade, a "viscosidade aparente" ou consistência. A
consistência do produto processado depende da quantidade e extensão da
degradação da pectina, da cultivar, do grau de maturação com que os frutos são
colhidos e do processamento industrial.
Coloração
A cor é um parâmetro essencial para
classificar o produto industrializado. O fruto deve apresentar cor
vermelho-intensa e uniforme, externa e internamente. Tomates com boa coloração
apresentam teores de licopeno (pigmento responsável pela coloração vermelha) na
faixa de 5 a 8 mg/100 gramas de polpa. Algumas cultivares apresentam
"ombro verde" por causa da maturação tardia da região superior do
fruto. Os tecidos nessa região podem ficar endurecidos e amarelados. A cor e a
uniformidade de maturação podem ser mais bem observadas fazendo-se cortes
transversais na região do ombro e na base do fruto.
Cobertura foliar
As folhas protegem os frutos contra o
excesso de radiação solar, que pode causar a escaldadura. Entretanto, o excesso
de folhas dificulta a distribuição uniforme de agrotóxicos e mantém maior
umidade sob as plantas, favorecendo o desenvolvimento de patógenos. Os frutos
que crescem cobertos por uma densa massa foliar são mais sujeitos à escaldadura
quando ocorre a desfolha, que é geralmente causada por pragas e patógenos. A
escaldadura ocorre também nos frutos imaturos que permanecem nas plantas
expostos diretamente ao sol após a primeira colheita.
Acidez
Além de influenciar no sabor, a acidez da
polpa interfere no período de aquecimento necessário para a esterilização dos
produtos. Em geral, é desejável um pH inferior a 4,5 para impedir a
proliferação de microrganismos no produto final. Valores superiores requerem
períodos mais longos de esterilização, ocasionando maior consumo de energia e
maior custo de processamento. Outro parâmetro é a acidez total, que mede a
quantidade de ácidos orgânicos e indica a adstringência do fruto. Como o pH, a
acidez total influencia o sabor. Esse parâmetro é avaliado por meio de
titulação com NaOH, sendo os resultados expressos em concentração de ácido
cítrico. Frutos apresentando valores de ácido cítrico abaixo de 350 mg/100g de
peso fresco requerem aumento no tempo e na temperatura de processamento, para
evitar a proliferação de microrganismos nos produtos processados.
Firmeza
A firmeza do fruto confere resistência a
danos durante o transporte, que comumente é feito a granel. Os frutos
considerados moles são mais sujeitos a deformações e ao rompimento da epiderme,
com liberação do suco celular, ocorrendo fermentação e deterioração. Além das
características genéticas, a nutrição da planta, a disponibilidade de água no
solo e o estádio de maturação afetam essa característica. Os frutos devem
possuir casca espessa e firme, polpa compacta e sem espaços vazios.
Concentração de maturação
Com a utilização da colheita mecanizada, a
concentração da maturação dos frutos tornou-se uma característica importante a
ser considerada na escolha da cultivar. A concentração de maturação também é
influenciada pelas condições climáticas, teor de umidade no solo e época de
paralisação da irrigação.
Resistência a doenças
As cultivares devem apresentar tolerância ou
resistência ao maior número de doenças possível, principalmente às de difícil
controle, tais como: murcha-de-fusário, mancha-de-estenfílio, pinta-bacteriana,
mancha-bacteriana, murcha-de-verticílio, nematóides, tospovírus, geminivírus (Tabela 1).
Retenção de pedúnculo
Em algumas cultivares, o pedúnculo dos
frutos não apresenta a camada de abscisão conhecida como “joelho”, sendo, por
isso, denominadas de jointless, ou “sem joelho”. Nessas
cultivares, o pedúnculo permanece aderido à planta quando o fruto é destacado,
facilitando a operação de colheita manual e evitando o trabalho de remoção dos
pedúnculos na linha de processamento.
A intensidade da fixação do fruto à planta
depende também da superfície de contato do pedúnculo com o fruto. Esse fator
afeta o rendimento da colheita mecanizada, pois os frutos que se destacam
facilmente caem durante a operação de corte da planta, enquanto que os frutos
firmemente aderidos à planta são descartados juntamente com os resíduos do
vegetal.
Formato e tamanho do fruto
Dependendo do tipo de produto processado a que
se destina o tomate, existe certa preferência por determinados formatos de
fruto. As cultivares com frutos do tipo periforme e oblongos são as preferidas
para a produção de frutos pelados inteiros e também para a produção de tomate
em cubos.
Tabela 1. Características de algumas das principais cultivares e híbridos de
tomate para processamento industrial que estão sendo plantados e/ou testados
no Brasil.
|
Cultivares
/ Híbridos
|
Dias para
maturação
|
ICM*
|
Brix
|
Resistência
a doenças
|
Origem
|
IPA-6
|
120 a 125
|
1
|
5,0 a 5,5
|
Fol-1 Fol-2
N
|
IPA
|
Viradoro
|
100 a 120
|
2
|
4,4 a 4,8
|
Ve-1 Fol-1 N St VC
|
Embrapa/ IPA
|
Ap533
|
115 a125
|
2
|
5,0 a 5,5
|
Ve-1 Fol-1
Fol-2 N Pst
|
Seminis
|
Heinz 9553
|
110 a 120
|
2
|
4,9 a 5,1
|
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N St
|
Heinz
|
Heinz 9665
|
120 a 125
|
1
|
4,9 a 5,1
|
Ve-1 Fol-1 Fol-2 N Pst St
|
Heinz
|
Heinz 9992
|
100 a 120
|
1
|
5,0 a 5,3
|
Ve-1 Fol-1
Fol-2 N Pst Cmm
|
Heinz
|
H 7155N
|
100 a 110
|
2
|
4,5 a 5,0
|
Ve-1 Fol-1 N
|
Heinz
|
Hypeel 108
|
120 a 125
|
2
|
5,0 a 5,4
|
Ve-1 Fol-1
Fol-1 N Pst
|
Seminis
|
Malinta
|
110 a 120
|
1
|
4,8 a 5,5
|
Ve-1 Fol-1
|
Sakata
|
Calroma
|
110 a 120
|
2
|
4,3 a 4,6
|
Ve-1 Fol-1
Fol-2 N Pst
|
United Genetics
|
RPT1570
|
100 A 115
|
2
|
5,0 a 5,5
|
Ve-1 Fol-1
Fol-2 N Pst
|
Rogers
|
Calmarzano
|
120 a 122
|
2
|
4,3 a 4,6
|
Ve-1 Fol-1
Fol-2 N Pst
|
United Genetics
|
(*) ICM = Índice
de concentração de maturação de frutos (1 = alta concentração; 4 = baixa
concentração; Ve-1 = resistência a Verticillium raça 1; Fol-1 =
resistência a Fusarium raça 1; Fol-2= resistência a Fusarium
raça 2; N = resistência a Nematóides; St = resistência a Stemphyllium spp.;
Pst = resistência a Pinta-bacteriana (Pseudomonas syringae pv. tomato);
Cmm = tolerância a cancro bacteriano (Clavibacter michiganense); VC =
resistência ao vira-cabeça.
|
Fonte: Compilado de Catálogos de
Empresas de Sementes
Produção de mudas
A produção de mudas pode ser feita em bandejas de isopor e tem a vantagem de
facilitar a semeadura e o manuseio das mesmas; permitir melhor controle
sanitário e nutricional; facilitar o transporte para o local definitivo; e
reduzir a necessidade de replantio.
Recomenda-se utilizar bandejas com 200 células. Entretanto, alguns
viveiristas têm utilizado bandejas com 288 células, com tendência para se
utilizar bandejas com até 400 células. Nesse caso, em função do pequeno volume
de substrato disponível em cada célula, as mudas se formam com pequeno volume
de raízes, aumentando o risco de ocorrência de deficiência nutricional.
Recomendam-se, portanto, adubações complementares e regulares com macro e
micronutrientes.
As mudas devem ser uniformes, evitando-se o uso daquelas muito pequenas, que
ficam facilmente enterradas, e de mudas muito estioladas, que são facilmente
danificadas durante o transplante com máquinas.
A estrutura de proteção
(Figura 1) para a produção das
mudas deve ser coberta com plástico apropriado e fechada lateralmente com tela
de malha estreita, para impedir a entrada de insetos, principalmente os
afídios. Em locais com temperatura elevada e baixa umidade relativa é
recomendável a colocação de tela do tipo sombrite, com 60% de sombra, na parte
interna da casa de vegetação, a uma altura de 2,5 m, para reduzir a
evapotranspiração.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 1
- Telados para produção de mudas.
|
As bandejas devem ser colocadas sobre suportes para que fiquem a 30 cm do
solo (Figura 2). O sistema mais comum e barato para construção dos suportes
consiste em esticar fortemente dois ou três fios paralelos de arame de aço
galvanizado, distanciados de 45 cm quando utilizar dois fios, ou 15 cm quando
utilizar três fios, para sustentar cada fileira de bandejas. De dois em dois
metros são colocados suportes para evitar o arqueamento dos fios (Figura 3 e
Figura 4)
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 2
- Bandejas com mudas e estrutura para suporte das bandejas
|
|
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 3
- Estrutura para suporte das bandejas.
|
|
Desenho: João Bosco
C. Silva
|
|
Fig. 4
- Detalhe esquemático para construção do suporte das bandejas.
|
Para enchimento das células das bandejas, utiliza-se um substrato composto
por vermiculita expandida, casca de
pinus, casca de arroz carbonizada
e fertilizantes. Nas bandejas de 200 células, cada célula recebe de 10 a 15 g
de substrato, o que equivale a cerca de 4,2 litros de substrato por bandeja.
Esse substrato pode ser adquirido comercialmente ou produzido na propriedade,
desde que se teste a proporção dos ingredientes, antes de se iniciar a produção
de mudas em grande escala.
Após o enchimento das células, faz-se a compactação do substrato e a
abertura dos furos com 1 cm de profundidade (um furo por célula). Coloca-se uma
ou duas sementes por furo, recobrindo-as em seguida com substrato peneirado ou
com vermiculita pura de granulometria média ou fina. Gastam-se aproximadamente
90 a 100 g de sementes para produzir mudas para um hectare. Para produção de
mudas em grande escala, a semeadura nas bandejas pode ser feita por máquinas
automáticas de precisão que têm rendimento de 120 a 300 bandejas por hora
(Figura 5). Após a semeadura, as bandejas são umedecidas e armazenadas em
pilhas, por 72 horas, em um galpão coberto. Durante esse período, as sementes
iniciam o processo de germinação, em seguida as bandejas são transferidas para
as casas de vegetação ou telados.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 5
- Máquina para semeadura em bandejas.
|
Independentemente do número de células na bandeja, é relativamente pequeno o
volume de substrato contido em cada célula e a quantidade de água retida. À
medida que as mudas se desenvolvem, a água disponível se esgota em períodos
cada vez mais curtos, exigindo irrigações cada vez mais freqüentes.
Durante o crescimento das mudas, pode haver o esgotamento de nutrientes,
ocasionando sintomas de deficiência, principalmente de nitrogênio. Para a
correção da deficiência, faz-se a aplicação de uréia a 0,5% ou fosfato
monoamônico a 0,5% pela água de irrigação ou por via foliar, juntamente com a
pulverização de agrotóxicos. Dependendo da composição do substrato pode ser
necessário aplicar outros nutrientes. Nesse caso, recomenda-se um fertilizante
foliar formulado com micro e macronutrientes, seguindo a recomendação do
fabricante. A aplicação de nutrientes e a irrigação na fase de produção de
mudas deverão ser uniformes evitando-se, desse modo, que as mudas fiquem
desuniformes, dificultando as operações de transplante e colheita.
Na semana que antecede ao transplante, deve-se proceder o
"endurecimento" das mudas, reduzindo a quantidade de água e o
fornecimento de nitrogênio. Essa técnica evita que as mudas fiquem muito
vigorosas e tenras, facilitando o transplante mecanizado e melhorando o seu
pegamento.
Quando são utilizadas bandejas de isopor, as mudas são transplantadas no
mesmo estádio que aquelas produzidas em sementeiras (4 ou 5 folhas
definitivas). Nessa fase, as mudas encontram-se perfeitamente enraizadas, dando
bastante consistência ao torrão (Figura 6). Deve-se fazer uma irrigação no
momento que antecede ao transplante. Geralmente as bandejas são mergulhadas em
uma solução contendo fungicidas (Metalaxyl + Mancozeb) e inseticida
(Imidacloprid), com a finalidade de proteger as mudas durante os primeiros dias
após o transplante.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 6
- Muda no estádio ideal para transplante.
|
As bandejas e as caixas utilizadas no transporte de mudas devem ser lavadas
e desinfestadas após cada utilização, submergindo-as em uma solução contendo 2%
de hipoclorito de sódio (água sanitária) por aproximadamente um minuto.
O transporte das mudas dentro da propriedade é feito geralmente em carretas.
Quando o viveiro encontra-se distante da área de plantio, utilizam-se para o
transporte estruturas metálicas montadas na carroceria de caminhões (Figura 7),
protegidas com plástico de uso agrícola, para evitar a desidratação rápida das
mudas. Para o transporte a longa distância, são utilizados caminhões com
carroceria do tipo baú.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 7 -
Estrutura para transporte de mudas em caminhões.
|
As mudas transportadas para o local de plantio devem ser protegidas com
sombrite (Figura 8) e irrigadas freqüentemente, para evitar o seu rápido
dessecamento, enquanto se aguarda o transplante.
O transplante (Figura 9), deve ser realizado com o solo umedecido. Para isso
deve ser feita a irrigação com antecedência.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 8
- Proteção das mudas no campo enquanto se aguarda o transplante.
|
|
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 9
- Transplante mecanizado
|
|
Plantio
Detalhes sobre escolha da área e preparo do solo, veja o
item solos.
Atualmente, quase todas as áreas cultivadas com tomateiro destinado ao
processamento industrial são plantadas com mudas produzidas em bandejas e
transplantadas com auxílio de máquinas ou até mesmo manualmente, dispensando-se
o uso de canteiros.
Para esse sistema, utiliza-se primeiramente um equipamento distribuidor de
fertilizante dotado de sulcadores, distribuídos com espaçamento correspondente
ao do sistema de distribuição de mudas da transplantadeira mecânica. No ato da
distribuição do fertilizante, promove-se, então, o sulcamento e a fertilização,
aplicando-se o fertilizante imediatamente atrás do sulcador.
Na operação de transplante, o sistema de distribuição de mudas dispõe de um
sulcador que é regulado para coincidir com a linha anteriormente fertilizada,
visando promover a incorporação do fertilizante no solo e evitar o contato
direto das raízes das mudas com o fertilizante.
Métodos de plantio
O sistema de transplante tem como vantagens: menor gasto de sementes; menor
tempo de permanência da planta no campo; redução das despesas com irrigações e
pulverizações; e redução dos níveis de infecção precoce por Geminivírus e
Tospovírus (ver capítulo de doenças). Em razão do alto custo do transplante
manual – que é muito trabalhoso e demorado, exigindo de oito a dez
dias-homens/ha –, este sistema somente se viabilizou com a introdução das
máquinas transplantadeiras (Figura 1). Entretanto, a produção de mudas tem de
ser feita sob rigoroso controle sanitário para evitar que elas sejam foco de
disseminação de pragas e doenças.
Foto: Acervo da
Embrapa Hortaliças
|
|
Fig. 1
- Transplante mecanizado de mudas.
|
A introdução do sistema de transplante de mudas viabilizou, ainda, a
utilização de cultivares híbridas, cujas sementes têm custo muito superior ao
das cultivares de polinização aberta. O modelo de transplantadeira atualmente
comercializado no Brasil tem capacidade para transplantar cerca de 120 mil
mudas/dia, correspondendo ao plantio de quatro hectares de lavoura, empregando
mudas produzidas em bandejas.
No transplante, utilizam-se fileiras simples, distanciadas de 1,0 a
1,2 m, com cinco plantas por metro linear, o que corresponde a uma
população variável de 42 mil a 50 mil plantas/ha. Atualmente, com a utilização
de cultivares híbridas mais vigorosas, existe a tendência de se utilizar, na
Região Centro-Oeste, populações de 30 mil a 35 mil plantas por hectare; porém,
em algumas regiões, vêm sendo utilizadas menos de 30 mil plantas por hectare.
Com transplantadeira mecânica e fileira simples, o espaçamento é de
1,0 m entre linhas e três plantas por metro linear, resultando em uma
população de 30 mil plantas/ha. Com fileiras duplas, o espaçamento mais
utilizado é o de 1,2 m entre as fileiras duplas e 0,7 m entre as linhas de cada
fileira dupla.
Plantios adensados dificultam os tratos culturais e propiciam o aumento da
umidade na superfície do solo, o que favorece o ataque de fungos causadores de
podridões.
Plantio direto na palha
Esse sistema consiste em efetuar o plantio das sementes ou o transplantio
das mudas sem realizar o preparo do solo com aração e gradagem, mantendo a
palha da cultura anterior (Figura 2). A presença da palha protege a terra
contra o impacto da chuva ou da irrigação por aspersão, favorece o controle de
plantas daninhas e cria um ambiente favorável ao bom desenvolvimento do sistema
radicular do tomateiro.
|
|
Fig. 2
- Cultura de tomate utilizando o
sistema de plantio direto na palha.
|
Recentemente, o transplantio de mudas de tomateiro direto na palha vem sendo
avaliado e introduzido na Região Centro-Oeste. Esse sistema tem como principais
vantagens a melhor conservação do solo e o menor uso de máquinas na lavoura.
Nas regiões onde o tomateiro é cultivado em solos de cerrado, existe a
dificuldade de implantação de culturas para a produção de palha visando à
cobertura do solo. Entre as alternativas de sucessão, pode-se usar o arroz ou o
milho, visando à produção de grão, ou o milheto, apenas para a produção de
palhada. Como o tomateiro é plantado no período de março a meados de junho, as
espécies anteriormente mencionadas são boas alternativas.
O milheto é semeado aproximadamente 55 dias antes do transplantio,
utilizando-se 20 kg de sementes por hectare. O semeio pode ser feito a lanço,
incorporando as sementes com uma grade niveladora.
A aplicação do herbicida visando à dessecação é feita aproximadamente 45
dias após a germinação e 10 dias antes do transplantio. O tombamento da palha
do milheto pode ser feito com grade leve fechada, rolo faca ou pneu deitado,
antes ou após a dessecação.
A adubação para o tomateiro é feita na profundidade de 7 a 12 cm, para
evitar que as raízes das mudas entrem em contato direto com o fertilizante.
Essa operação é realizada com uma adubadeira adaptada com um disco de corte e
um sulcador denominado "botinha", que atua como um pequeno subsolador
que trabalha à profundidade de aproximadamente 20 cm. Imediatamente atrás do
sulcador, é colocada a saída de fertilizante. O número de distribuidores de
fertilizantes colocados na barra de ferramentas da adubadeira e a distância
entre eles deve ser igual ao número de distribuidores de mudas e a distância
entre eles, para que haja coincidência das linhas e não ocorra deficiência de
nutrientes em função do desvio entre as linhas de adubação e de transplante.
O maior aproveitamento da produção em função da redução das perdas por
podridões e a bonificação recebida pela alta qualidade da matéria-prima têm
incentivado o uso dessa técnica.
Semeadura direta
No caso de plantio por semeadura direta em fileiras simples, deve-se fazer
uma ou duas gradagens e, logo a seguir, as operações de encanteiramento,
sulcagem, adubação e semeadura. Quando os solos são do tipo leve e bem
drenados, pode-se dispensar o levantamento de canteiros, principalmente quando
se dispõe de sulcadores bem adaptados para fazer uma boa operação de amontoa.
Se o plantio for em fileiras duplas, utiliza-se o rotoencanteirador

e, sobre os canteiros, é feita a semeadura com semeadeira-adubadeira. Esse
processo dispensa outra gradagem.
A adaptação de um distribuidor de adubo entre o trator e o rotoencanteirador
possibilita aplicação e incorporação do fertilizante na mesma operação. O
rotoencanteirador exige grande potência do trator e o trabalho é realizado em
marcha reduzida, resultando em baixo desempenho. Além do elevado consumo de
energia, as enxadas rotativas pulverizam o solo, destruindo sua estrutura.
Adaptando-se dois sulcadores laterais a uma distribuidora de adubos, faz-se
simultaneamente a adubação, incorporação do adubo e levantamento dos canteiros.
Em seguida, passa-se o rotoencanteirador, regulado para triturar apenas a
camada superior do canteiro. Dessa forma, o encanteirador não pulveriza o solo,
auxilia na incorporação e na melhoria da distribuição do adubo e exige menor
potência do trator.
Irrigação
Da semeadura à
emergência das plântulas, as irrigações devem ser leves e freqüentes, de modo a
manter os primeiros 10 cm do solo sempre umedecidos. Nessa fase, o turno de
rega deve ser de 1 a 2 dias, dependendo do tipo de solo e das condições
climáticas. Em solos arenosos e/ou em regiões de temperatura elevada e de baixa
umidade relativa do ar, o turno de rega deve ser diário. Irrigações freqüentes
também são recomendadas por ocasião do transplante. Neste caso, deve-se irrigar
preferencialmente pela manhã, quando a temperatura é mais amena e as plantas
estão geralmente túrgidas.
Dependendo do tipo de solo e do clima da
região, as irrigações devem ser paralisadas 20 a 30 dias antes do início da
colheita, quando as plantas apresentarem cerca de 20% de frutos maduros. Essa
medida visa concentrar a maturação de frutos e aumentar a concentração de
sólidos solúveis. Entretanto, em termos de produção de frutos, maiores
produtividades podem ser obtidas irrigando-se até a ocasião em que cerca de 50%
dos frutos estiverem maduros.
Dentre os vários critérios existentes para o
manejo da irrigação, nenhum pode ser considerado padrão nem indicado para todas
as situações. Métodos clássicos que permitem um controle bastante criterioso da
irrigação – como o do balanço hídrico e da tensão de água no solo –, baseiam-se
no conhecimento das características fisico-hídricas do solo, das necessidades
específicas da cultura e de fatores climáticos relacionados à
evapotranspiração. Dependem ainda do uso de equipamentos para o monitoramento
da umidade do solo (tensiômetros, blocos de resistência elétrica, etc.) ou de
equipamentos para a estimativa da evapotranspiração (tanque Classe A,
termômetros, higrômetros, etc.). Essas informações e equipamentos, além de não
estarem, em geral, ao alcance do irrigante, exigem conhecimentos técnicos
específicos para seu manuseio.
Um método aproximado e que dispensa o uso de
equipamentos é o do turno de rega. A seguir é apresentada uma seqüência de
passos que permitem a determinação da freqüência e da lâmina de água a ser
aplicada por irrigação, em cada estádio de desenvolvimento do tomateiro.
Simultaneamente, é apresentado um exemplo de sua utilização, considerando-se a
seguinte situação:
° Solo: Latossolo Vermelho-Escuro, textura
argilosa;
° Clima: temperatura de 20,5 °C, umidade relativa de 54% (média para o mês de
julho no Planalto Central);
° Estádio: frutificação;
° Profundidade efetiva do sistema radicular: 40 cm;
° Eficiência de irrigação: 70 % (aspersão convencional).
Passo 1: Utilizando a Tabela 1,
determinar a evapotranspiração de referência (ETo) em função de dados
históricos de temperatura e média mensal da umidade relativa do ar, para os
meses em que o tomateiro será cultivado. Esses dados podem ser obtidos no
Serviço de Extensão Rural (Emater).
Pela Tabela 1,
para a temperatura de 20,5 ºC e 54% de umidade relativa, tem-se que a ETo é de
6,1 mm/dia.
Passo 2: Determinar a evapotranspiração do tomate (ETc), para cada estádio de
desenvolvimento, pela seguinte equação:
em que ETc é dado em mm/dia, e Kc é obtido
na Tabela 2. Na fase de frutificação, Kc
é igual a 0,85.
Assim:
ETc = 0,85 x 6,1 = 5,2 mm/dia
Passo 3: Determinar a disponibilidade real de água no solo (DRA), em função de
sua textura, através da Tabela 3.
Para solo argiloso de cerrado, tem-se que
DRA é de 0,8 mm/cm3.
Passo 4: Determinar o turno da rega (TR) para cada estádio da cultura, sendo:
onde TR é dado em dias, e a profundidade
efetiva do sistema radicular (Z) – obtida na tabela 2 –, em cm. Para o presente
exemplo e dados obtidos, tem-se que:
Passo 5: Determinar a lâmina de água real necessária por irrigação (LRN), pela
seguinte expressão:
LRN = TR . Etc
em que LRN é dada em mm.
No exemplo em questão, tem-se que:
LRN = 6 x 5,2 = 31,2 mm
Passo 6: Corrigir o valor de LRN em função da eficiência do sistema de irrigação
(Ei), de modo a obter a lâmina de água total necessária (LTN), fazendo:
onde LRN é dada em mm e Ei em % (Ex.:
pivô-central: 80-90 %; aspersão convencional: 60% - 70%).
A lâmina de água a ser aplicada no estádio
de frutificação será:
De modo geral, as irrigações na região do
Cerrado são feitas por aspersão, utilizando-se o pivô-central. No Vale do São
Francisco, usa-se a irrigação por sulco, que consiste na distribuição de água
por meio de sulcos paralelos às fileiras de plantio. A água é geralmente
conduzida por um canal principal, de onde é derivada para os sulcos,
utilizando-se tubos plásticos denominados de sifões, com diâmetro de uma a duas
polegadas. A distribuição da água pode ser feita também por tubos janelados,
que possuem diversas
aberturas reguláveis que permitem o
controle da quantidade de água aplicada em cada sulco de irrigação.
O comprimento dos sulcos e sua declividade
são determinados em função da textura do solo.
Os sulcos devem ter 15 a 20 cm de
profundidade e 25 a 30 cm de largura. As maiores dimensões são utilizadas para
solos de baixa velocidade de infiltração.
Tabela 1. Evapotranspiração de referência (ETo), em
mm/dia, em função da temperatura e umidade relativa média mensal do ar.
|
Temperatura
(°C)
|
Umidade
relativa (%)
|
40 a 50
|
50 a 60
|
60 a 70
|
70 a 80
|
80 a 90
|
10 a 15
|
4,6
|
3,8
|
3,0
|
2,1
|
1,3
|
15 a 20
|
5,9
|
4, 9
|
3,8
|
2,7
|
1,6
|
20 a 25
|
7,4
|
6,1
|
4,7
|
3,4
|
2,0
|
25 a 30
|
9,1
|
7,4
|
5,8
|
4,1
|
2,5
|
30 a 35
|
10,9
|
8,9
|
6,9
|
5,0
|
3,0
|
|
|
Tabela 2. Coeficiente de cultura (Kc),
profundidade efetiva média do sistema radicular (Z) e problemas associados à
irrigação inadequada nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura do
tomateiro.
|
Estádio
de desenvolvimento(10)
|
Duração
(dias)
|
Kc
|
Z (2)
(cm)
|
Problemas
associados à irrigação
|
Inicial
|
10-20
|
0,55
|
10
|
Irrigações deficitárias ou em excesso
reduzem o 'estande'
|
Vegetativo
|
30
|
0,65
|
20 a 30
|
Irrigações abundantes favorecem o
crescimento excessivo e a maior incidência de doenças
|
Frutificação
|
40
|
0,85
|
40
|
A falta de água reduz o peso e o número de
frutos. O excesso favorece a maior incidência de doenças
|
Maturação
|
30
|
0,65
|
40
|
Irrigações neste estádio prejudicam a
qualidade dos frutos e reduzem o Brix
|
(1) Inicial: do plantio até dois pares de
folhas ou pegamento de mudas. Vegetativo: até o início do florescimento.
Frutificação: até o início da maturação de frutos. Maturação: até a colheita.
(2) Avaliar de preferência no próprio local de cultivo.
|
Tabela 3. Disponibilidade real média de água no solo para tomateiro, para
diferentes tipos de solos.
|
Textura
|
Classe
textural
(exemplos)
|
Disponibilidade
real
(mm/cm3)
|
Grossa
|
Areia, areia
franca
|
0,5
|
Média
|
Franco-arenoso
Franco, franco-siltoso
Franco-argilo-arenoso
|
0,8
|
Fina
|
Muito argiloso
Argila, argila-siltosa
Franco-argilo-siltoso
|
1,0
|
Obs.: Em geral,
mesmo os solos de cerrado com textura fina apresentam disponibilidade real de
cerca de 0,8 mm/cm3.
|
ERVAS DANINHAS
As áreas
recém-desbravadas ou previamente exploradas com pastagens são pouco
problemáticas em relação ao controle de plantas daninhas na tomaticultura. Em
áreas intensamente cultivadas o controle é mais problemático devido a
ocorrência e a proliferação de muitas espécies de plantas daninhas, que exercem
alta pressão de competição com a cultura.
As plantas daninhas
interferem diretamente no desenvolvimento do tomateiro, competindo por água,
nutrientes, luz e liberando substâncias aleloquímicas, que afetam a
germinação e o crescimento do tomateiro. Deve-se, por isso, evitar o plantio
de tomate em áreas infestadas por espécies que possuam estas substâncias
inibitórias, como a tiririca, o capim-maçambará, a grama-seda e o
feijão-de-porco. Indiretamente, as plantas daninhas interferem como
hospedeiras de um número grande de pragas e de patógenos que atacam o
tomateiro.
O tomateiro tem um
desenvolvimento vegetativo lento nos primeiros 30 a 45 dias, ocorrendo nesse
período maior interferência das plantas daninhas, principalmente em lavouras
estabelecidas por semeadura direta. Após este período, e até o final do
ciclo, as plantas daninhas não interferem pronunciadamente na produtividade.
Entretanto, deve-se procurar manter a lavoura com menor infestação, para
reduzir a população de hospedeiras de pragas e doenças e para não dificultar
a colheita. Em lavouras formadas a partir de mudas, a competição inicial é
menor, uma vez que as mudas são levadas a campo com 4 folhas definitivas.
O
número de capinas e o uso de herbicidas dependem do grau de infestação e
agressividade das plantas daninhas. 0 controle pode ser cultural, mecânico,
químico ou integrado. A escolha e a eficiência de cada um desses métodos
depende da natureza e interação das plantas daninhas, da época de execução do
controle, das condições climáticas, do tipo de solo, dos tratos culturais, do
programa de rotação de culturas, da disponibilidade de herbicidas e da
disponibilidade de mão-de-obra e equipamentos.
Primeiramente, devem-se
identificar as espécies de plantas daninhas existentes na área e fazer o
mapeamento anual de ocorrência, distribuição e predominância. O mapeamento é
fundamental para a escolha dos herbicidas de pré-emergência (Figura 1 fase A).
A população de plantas na área é dinâmica, podendo ocorrer mudanças de acordo
com as práticas agrícolas usadas.
Quando
ocorrer a reinfestação da área no período entre o preparo do solo e o
plantio, as plantas daninhas podem ser eliminadas com uma gradagem leve ou
com a aplicação combinada de herbicidas de ação de contato e ação residual de
pré-emergência, após o plantio (Figura 1, fases C e D). Em áreas com baixa
infestação, deve-se aplicar, preferencialmente, herbicidas de pós-emergência (Figura
1, fase F).
Os herbicidas de
diferentes grupos indicados para a cultura do tomateiro estão relacionados na
Tabela 1 . A suscetibilidade das principais plantas daninhas aos herbicidas
mencionados é apresentada na tabela 12.
Na
aplicação de herbicidas o solo não deve conter torrões e deve apresentar teor
de umidade próximo da capacidade de campo. Para adequar as doses do
herbicida, deve-se conhecer os teores de argila e matéria orgânica do solo.
Menores doses são recomendadas para solos com altos teores de areia e/ou
baixo teor de matéria orgânica. Não aplicar herbicidas com ventos fortes,
para evitar a deriva dos produtos. Uma aplicação eficiente e correta depende
ainda da calibração do pulverizador e de cálculos de dosagem. Alguns
herbicidas que dispensam a incorporação podem ser aplicados antes ou após o
transplante das mudas. Após o transplante, o herbicida deve ser aplicado
quando as mudas tiverem recuperado a turgescência.
Deve-se destinar um
conjunto pulverizador exclusivo para a aplicação de herbicidas, dotado de
bicos do tipo leque. Caso o equipamento tenha sido usado para aplicar
produtos a base de 2,4-D, deve ser rigorosamente lavado com detergente, pois
o tomateiro e muito suscetível a esse herbicida.
Em
geral, os herbicidas são mais eficientes para determinados tipos de plantas
daninhas. Assim, o uso de combinações, sempre que possível, aumenta o espectro
de ação. A combinação deve ser cuidadosamente planejada, para obter o máximo
de controle e o mínimo de danos à cultura. Deve-se conhecer a suscetibilidade
relativa das plantas daninhas e do tomateiro a cada um dos herbicidas (Tabela
2). Em geral, combina-se um herbicida que atue sobre gramíneas com outro que
atue sobre plantas de folhas largas.
O controle das plantas
daninhas para ser eficaz deve ser permanente, através da integrarão de
práticas culturais que reduzam a quantidade de sementes de plantas daninhas
no solo, para reduzir a reinfestação.
A
maria-pretinha é uma das plantas daninhas que predomina nas lavouras de
tomate. Ela possui hábito de crescimento e fisiologia semelhantes aos do
tomateiro, o que dificulta seu controle com herbicidas seletivos para
solanáceas. Além disso, devido ao seu período de germinação mais longo,
escapa do controle pelos herbicidas que tem ação residual mais curta. As
plantas de maria-pretinha frutificam no final do ciclo do tomateiro e
produzem grande quantidade de semente. A remoção através do arrancamento
manual é sempre recomendável, para não aumentar a reinfestação e evitar a
colheita de seus frutos juntamente com o tomate, evitando que o sabor amargo
afete a qualidade do produto processado.
|
Tabela
1.
Herbicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e do
Abastecimento – MAPA. (Agrofit). |
Ação
principal do produto nas plantas1 |
Produto 2
|
Dose (Kg ou l/ha)
|
Época ou modo de aplicação 3
|
Nome
comum |
Nome comercial
|
Ingrediente ativo
|
Formulação
|
|
Aplicação isolada
|
Folhas
largas
|
Flazasulfuron
|
Katana
|
(0,05 – 0,10)
|
0,2 – 0,7
|
PÓS
|
|
Metribuzin
|
Sencor
480 ou Lexone
|
(0,48)
|
1,0
|
PPI, PRÉ
|
Gramíneas |
Clethodim
|
Select 240 CE |
(0,8 – 0,11)
|
0,35 – 0,45
|
PÓS
|
|
Fluazitop-P
butyl
|
Fusilade
125, 250 EW
|
(0,19-0,25)
|
1,5-2,0
|
PÓS
|
|
Napropamide
|
Devrinol
500PM
|
(2,0-3,0)
|
4,0-6,0
|
PPI
|
|
Quizalofop
– P ethyl
|
Tarza 50
CE
|
(0,07 – 0,10)
|
1,5 – 2,0
|
PÓS
|
|
Trifluralin
|
Treflan
ou similar
|
(0,58-1,15)
|
1,2-2,4
|
PPI
|
Aplicação não seletiva (Manejo plantio
direto)
|
Total, do
tipo manejo plantio direto
|
Diquat
Glyphosate
Paraquat |
Reglone
Roundup ou similar
Gramoxone |
(0,3-0,4)
(0,36-2,16)
(0,3-04)
|
1,5-2,0
1,0-6,0
1,5-3,0
|
PP
PP
PP
|
1 Alguns dos produtos
têm boa ação em ambos os grupos de plantas. A especificidade de cada um deles
encontra-se na Tabela 2.
2 Ler e seguir as instruções dos rótulos. A inclusão ou exclusão
de um produto depende da validade de registro dele junto ao MAPA/ SDV/DIPROF.
3 PPI = pré-plantio incorporado ao solo entre 5 e 7 cm; PRÉ =
pré-emergência; PÓS = pós-emergência; PP = pós-emergência das plantas
daninhas entre o preparo do solo e o plantio ou após o plantio em
pós-emergência das plantas daninhas e obrigatoriamente antes da emergência do
tomateiro. |
Tabela
2. Suscetibilidade
e tolerância das principais plantas daninhas aos herbicidas registrados para
a cultura do tomateiro. |
Nome comum e científico das
espécies
|
Herbicida (*)
|
1
|
2
|
3
|
4
|
5
|
6
|
7
|
Amendoim-bravo - Euphorbia
heterophylla |
T
|
-
|
T
|
T
|
T
|
-
|
-
|
Ançarinha-branca – Chenopodium
album |
S
|
M
|
S
|
T
|
T
|
-
|
-
|
Apaga-fogo – Alternanthera
tenella |
-
|
S
|
S
|
T
|
T
|
S
|
T
|
|
Azevém - Lolium
multiflorum |
S
|
S
|
T
|
S
|
T
|
S
|
T
|
|
Beldroega – Portulaca
oleracea |
M
|
S
|
S
|
T
|
T
|
S
|
T
|
|
Botão-de-ouro – Galinsoga
parviflora |
T
|
S
|
S
|
T
|
T
|
S
|
T
|
|
Capim-amargoso - Digitaria
insularis |
-
|
S
|
-
|
S
|
S
|
-
|
-
|
|
Capim-arroz – Echinochloa
crusgalli |
S
|
S
|
T
|
S
|
M
|
-
|
S
|
|
Capim-carrapicho - Cenchrus
echinatus |
S
|
S
|
T
|
S
|
S
|
S
|
S
|
|
Capim-colchão - Digitaria
sanguinalis |
S
|
S
|
T
|
S
|
S
|
-
|
S
|
|
Capim-coloninho – Echinochloa
colonum |
S
|
-
|
S
|
-
|
M
|
-
|
-
|
|
Capim-colonião – Panicum
maximum |
S
|
S
|
T
|
S
|
S
|
S
|
S
|
|
Capim-kikuyo – Pennisetum
clandestinum |
T
|
-
|
T
|
S
|
-
|
-
|
-
|
|
Capim-marmelada – Brachiaria
plantaginea |
S
|
S
|
T
|
S
|
S
|
S
|
S
|
|
Capim-maçambará - Sorghum
halepense |
S
|
-
|
T
|
S
|
S
|
-
|
-
|
|
Capim-oferecido – Pennisetum
setosum |
S
|
-
|
-
|
S
|
M
|
-
|
S
|
|
Capim-pé-de-galinha – Eleusine
indica |
S
|
S
|
T
|
S
|
S
|
S
|
S
|
|
Capim-rabo-de-raposa – Setaria
geniculata |
S
|
S
|
T
|
S
|
S
|
-
|
-
|
|
Caruru - Amaranthus hybridus var.
paniculatus |
S
|
S
|
S
|
T
|
T
|
S
|
T
|
|
Carrapicho-de-carneiro
– Acanthospermum hispidum |
T
|
S
|
M
|
T
|
T
|
S
|
T
|
|
Carrapicho-rasteiro – Acanthospermum
australe |
T
|
S
|
M
|
T
|
T
|
M
|
-
|
|
Corda-de-viola – Ipomoea
grandifolia |
T
|
S
|
S
|
T
|
T
|
S
|
-
|
|
Erva-de-santa-maria – Chenopodium
ambrosioides |
S
|
S
|
S
|
T
|
T
|
-
|
-
|
|
Falsa-seralha – Emilia
sonchifolia |
T
|
S
|
S
|
T
|
T
|
-
|
-
|
|
Fedegoso – Sena
obtusifolia |
T
|
-
|
M
|
T
|
T
|
T
|
T
|
|
Grama-seda – Cynodon
dactylon |
T
|
-
|
T
|
S
|
S
|
-
|
-
|
|
Guanxuma - Sida rhombifolia |
T
|
-
|
S
|
T
|
T
|
-
|
-
|
|
Joá-bravo – Solanum
sisymbriifolium |
T
|
-
|
T
|
T
|
T
|
-
|
-
|
|
Joá-de-capote – Nicandra
physaloides |
-
|
-
|
S
|
T
|
T
|
-
|
-
|
|
Maria-pretinha – Solanum
americanum |
T
|
-
|
M
|
T
|
T
|
S
|
-
|
|
Mentrasto – Ageratum
conyzoides |
T
|
S
|
S
|
T
|
T
|
S
|
T
|
|
Mentruz – Lepidium
virginicum |
T
|
-
|
S
|
T
|
T
|
S
|
-
|
|
Mostarda – Sinapis
arvensis |
T
|
-
|
S
|
T
|
T
|
-
|
S
|
|
Nabiça – Raphanus
raphanistrum |
T
|
S
|
S
|
T
|
T
|
S
|
T
|
|
Picão-preto – Bidens
pilosa |
T
|
S
|
S
|
T
|
T
|
S
|
M
|
|
Poaia branca– Richardia
brasiliensis |
S
|
S
|
T
|
T
|
T
|
M
|
T
|
|
Serralha – Sonchus
oleraceus |
T
|
S
|
S
|
T
|
T
|
M
|
T
|
|
Tiririca-amarela – Cyperus
esculentus |
T
|
-
|
T
|
T
|
T
|
-
|
T
|
|
Tiririca-roxa – Cyperus
rotundus |
T
|
-
|
T
|
T
|
T
|
M
|
T
|
|
Trapoeraba – Commelina
virginica |
T
|
-
|
T
|
T
|
-
|
-
|
-
|
|
Trevo – Oxalis
spp. |
T
|
T
|
T
|
T
|
T
|
-
|
-
|
|
(*) 1 = trifluralin; 2 =
napropamide ; 3 = metribuzin; 4 = fluazitop- P; 5 =Clethodim; 6 = Flazasulfuron;
e 7 = Quizalofop – P – ethyl .
(**) T= tolerante; S=
suscetível; M= medianamente suscetível; - = informações não disponíveis.
|
|
DOENÇAS E METODOS DE CONTROLE
Muitas doenças tem sido
relatadas atacando o tomateiro, causando grande redução da produtividade e da
qualidade do produto. O conhecimento da etiologia, da sintomatologia e dos
métodos gerais de controle permite a identificação precoce e o tratamento
preventivo das doenças. Para isso, recomendam-se vistorias freqüentes na
lavoura, procurando identificar as anomalias como crescimento deficiente,
murcha, manchas, mofos etc.
Agentes causadores
de doenças:
Bactérias
Fungos
Vírus
Nematóides
Distúrbios fisiológicos
Doenças causadas por bactérias
- Cancro-bacteriano (Clavibacter
michiganensis subsp. Michiganensis).
É pouco freqüente em
tomateiro rasteiro, comparativamente ao tomateiro envarado, certamente em
função do menor manuseio. Os sintomas de infecção sistêmica são a murcha
total ou parcial da plantas e descoloração vascular. A infecção localizada se
caracteriza por queima das bordas dos folíolos, pequenos cancros cor de palha
(Figura 1), facilmente observáveis nos pedúnculos, e manchas do tipo
olho-de-perdiz nos frutos (Figura 2).
- Mancha-bacteriana (Xanthomonas
campestris pv. vesicatoria).
Esta doença é
favorecida por temperaturas mais altas (20 a 30°C). Apresenta sintomas
foliares bastante semelhantes aos da pinta-bacteriana (Figura 3). Nos frutos,
porém, as lesões são maiores, mais claras e mais profundas que as da
pinta-bacteriana (Figura 4). Também provoca queda de flores quando o ataque
ocorre por ocasião do florescimento.
- Pinta- bacteriana (Pseudomonas
syringae pv. Tomato).
Também conhecida por
mancha-bacteriana pequena ou pústula-bacteriana, é muito freqüente em
condições de temperaturas amenas (18a 24°C) e alta umidade. Ataca toda a
parte aérea da plantas. É primeiramente observada nas folhas baixeiras, na
forma de pequenas manchas necróticas de coloração marrom, normalmente
circundadas por um halo amarelo. Os sintomas são mais característicos nos
frutos, com a formação de pontuações negras superficiais, que podem ser
arrancadas com a unha (Figura 4). O ataque durante a floração pode provocar
intensa queda de flores.
- Murcha-bacteriana (Pseudomonas
solanacearum).
Associada a solos muito
encharcados e à alta temperatura, esta doença é mais problemática no verão e
em regiões de clima mais quente. A bactéria pode permanecer por vários anos
no solo. O sintoma principal é a murcha da planta (Figura 5), de cima para
baixo, a partir do início da floração, permanecendo as folhas verdes. A parte
inferior do caule se toma amarronzada e ocorre a exsudação de um pus
bacteriano quando se faz o "teste-do-copo". O teste consiste em
colocar um pedaço de caule da plantas suspeita em um copo com água. Em caso
positivo, observa-se a exsudação de um pus bacteriano na água.
- Talo-oco ou podridão mole
dos frutos (Erwinia spp.).
Doenças causadas
principalmente por Erwinia carotovora subsp. carotovora e por E.
chrysanthemi. Esta última ocorre em locais com temperaturas mais
elevadas. Essas bactérias são as responsáveis pelas podridões em tomate (Figura
6). A bactéria penetra através de ferimentos, daí a importância de controlar
os insetos que provocam furos nos frutos. Requer temperatura e umidade
elevadas para se tornar problema de importância econômica.
O controle das doenças
bacterianas é feito por meio de práticas culturais como as citadas na Tabela 1, aliando-se, sempre que possível, a utilização de
variedades resistentes.
Outros agentes
causadores de doenças:
Fungos
Vírus
Nematóides
Distúrbios fisiológicos |
Tabela 1. Principais medidas
de controle de doenças bacterianas em tomateiro. |
Recomendação
|
Doenças
|
Pinta bacteriana
|
Mancha bacteriana
|
Cancro bacteriana
|
Murcha bacteriana
|
Talo-oco podridão de frutos
|
1) Plantar sementes de
boa qualidade e/ou tratar previamente as sementes |
++
|
++
|
++
|
-
|
-
|
2) Plantar cultivares
resistentes |
++
|
+
|
+
|
+
|
-
|
3) Não plantar próximo
a lavouras velhas de tomate |
++
|
++
|
++
|
+
|
+
|
4) Evitar excesso de
nitrogênio (usar adubação equilibrada) |
-
|
-
|
+
|
+
|
++
|
5) Evitar ferimentos na
plantas (mecânicos, insetos) |
-
|
-
|
+
|
+
|
++
|
6) Reduzir o volume de
água e / ou melhorar a drenagem do terreno. |
++
|
++
|
++
|
++
|
++
|
7) Pulverizar com
fungicidas cúpricos ou antibióticos |
++
|
++
|
++
|
-
|
+
|
8) Eliminar plantas
doentes |
+
|
+
|
-
|
+
|
-
|
9) Fazer rotação de
cultura |
+
|
+
|
+
|
++
|
+
|
O controle de insetos e
ácaros do tomateiro não se restringe apenas ao controle químico ou biológico.
Um manejo eficiente é obtido com a adoção das seguintes recomendações:
Adotar rotação de
culturas.
Destruir os restos
culturais imediatamente após a colheita.
Manter a lavoura livre de
plantas daninhas e outras hospedeiras de insetos e ácaros.
Utilizar cultivares mais
adaptadas à região.
Essas medidas requerem
uma mudança de atitude dos produtores que, em conjunto e de forma organizada,
devem:
Concentrar os plantios em
cada microrregião no mais curto espaço de tempo.
Utilizar os insumos
recomendados de maneira racional, coordenada e articulada, de modo que os
problemas comuns à cultura sejam enfrentados por todos ao mesmo tempo.
Desinfestar
sistematicamente os vasilhames e os meios de transporte, para reduzir as
condições de disseminação das pragas entre regiões.
Fazer inspeções
periódicas das áreas de produção, dando especial atenção às bordas dos campos e
aos locais onde há maior incidência de plantas daninhas, pulverizando essas
áreas.
Obedecer às recomendações
de controle dos insetos e ácaros quanto ao produto, dosagem, horário e
freqüência de pulverizações.
Principais Pragas do
Tomateiro
Traça-do-tomateiro
Mosca branca
Ácaros
Larva minadora
Tripes
Pulgões
Lagarta-rosca
Broca grande
Broca pequena
Lagarta-militar
Burrinho
Traça-do-tomateiro
(Tuta absoluta)
Ocorre durante todo o
ano, especialmente no período mais seco, quase desaparecendo em períodos
chuvosos. Lavouras irrigadas por aspersão convencional ou por pivô central são
menos danificadas do que as irrigadas por sulco. A irrigação por aspersão
derruba os ovos, larvas e pupas, reduzindo o potencial de multiplicação do
inseto.
Biologia
Os ovos são colocados nas
folhas, hastes, flores e frutos. São elípticos, de cor branca, e se tornam
amarelados ou marrons. As larvas eclodem três a cinco dias após a postura . São
de cor branca ou verde. Após a eclosão, penetram imediatamente no parênquima
foliar, nos frutos ou nos ápices das hastes, onde permanecem por oito a dez
dias, quando se transformam em pupas. A fase de pupa dura de sete a dez dias e
ocorre principalmente nas folhas ou no solo e, ocasionalmente, nas hastes e
frutos. Os adultos são pequenas
mariposas de cor cinza, marrom ou prateada, medem aproximadamente 10 mm de comprimento
e podem viver até uma semana. Acasalam-se imediatamente após a emergência, voam
e ovipositam predominantemente ao amanhecer e ao entardecer.
Danos
Os danos são causados
pelas larvas, que formam minas nas folhas e se alimentam no interior destas.
Podem destruir completamente as folhas
do tomateiro e tornar imprestáveis os frutos , além de facilitar a
contaminação por patógenos.
Controle cultural
As medidas mais
eficientes de controle visam interromper o ciclo biológico do inseto, como a
destruição e incorporação dos restos culturais.
Controle químico e seletividade de produtos
O controle químico é a
prática mais utilizada por agricultores. As opções de inseticidas recomendados
para o controle da praga estão listados na Tabela 1. As pulverizações devem ser
iniciadas quando o inseto for constatado na área. No caso específico do
Abamectin, sua mistura com óleo mineral na dosagem recomendada torna-o mais
eficiente no controle de larvas. Considera-se bom o manejo que, ao final do
ciclo, resulte em no máximo 10% de frutos danificados.
COLHEITA E
TRANSPORTE
O período necessário para
maturação dos frutos depende da cultivar, do clima da região, do estado
nutricional e da quantidade de água disponível para as plantas. Plantas
submetidas a estresses tendem a reduzir o ciclo. A maioria das cultivares
plantadas no Brasil são colhidas com aproximadamente 110 a 120 dias após a
germinação ou 90 a 100 dias do transplante
Colheita manual de tomate
A colheita manual é
geralmente feita em duas etapas. A primeira, quando 70% a 80% de frutos estão
maduros e a segunda, cerca de dez a quinze dias após a primeira colheita.
É possível realizar a
colheita em uma única etapa, utilizando-se cultivares de maturação concentrada,
desde que o período de maturação coincida com dias quentes e não ocorra excesso
de fornecimento de nitrogênio. Pode-se também acelerar a maturação dos frutos
reduzindo as irrigações após transcorridos aproximadamente 90 dias da
germinação, e/ou quando cerca de 20% dos frutos encontram-se maduros. A decisão
de fazer uma segunda colheita irá depender do preço do tomate e da quantidade
de frutos a serem colhidos nessa etapa, levando-se sempre em conta que os
custos da segunda colheita são maiores e que a qualidade do produto é inferior.
Se a lavoura estiver com
maturação muito irregular, não se deve esperar o amadurecimento da maioria dos
frutos, pois as pencas inferiores podem apodrecer. Nesse caso, faz-se a
primeira colheita antes que se inicie o apodrecimento dos frutos das primeiras
pencas. Na segunda colheita, parte dos frutos ainda está verde ou em fase de
maturação, exigindo maior vigilância para que não se ultrapassem os limites
mínimos de qualidade, principalmente quanto à presença de frutos com
escaldadura, amarelados, verdes e podres.
Colheitas antecipadas
para evitar o apodrecimento de frutos ou para destinar parte da produção para o
mercado de fruto in natura têm o inconveniente de causar uma exposição
dos frutos remanescentes à radiação solar direta, o que resulta em escaldadura
dos mesmos, prejudicando a qualidade.
Quando se opta por
executar a colheita em única etapa, cada colhedor deve trabalhar com duas
caixas, para recolher separadamente os frutos imaturos, que devem ser mantidos
à sombra por 5 a 10 dias e, depois, reclassificados.
A colheita deve ter
início nos carreadores, procedendo-se simultaneamente o deslocamento das ramas
dos carreadores para cima dos canteiros (penteamento), deixando livre o
carreador para o transito de veículos e de pessoas.
Os operários devem ser
distribuídos em grupos de cerca de 30 pessoas, comandados por um fiscal
encarregado de contabilizar a produção, fazer o controle de qualidade, orientar
os operários para não danificarem as plantas e controlar a distribuição da
caixaria. As caixas usadas na colheita são do tipo Cruzeiro, com capacidade
para 20 a 22kg.
Colheita mecanizada
Atualmente, a maior parte
da colheita vem sendo feita com colheitadeira mecânica. Os equipamentos
atualmente em uso no Brasil são automotrizes que cortam as plantas rente ao solo,
sendo a parte aérea recolhida e os frutos destacados por meio de intensa
vibração. Essas colhedeiras têm, em média, capacidade para colher cerca 15
toneladas por hora, o que corresponde a aproximadamente 3,0 ha/dia.
O uso de cultivares com
porte determinado, com maturação concentrada e com frutos firmes contribui para
o sucesso da colheita mecanizada. As cultivares mais indicadas para esse tipo
de colheita devem apresentar maior capacidade de permanência em campo, folhagem
sadia, frutos firmes e baixa percentagem de frutos podres ao atingirem o
estádio de maturação.
Atenção deve ser dada
para a escolha, limpeza da área e preparo do solo, que não pode conter pedras,
tocos e outros objetos que possam danificar o equipamento, pois as lâminas de
corte trabalham junto à superfície do solo.
A colheita mecanizada
reduz a qualidade da produção, por causar mais danos aos frutos e resultar em
maior acúmulo de impurezas junto ao produto colhido, quando comparado à
colheita manual. Além disso, as colhedeiras necessitam de um bom serviço de
assistência técnica e manutenção para perfeito funcionamento.
Do ponto de vista
sanitário o uso da colheita mecanizada é vantajoso, pois diminui o trânsito de
pessoal e de caixas nas lavouras, diminuindo a disseminação de pragas e
doenças. A colheita mecanizada também favorece a programação da colheita, pois
além de depender de um menor número de pessoas, não depende da disponibilidade
de caixas de plástico para armazenamento e transporte da produção.
Transporte
O transporte do tomate
nas principais regiões produtoras é feito a granel . O transporte a granel
facilita a descarga nas fábricas, reduzindo o gasto com mão-de-obra, e os
custos de aquisição, transporte e manuseio das caixas. Entretanto, o transporte
a granel exige que a cultivar possua frutos menos sujeitos a danos mecânicos
para minimizar perdas.
Apesar da maior parte da
produção de tomate para as indústrias processadoras ser feito a granel, este
meio de transporte resulta em perdas para o produtor e para as indústrias. A
perda referente ao produtor é decorrente da drenagem do suco, geralmente feita
antes da pesagem; e da indústria, é resultante da perda de suco de frutos
amassados na água de descarga e nas piscinas.
Além da perda
quantitativa o transporte a granel também reduz a qualidade da matéria prima,
pois os frutos amassados são facilmente contaminados por fungos e bactérias.
Destruição dos restos da cultura
Imediatamente após a
colheita deve-se providenciar a destruição dos restos culturais, por meio de
aração, visando impedir a proliferação de pragas e doenças. Porém, antes dessa
operação é necessário descompactar polo menos as faixas dos carreadores, usando
subsoladores. Na indisponibilidade de equipamentos, enleirar e queimar os restos
culturais.
Qualidade
O tomate destinado ao
processamento deverá apresentar coloração vermelho-intenso, uniforme, sem
pedúnculo, fisiologicamente desenvolvido, maduro, limpo, com textura da polpa
firme e avermelhada, livre de danos mecânicos e fisiológicos e de pragas e
doenças. No entanto, a presença de frutos com defeitos é tolerada dentro dos
(limites estabelecidos através da portaria nº 278, de 30 de novembro de 1988,
do Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento.
Além dos cuidados com a
qualidade, na primeira colheita devem ser ainda observados os seguintes pontos:
não colocar as caixas sobre as plantas, não revolver as plantas em demasia, não
permitir que os operários transitem sobre os canteiros e se assentem sobre as
plantas
Quando o transporte for
feito a granel, o carregamento deve ter início quando existir uma quantidade de
caixas cheias que permita completar a carga do caminhão. Essa operação deve ser
feita o mais rapidamente possível, para que seja evitada compactação excessiva
das camadas inferiores de frutos. O período entre o início do carregamento e a
descarga na indústria deve ser o menor possível.
Ao lado da carroceria do
caminhão são colocados suportes metálicos removíveis, que servem de sustentação
para uma tábua de aproximadamente 60 cm de largura e 2 m de comprimento, onde
ficam dois operários que recebem as caixas cheias e as derramam dentro da
carroceria. É condenável a colocação de operários dentro da carroceria para
esvaziar as caixas, devido aos danos por pisoteio.
Quando se realiza a
colheita manual em duas etapas, na segunda colheita, parte dos frutos ainda
estão verdes ou em fase de maturação, exigindo maior vigilância para que não se
ultrapassem os limites mínimos de qualidade, principalmente quanto à presença
de frutos com escaldadura, amarelados, verdes e podres.
PROCESSAMENTO
O sistema agroindustrial
do tomate no País é caracterizado por uma cadeia agroalimentar formada por
quatro segmentos funcionais, sendo a industrialização propriamente dita a que
compreende a indústria de transformação primária e a indústria de transformação
secundária que se integram e se complementam .
Transformação Primária
Estrutura e Organização
O segmento de
transformação primária, que consiste na obtenção de produtos intermediários
destinados ao posterior processamento e/ou à fabricação de produtos formulados,
não é padronizado, e o modelo adotado encontra-se em fase de transformação.
Como parte dessas transformações, observa-se a relocação das indústrias processadoras
tradicionais e a implementação de novas companhias junto às atuais fronteiras
agrícolas que estão sendo abertas na Região do Cerrado, englobando Minas Gerais
e Goiás.
A presença de pequenas
empresas independentes no setor ainda não é dominante, mas as atualmente
existentes têm se equipado com tecnologia moderna, visando otimizar o processo
industrial, com o propósito de atender às demandas do mercado nacional e
internacional.
A pouca qualidade da
matéria-prima, a baixa produtividade agrícola e a má localização de algumas
plantas industriais são os principais entraves para a melhoria do nível de
desempenho do setor.
O Brasil apresenta
algumas vantagens comparativas em relação à maioria dos países do Mercosul em
termos de fatores edafoclimáticos e de estrutura de produção. Nos últimos dez
anos vem ocorrendo grande evolução do segmento produtivo brasileiro, que vem
abandonando um modelo com forte verticalização da produção, em detrimento de
modelos em que ocorre a formação de complexos agroindustriais fornecedores de
produtos semi-industrializados para as indústrias de alimentos formulados.
Entretanto, o País apresenta ainda algumas desvantagens quando comparado com
países como o Chile, principalmente com relação ao custo de produção.
Em termos de Mercosul, as
atenções se voltam para a possibilidade de parcerias com o Chile, pois o
Uruguai e o Paraguai não têm condições de operar, no presente momento, no
segmento da cadeia produtiva do tomate. Na Argentina, o cultivo do tomate
industrial não conseguiu, até o presente momento, atingir níveis de
competitividade.
No segmento de
transformação secundária (produtos acabados) vem ocorrendo grande
diversificação de produtos derivados do tomate, procurando-se adequar as linhas
de produtos às reais necessidades do público consumidor. Desse modo, a
fabricação de produtos mais concentrados vem sendo gradativamente substituída
pela de produtos menos concentrados e mais sofisticados em termos de
ingredientes e de sabor, tais como sucos temperados e molhos condimentados,
contendo tomate cubeteado ou triturado. Esses tipos de produtos visam atender a
mercados com público mais exigente e com gosto mais diversificado.
O segmento de produtos
acabados é complexo, pois além de atuar em área de grande competitividade em
qualidade e preço, depende diretamente do desempenho do setor agrícola.
Entretanto, sabe-se que o setor agrícola não tem condições de atender, em curto
prazo, grandes demandas em termos de qualidade e de produtividade.
Fluxograma do Processo de produção
de polpa concentrada
PRODUÇAO DE SEMENTES
A produção de sementes das
cultivares mais plantadas no Brasil é feita pelas próprias companhias
processadoras e por algumas instituições de pesquisa e companhias de sementes.
Muitas vezes as sementes são produzidas por pessoal inabilitado e apresentam
baixa qualidade. Por isso, a produção de sementes deve ser orientada por
pessoal técnico especializado.
A produção de sementes
exige os seguintes cuidados:
Origem da semente: Utilizar sementes básicas ou
fiscalizadas provenientes de firmas idôneas, com qualidades genética, física,
fisiológica e sanitária comprovadas;
Escolha
da área: Preferir
regiões com temperaturas amenas e de baixa umidade relativa do ar;
Isolamento: Observar a distância mínima de 20
m entre cultivares;
Espaçamento: Aumentar o espaçamento para 1,50
x 0,20 m, visando facilitar as inspeções de campo e a eliminação das plantas
indesejáveis ("roguing");
Produção de Sementes
Híbridas: Atualmente
quase que a totalidade das cultivares de tomate destinadas à agroindústria é
híbrida. Alguns procedimentos durante a produção de sementes híbridas são descritas
a seguir:
- Progenitores: Realizar a semeadura do
progenitor masculino uma a duas semanas antes do progenitor feminino,
garantindo assim o fornecimento pleno de pólen por ocasião da abertura das
flores a serem polinizadas (progenitor feminino). Em geral, uma planta do
progenitor masculino produz pólen suficiente para polinizar cinco a seis
plantas do progenitor feminino;
- Coleta de pólen: O pólem deve ser coletado de
flores fechadas (estádio de botão), utilizando um vibrador, e
acondicionado em micro-tubos Eppendorf. Caso haja necessidade de
armazenamento do pólen por algumas semanas, os micro-tubos devem ser
acondicionados em recipientes de alumínio contendo sílica gel e
armazenados em refrigerador à 5°C;
- Polinização: Flores ainda fechadas do
progenitor feminino devem ser previamente emasculadas, retirando com
cuidado, e com auxílio de pinça, as anteras. As mesmas são polinizadas
manualmente e após, são etiquetadas ou recebem um corte nas sépalas para
identificação dos cruzamentos e posterior colheita dos frutos polinizados.
Inspeções de campo: Realizar o maior número de vezes
possível, e no mínimo três: 1) no estádio de crescimento vegetativo; 2) no
início do florescimento e 3) no período de maturação dos frutos. Observar as
características da planta, hábito de crescimento, características de flores e
frutos, eliminando-se as plantas atípicas;
"Roguing":
Eliminar as
plantas com sintomas de doenças transmissíveis por semente e eliminar plantas
atípicas (fora do padrão da cultivar). No caso de híbridos, eliminar os frutos
não provenientes do cruzamento que estiverem no progenitor feminino.
Colheita: Colher somente frutos bem
formados, completamente maduros, sem defeitos graves e sem sintomas de doenças.
No caso de híbridos, colher somente os frutos provenientes do cruzamento.
Extração de sementes: Geralmente realizada por
equipamentos específicos, que trituram os frutos e separam as sementes da
polpa. A Embrapa Hortaliças dispõe de um modelo próprio de extrator, à
disposição dos interessados;
Fermentação: Colocar as sementes e o líquido
placentário em vasilhames de plástico ou de madeira, por um período de 24 a 48
horas, dependendo da temperatura. A remoção da mucilagem também pode ser feita
pela adição de ácido clorídrico comercial a 36%, diluído em água (1:2),
utilizando a proporção de 30 ml da solução para 400ml de suco de tomate,
durante 30 minutos.
Lavagem: Após a fermentação natural ou
tratamento químico, lavar as sementes em água corrente;
Secagem: Secar as sementes em estufas de
circulação forçada de ar, à temperatura de 32 °C no início da secagem e à 42 °C
no final da secagem, até atingirem a umidade de 6%, adequada para
acondicionamento em embalagens impermeáveis;
Beneficiamento: Passar as sementes por máquinas
de ar e peneira ou sopradores, eliminando assim impurezas, como restos de
película e placentas. É interessante retirar os tricomas, que é a pilosidade
que envolve o tegumento. Para isto, pode ser utilizado o
"desaristador" comumente utilizado para sementes de cenoura;
Tratamento das
sementes: Em
condições experimentais, a mistura Iprodione + Thiram (Rovrim) e Metalaxyl
(Apron), na dosagem de 200g i.a/100 kg de sementes, tem dado um bom controle do
tombamento, sem causar fitotoxidez às sementes.
Avaliação da qualidade
das sementes:
Cada lote de semente deve ser amostrado e submetido aos testes de germinação e
pureza exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Os
testes de emergência das plântulas em campo, velocidade de emergência ou o
teste de envelhecimento acelerado podem avaliar o vigor das sementes. Neste
último, recomenda-se o período de 72 horas em uma temperatura de 42°C. O teste
de sanidade avalia a incidência de microorganismos associados às sementes.
Produtividade: A produtividade ou relação
fruto/semente varia de 0,2% a 1,0%, ou seja, para cada tonelada de fruto
obtém-se 2 a 10 kg de sementes, dependendo da cultivar. Resultados obtidos no
CNPH indicam produtividades variando de 60 a 70 kg/ha (IPA 5, IPA 6) a 200-280
kg/ha (Calmec, Rossol).
Coeficientes técnicos
Ítem
|
Unidade*
|
Semeadura direta
|
Plantio por mudas
|
1. Insumos |
Sementes |
kg
|
2,0
|
0,2
|
Mudas |
mil
|
-
|
30,0
|
Calcário |
t
|
4,0
|
4,0
|
Fórmula 4-30-16 |
t
|
1,5
|
1,5
|
Nitrocálcio |
kg
|
250,0
|
250,0
|
FTE BR-12 |
kg
|
80,6
|
80,6
|
Yoorin master |
kg
|
400,0
|
400,0
|
Inseticida de solo |
kg
|
30,0
|
30,0
|
Inseticidas |
L
|
7,0
|
7,0
|
Óleo mineral |
L
|
4,0
|
4,0
|
Fungicida |
Kg
|
25,0
|
25,0
|
Espalhantes adesivo |
L
|
5,0
|
5,0
|
Herbicidas |
L/kg
|
3,0
|
3,0
|
2.
Mecanização |
Limpeza da Área |
K/m
|
1,0
|
1,0
|
Gradagem pesada |
H/m
|
2,0
|
2,0
|
Aração |
H/m
|
3,0
|
3,0
|
Gradagem leve |
H/m
|
2,0
|
2,0
|
Aplicação de calcário |
H/m
|
2,0
|
2,0
|
Encanteiramento adubação |
H/m
|
2,0
|
2,0
|
Plantio / Transplante |
H/m
|
3,0
|
2,0
|
Colheita mecanizada |
H/m
|
4,0
|
4,0
|
Controle fitossanitário |
H/m
|
13,0
|
10,0
|
Transportes diversos |
H/m
|
13,0
|
20,0
|
3.
Mão-de-obra |
Semeadura |
D/h
|
2,0
|
-
|
Plantio/transplante – manual
|
D/h
|
-
|
14,0
|
Desbaste |
D/h
|
10,0
|
-
|
Irrigação |
D/h
|
20,0
|
20,0
|
Pulverização |
D/n
|
15,0
|
12,0
|
Capina |
D/h
|
5,0
|
5,0
|
Adubação de cobertura |
D/h
|
4,0
|
4,0
|
Colheita manual |
D/h
|
60,0
|
60,0
|
4.
Energia/ Irrigação |
Kwa
|
2500,0
|
2500,0
|
* h/m = horas de serviço de máquina
|
GLOSSARIO
A
Abortamento de flores – queda das flores sem formação
de frutos, causada por falta de polinização ou por temperatura elevada.
Adsorção – capacidade do solo em fixar íons,
de forma que o nutriente se torna pouco disponível para a planta.
Agrotóxico – defensivo agrícola; substância
utilizada na agricultura com a finalidade de controlar insetos, ácaros, fungos,
bactérias e ervas daninhas.
Anomalia – irregularidade, anormalidade.
Aspersão – aplicação de água ou outro líquido,
em forma de pequenas gotas aplicadas simultaneamente em várias direções.
B
Bandejas de isopor – estruturas retangulares de
poliestireno expandido (isopor), contendo furos piramidais onde são colocados
substrato para produção de mudas.
Brix (graus Brix) – medida de teor de açúcares
solúveis, obtida por meio de refratômetro.
C
Cálcio – elemento mineral essencial para o
crescimento dos vegetais.
Carreador – trilha dentro da lavoura, por onde
passam as máquinas para pulverização e colheita.
Cerrado – vegetação típica da região do
planalto central do Brasil.
Clorose – deficiência de clorofila no
tecido foliar, que se torna amarelado.
Cobertura foliar – índice de cobertura do solo
pelas folhas da planta cultivada.
Consistômetro – Equipamento para medir
consistência de polpa.
Controle biológico – utilização de organismos vivos
para controlar organismos indesejáveis.
Controle químico – utilização de produtos químicos
para o controle de organismos indesejáveis.
Coração preto – necrose interna no fruto,
geralmente relacionada com deficiência de cálcio.
D
Desbaste – eliminação de plantas
excedentes, visando uniformizar o espaço a ser ocupado por cada planta.
Deficiência
nutricional –
insuficiência de absorção de nutrientes.
E
Empulpamento – formação de pulpa, que é uma das fases do crescimento de insetos.
Encanteirador – equipamento dotado de enxada
rotativa, utilizado para fazer o destorroamento e o levantamento do canteiro.
Ervas daninhas – plantas indesejáveis que crescem
em um área cultivada.
Escaldadura – queimadura do fruto por excesso
de temperatura, geralmente causada pela exposição excessiva ao sol.
Escleródios – estrutura de reprodução do
fungo Sclerotinia, se forma dentro do caule da planta atacada e tem
formato de fezes de rato.
Esclerotínia ou
podridão-de-esclerotínia – doença também conhecida como mofo branco, causada pelo fungo Sclerotinia.
Estande – número de plantas por unidade
de área.
Evapotranspiração – quantidade de água que se perde
por evaporação, mais a água que passa pelos processos fisiológicos da planta.
F
Fertirrigação – utilização da água de irrigação
como veículo para aplicação de fertilizantes.
Fotoperíodo – efeito do número de horas com
luz, sobre o florescimento das plantas.
Fundo preto – mancha necrótica situada na
extremidade do fruto, geralmente relacionada à deficiência na absorção de
cálcio e à irregularidade no suprimento de água para a planta.
G
Geminivírus – doença causada por vírus do
grupo Tospovirus.
Gotejamento – distribuição localizada de água
de irrigação, por meio de gotejadores.
H
Herbicidas – produtos químicos utilizados no
controle de ervas daninhas.
Híbridos – sementes produzida por meio de
cruzamentos direcionados.
I
Inseticidas – produtos destinados ao controle
de pragas "insetos".
Insumos – conjunto de material utilizado
na produção. Exemplo: fertilizante, mudas, embalagens, combustível.
J
Jointless (sem joelho)- ausência da camada
de abcisão no pedúnculo do fruto, o que favorece a retenção do pedúnculo na
planta, destacando-se o fruto sem o mesmo.
L
Lâmina de água - quantidade de água aplicada por
unidade de área, expressa em altura da lâmina. Um milímetro de lâmina é igual a
um litro por metro quadrado.
Larva – uma das fases de crescimento de
insetos.
Lixiviação – movimento de minerais no perfil
(camadas) do solo, provocado pela infiltração de água.
Lóculo aberto- rachadura geralmente
longitudinal profunda no fruto, relacionada à deficiência do nutriente Boro.
M
Manejo – conjunto de práticas que devem
ser implementada simultaneamente, visando atingir o máximo de resultado.
Exemplo: manejo de pragas, manejo cultural.
Maria-pretinha – uma das principais plantas
daninhas encontradas em lavouras de tomate, devido às dificuldades no seu
controle.
Molibdênio – elemento mineral exigido em
pequena quantidade, mas essencial para o crescimento dos vegetais.
Murcha – redução na turgescência das
plantas, que pode ser causada por ataque de patógenos que dificultam a
circulação da seiva, por excesso de transpiração ou por falta de água no solo.
N
NaOH – Hidróxido de sódio.
Necrose – morte com ressecamento do
tecido do vegetal.
Nematóides – organismos filamentosos que
atacam geralmente as raízes das plantas.
Ninfa – Fase secundária do
desenvolvimento de insetos.
O
Ombro-amarelo – distúrbio fisiológico relacionado
com excesso de temperatura. O tecido localizado na proximidade do pedúnculo
torna-se amarelado e com polpa endurecida.
P
Pedúnculo – pequena haste que suporta uma
flor ou um fruto.
Pegamento: a) de fruto ou de flor – quando
ocorre a formação do fruto, ou seja, o não abortamento da flor, b) da muda –
quando a planta transplantada retoma o crescimento no local definitivo.
Pinta-preta – mancha foliar causada pelo fungo
alternária.
Pivô central – equipamento de distribuição de
água de irrigação.
Plantas daninhas – veja ervas daninhas.
Podridão apical – veja fundo preto.
Polpa – parte carnosa dos frutos.
Polpa concentrada – polpa triturada e parcialmente
desidratada.
Pós-colheita – período que vai da colheita ao
processamento.
Precipitação – volume ou lâmina de água de
chuva ou de água de irrigação.
Pulverização - aplicação de líquidos em
pequenas gotas.
Pulpa – uma das fase de crescimento de
insetos.
R
Rachadura – rompimento da casca (periderme) do
fruto, que pode ser no sentido radial ou longitudinal.
Requeima – denominação dada à doença
causada pelo fungo Phytophthora infestans.
Resistência varietal - é a reação de defesa de uma
planta, resultante da soma dos fatores que tendem a diminuir a agressividade de
uma praga ou doença; esta resistência é transmitida aos descendentes.
Rotação de cultura – alteração da espécie a ser
cultivada no ciclo seguinte ao da lavoura atual.
S
Semeadura ou semeio – distribuição das sementes.
Subsolagem – operação que visa movimentar
camadas profundas do solo, para quebrar camadas compactadas.
T
Talo-oco – podridão no caule, geralmente
causada pelo ataque de bactéria Erwinia.
Topo-amarelo – sintoma de doença causada por
vírus.
Transplantadeira – equipamento utilizado para realizar
o transplante de mudas.
Transplante – transferência de um planta (ex.
muda) para o local definitivo.
Tratamento de sementes – aplicação de produtos que vise
proteger a semente do ataque de pragas e patógenos ou melhorar sua capacidade
de produzir uma planta normal.
Trichogramma – inseto utilizado no controle
biológico de pragas.
U
Umidade relativa – quantidade de vapor de água
contido no ar, medido em porcentagem em relação ao máximo de vapor que aquele
ambiente pode conter (saturação).
V
Vermiculita – mineral submetido ao tratamento
térmico para se expandir, se tornando útil no condicionamento de substrato para
promover a drenagem e arejamento.
Vira-cabeça – sintoma de doença causada por
vírus.
X
Xanthomonas – bactéria que causa manchas em
folhas, flores e frutos.
Z
Zinco – mineral nutriente essencial
para o crescimento das plantas.